Dissecando a carreira do Software Engineering Specialist (Staff, Principal e Distinguished Engineer)

Walter Rodrigues
casasbahiatech
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6 min readAug 18, 2022

A carreira do especialista é uma polêmica aqui no nosso país. Muitos já ouviram falar, mas não existe um "material oficial" destrinchando os papéis, responsabilidades e direcionamentos do que estudar e próximos passsos. Além disso, alguns materiais que encontramos por aí, muitos estão listados em outro idioma. Desta forma, a ideia é apresentar algo em primeira mão, com nosso idioma nativo e acessível a todo público (Devs, Arquitetos, Engenheiros, CTOs, CEOs e principalmente áreas de Pessoas/RH) dando um pouco mais de detalhe do especialista aqui no Brasil.

Até mesmo para aqueles estão atuando no papel nos dias atuais, ainda existem algumas dúvidas do que estudar, quais as atribuições, expectativas do papel e possibilidades. E digo mais, para aqueles que ainda estão passando pelos níveis de júnior, pleno e sênior, muitos não têm a visibilidade dos próximos passos de carreira e como perseguir cargos de liderança técnica, mas como papel de um especialista. Nos próximos parágrafos vou aprofundar sobre o papel do especialista. Quem são? Onde vivem? Do que se alimentam! Vamos lá?

Voltando ao tempo, mais precisamente em 2008, lembro que algumas empresas como bancos, não viam o profissional técnico como uma pessoa estratégica e essencial para rampar os negócios e alcançar excelentes resultados em sua produção de softwares. A terceirização de código reinava naqueles tempos e com isso tínhamos diversos problemas, pois todo core estratégico de software estava fora do nosso alcance e desenvolvidos por fábricas de software (estas que possuíam uma rotatividade grande de profissionais no mercado).

Para piorar, o profissional que gostava do técnico, ao evoluir na carreira como júnior, pleno e sênior, o próximo passo de carreira era quase sempre direcionado a um cargo de coordenação, além deste profissional ser forçado a parar de olhar código ou mesmo discutir qualquer coisa que envolvia o técnico. E claro que isso acarretou muitos problemas, como por exemplo, bons profissionais que tinham hard skill elevados, mas que não tinham habilidades de gestão de equipes, boa comunicação, influência, gestão de conflitos e diversos outros softs skills necessários para exercer o papel com propriedade. Falo citando meu próprio exemplo. Iniciei minha carreira como desenvolvedor, mas por ter algum tipo de articulação com pessoas, boa comunicação, fui direcionado para a gestão funcional num cargo de coordenação, mas confesso que fui um coordenador frustrado. Alguns anos nesta posição me mostraram que eu estava ficando super obsoleto e não fazendo o que eu mais amava, que era estar mergulhado no técnico, discutindo e direcionando estratégia e soluções. Tive um choque de carreira, parei o que estava fazendo e voltei para refinar os hards skill que estavam todos bem ultrapassados.

Mas o que estava faltando? Muitos anos depois, o mundo da TI mudou bastante e acabamos nos espelhando em outros mercados de fora e passamos a entender um pouco mais outras possiblidades depois do sênior, como por exemplo, consigo ter um nível de coordenação, mas sendo um especialista de nível 1, onde meu hard skill tem um peso maior do que o soft. É basicamente fazer o que gosta, porém agora num nível pensador.

Na ilustração abaixo, temos a visão geral das possibilidades que temos no mercado de trabalho. Desde o início da jornada, até os passos pós-sênior. Este modelo é uma visão adaptada e simplificada de estudos de mercado, vivências deste conhecimento com outros especialistas e managers das maiores empresas do Brasil e algumas de fora (Estados Unidos, Irlanda, Portugal). Este modelo não é um padrão de mercado, pois muitas empresas tem variações de cargos, nomenclaturas e afins, porém, já da um bom norte das possibilidades mais comuns que conseguimos encaixar nestes estudos realizados.

Figura 1 Possibilidades na carreira do Software Engineer

E como se tornar um Especialista ?

