Como foi minha transição pra liderança

Daniela Medeiros
casasbahiatech
Published in
4 min readOct 20, 2022

Em algum momento do passado, eu escrevi um artigo sobre qual caminho escolher e por onde você poderia começar a compreender melhor o trajeto.

Agora eu venho falar mais sobre o caminho que eu escolhi, expandindo um pouco da minha experiência como nova liderança.

Transição silenciosa

Foi uma surpresa descobrir que eu já tinha começado a assumir responsabilidades de liderança antes mesmo de ouvir que eu iria assumir o cargo. Eu acredito que foi tão natural que eu simplesmente estava ali, fazendo o que precisava fazer, e não que estava sendo preparada pra algo maior.

Atividades como me aproximar mais da equipe pra descobrir desafios, levar soluções pra problemas que o time tinha, propor processos melhores de trabalho e estar mais no dia a dia do time, me fizeram aceitar melhor a transição que veio depois. Mesmo que tenha precisado de um pouco de reflexão.

Olhando pra trás, realmente acredito que foi uma forma de ver se eu topava o desafio sem me assustar com o título e o peso, que a minha liderança entendeu que, naquele momento, eu não saberia lidar.

Ilustração de uma mulher de cabelos verdes, subindo com um foguete nas costas
Cooper by Getilustrations

O começo, oficial

Eu comecei a minha transição, oficialmente, em junho de 2022. Lembro que foi um momento de muita ansiedade pra mim — e não é aquela ansiedade boa.

Eu vivi semanas muito nebulosas, questionando a minha capacidade como designer, como liderança, o que aquilo significava pra mim e questionando até a sanidade mental do meu gestor — coitado por me aguentar, risos, deveria estar ficando louco de me promover. Eu não acho que era bem a reação que ele esperava de alguém que estava ganhando uma nova posição.

Eu não me sentia nem um pouco pronta e tudo parecia um erro naquele momento.

No dia em que eu fui anunciada para o time de forma oficial, eu vivi momentos de profundo terror. Eu só queria fugir, realmente acreditando que eu não seria capaz de executar e cuidar daquelas pessoas.

Eu precisei de algum tempo de reflexão pra entender que muitas das responsabilidades que eu estava assumindo, eu já fazia antes. A diferença é que, agora, eu iria fazê-las de forma oficial. E foi isso que me causou o pânico…

No outro artigo, eu comentei que ser analítico sobre si, faz muita diferença e este é o melhor exemplo disso. Eu só consegui entender a minha insegurança, porque resolvi olhar pra minha situação e o impacto que aquilo causava.

A dor do primeiro mês

O primeiro mês dessa nova etapa, foi marcado por uma luta constante entre a minha capacidade de duvidar de mim mesma e acreditar que eu era capaz e preparada.

Em algumas situações, você consegue reconhecer rapidamente um plano de ação e, em outras, é necessário algum tempo e ajuda pra decidir o melhor caminho. Eu pedi e ainda peço muita ajuda, sem nenhuma vergonha, porque acredito que estar em transição e ser uma nova liderança é justamente isso.

E até deu… Até que eu tive que enfrentar desafios novos, devido às férias do meu gestor. E eu não vou mentir pra você: foi desesperador.

Um desespero à toa, eu devo dizer. Completamente movido por ansiedade e insegurança. Porque apesar de alguns momentos que tive de dúvida, todo mundo sobreviveu — hoje eu falo rindo, mas só eu sei como foi, risos! Consegui lidar com os problemas e desafios que surgiram e tomar as decisões que cabiam em cada momento.

A luz no fim do túnel

Essa terapia de choque de ter meu gestor saindo de férias, foi o que me fez virar a chave. Ali, eu comecei a entender que eu tinha potencial e a acreditar nas decisões que eu tomava. Eu precisei de algum tempo pra me acostumar com a nova posição e com todos os ônus e bônus que ela me trazia.

Sempre pensei que líderes tinham muita certeza das decisões tomadas, quase como se tivessem nascido pra fazer aquilo e, descobrir que não é nada assim, me deu tranquilidade.

Conviver com mais lideranças é importante, porque desmistifica muito o papel que a gente idealiza disso. É uma posição importante, muitas vezes difícil, mas que não precisa ser dolorosa e carregada de medos e ansiedade.

Inclusive, é uma escada mais fácil de subir se tiver alguém pra te ajudar e te aconselhar, pra que não precise ser tão solitário e pra que as quedas sejam assistidas 🤗

Esse texto faz parte de uma série. Confira a primeira parte.

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