Dica 1:

Primeiramente precisamos refletir qual é o tipo de especialista que queremos ser? Uma dica seria pensar em como nós, lideres técnicos, formamos e escalamos novas pessoas para fazer o que fazíamos bem como sênior ? É aqui que nos tornamos pensadores e deixamos o nível operacional.

Dica 2:

Importante lembrar que a partir de papéis táticos, acabamos nos distanciando um pouco mais do código do dia a dia. Não da para sair atuando 100% nas atividades do backlog do time, pois isso acabará tirando autonomia de quem esta abaixo (infantilização de times) e te sobrecarregando de trabalhar um pouco mais na estratégia.

Nossa cabeça deveria ser direcionada a desbravar novas possibilidades e começamos a ser mais pensadores, evangelizadores. Seria como ir desbravando um mundo com melhores padrões para experimentarmos e utilizarmos em nossos times, enquanto o time está ali no dia-dia trabalhando na evolução do produto. Lembre-se que estas novas atividades acabam te tomando tanto tempo que naturalmente você acaba distanciando do operacional do dia-dia. Precisamos sempre focar em reduzir a carga cognitiva. Gastar energia no que realmente importa para o que o nosso papel direciona.

Dica 3 * infalível *:

Como se manter atualizado e sendo referência como especialista? Aqui é onde precisamos equilibrar o hands-on, portanto, precisamos estar um pouco mais em alto nível nos hards skills, seja puxando PoCs, Academys, Hackatons, Meetups, certificações (processo de estudo para certificação) e afins para não nos tornarmos obsoletos nos hards skills e consequentemente especialistas frustrados por não colocar a mão na massa. Não tem jeito, o especialista passa a ter novos tipos de entregáveis, como por exemplo: Uma ideia, um desenho de arquitetura, um direcionamento, um insight, capacitação, combater um problema em que ninguém nunca passou por aquela situação, rampar times técnicos e outras atividades pertinentes.

Definição do Spec

Antes de mais nada, quando mergulharmos em algum assunto, é sempre importante entendermos as definições/ recomendações. A definição mais comum e apropriada encontrada, é que o especialista é uma pessoa especializada em determinado âmbito do conhecimento ou em alguma coisa em específico; PERITO; ZIKA !

Na prática, de acordo com a vivência, estudos e benchmarks com algumas empresas e colegas de mercado, precisamos escolher algumas das capacidades de hard skills para sermos perito e diversas outras para ser generalista (estes hards skills serão detalhados mais abaixo em cada papel do spec), vide imagem abaixo:

Figura 2 Dia-dia do especialista na prática

Níveis de atuação

Importante dar uma olhada na distribuição organizacional do estratégico, tático e operacional comum nas empresas, onde é olhado para a rota que a empresa quer percorrer no longo prazo, até o nível de detalhe das atividades para entender e atender aquele objetivo estratégico. É aqui que precisamos balizar aonde entram os especialistas e como contribuem no atingimento da estratégia.

Figura 2.1 Entendendo o nível de atuação no estratégico, tático e operacional mais comum nas empresas

Finalmente chegou a hora de entrarmos um pouco mais no detalhe dos três papeis mais discutidos no mercado do especialista. Embaixo traremos visão geral de cada papel baseada em uma organização que atua no modelo de squads, tribos, unidade organizacional, assim como um detalhamento dos softs skills e hards skills necessários para execução do papel, práticas e problemas encontrados.

Para mais informações e o restante do conteúdo, acesse: https://walterrx.com.br/mentoria-tech-elite-staffplus/

Agradecimento aos envolvidos direta ou indiretamente na discussão que gerou este material

Gabriel Peixinho, Edson Portilho, Luiz Pais, Fernando Henrique, Igor Freitas, Rodrigo Bianchi, Pedro Delmano, Fabio Pereira, Thiago Mendes, Thiberio Menezes, Bruno Giannella, José Ribeiro, Levi Bertolino, Fernando Rebouças, Wagner Souza, Alfredo Fonseca.

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Walter Rodrigues
casasbahiatech

Distinguished Engineer at Via, Hands-On Software Architect | Professor | 2 MBAs (Software Engineering / DevOps & Integration Architecture)