Uma breve percepção de como melhorar nossas habilidades profissionais

Girorme
casasbahiatech
Published in
8 min readDec 28, 2022

TL;DR
Quanto mais você sabe o que está acontecendo quando você chama uma função (qualquer uma), melhor programador você é (Rodrigo Strauss)

A citação acima foi retirada de um artigo que li a muito tempo atrás, que foi escrito pelo Rodrigo Strauss, escovador de bits, que é um dos fundadores do grupo C e C++ Brasil, que sem dúvidas, através dos seus artigos motivou muita gente a se aprofundar de verdade no mundo da computação.

Deixarei a referência mencionada no final (no momento está disponível apenas via archive.org).

AIdeia por trás desse artigo é simples: trazer a tona algumas reflexões que me ajudaram a evoluir como programador e pessoa e fazer um paralelo com alguns temas relevantes que certamente irão te despertar alguma curiosidade.

O artigo do Strauss reforça um ponto: “precisamos saber além do óbvio em programação para sermos programadores acima da média”

Sem dúvidas essa ideia pode ser estendida para mais áreas e é aqui que começamos nossa jornada: o contraste entre aprender e se aprofundar em qualquer coisa…

Prólogo

Certa vez estudando algum tema dentro da psicologia vi algo que fazia muito sentido: um estudo sobre o aprendizado. Dentro desse assunto existia algumas variações de pesquisa mas a maioria sempre seguia o caminho da questão:

  • Como explicar o ciclo da aprendizagem?
Ideia sobre o ciclo de aprendizagem

Incompetência inconsciente

  • Aqui você não sabe que um determinado assunto/tema existe, logo: você possui incompetência inconsciente em determinado contexto

Incompetência consciente

  • Você passa a conhecer o tema, logo: Agora sabe que o tema existe mas não domina / se tentar ir sozinho no mesmo provavelmente irá falhar (sem problemas) ou não, você pode até se sair bem

Competência consciente

  • Depois de certo tempo você passa a conhecer o tema, aprende-o e tem um certo esforço para executar / lembrar do mesmo mas você tem a competência e consegue fazer o que deveria

Competência inconsciente

  • Aqui você conhece o tema, executa a atividade qualquer que seja e nem percebe mais, você já está ou logo estará em um nível de excelência nesse assunto caso se aperfeiçoe (O exemplo do carro é muito utilizado: No início precisamos fazer tudo de forma consciente em um carro manual, trocando as marchas no câmbio e apertando embreagem mas com o tempo executamos essas etapas com facilidade de forma inconsciente)

Se acha que a competência custa caro, experimente a incompetência (Miguel Monteiro)

Provocação: Como você pode aprender algo que simplesmente não sabe que existe?

Só sei que não sei o que não sei
Só sei que não sei o que não sei

Muitas vezes nos pegamos trabalhando com ferramentas no automático, executando o trabalho do dia-a-dia, que é normal oras, isso não faz de ninguém um vilão ( ̶a̶ ̶n̶ã̶o̶ ̶s̶e̶r̶ ̶q̶u̶e̶ ̶v̶o̶c̶ê̶ ̶e̶s̶t̶e̶j̶a̶ ̶f̶a̶z̶e̶n̶d̶o̶ ̶c̶o̶i̶s̶a̶s̶ ̶e̶r̶r̶a̶d̶a̶s̶ ̶x̶D̶). Ferramentas essas que foram desenvolvidas por outras pessoas e que facilitam demais nossa vida… e pode ser que você já tenha se pego pensando: “Eu deveria estudar mais X coisa, vo colocar na agenda pra dar uma olhada depois”… mas ai vem aquela vontade de descansar depois do trabalho (vida de adulto 🤷‍♂), as distrações ou até msm o pensamento confortável: Depois eu vejo, acho que o que eu já sei é o suficiente…

Resposta curta:

  • Pode não ser o suficiente…

Resposta longa:

Quanto mais souber do funcionamento / esqueleto do tema em que trabalha / pretende se profissionalizar mais você será notado e certamente irá usufruir dos benefícios disso em algum momento.

Supondo que você seja um programador que faz sistemas para web e alguém te faz a pergunta: O que acontece quando abrimos o navegador e digitamos um site na barra de endereços? (Se você não é um programador, pense aqui em qualquer questão fundamental da sua área de atuação)

Você saberia responder essa pergunta? Com qual nível de detalhes? Se fosse questionado os detalhes mais “íntimos” desse processo, do inicio da ação, até chegar do outro lado, o quão é natural para você é explicar esse processo? Daqui acho que já deu pra entender um pouco a idéia do artigo certo?

“Como explicaria esse conhecimento para uma criança?”

Certamente você não precisa saber de tudo de um determinado contexto se está começando agora: primeiro porque nem sempre existe a necessidade de saber tal conhecimento (qualquer um) e geralmente a necessidade desse conhecimento aparece quando você menos espera ( ̶A̶q̶u̶e̶l̶a̶ ̶f̶e̶a̶t̶u̶r̶e̶ ̶q̶u̶e̶ ̶s̶e̶u̶ ̶c̶h̶e̶f̶e̶ ̶m̶a̶n̶d̶a̶ ̶v̶o̶c̶ê̶ ̶e̶s̶t̶u̶d̶a̶r̶ ̶e q̶u̶e̶ ̶v̶c̶ ̶n̶u̶n̶c̶a̶ ̶v̶i̶u̶ ̶n̶a̶ ̶v̶i̶d̶a̶). Talvez a incompetência consciente venha a tona quando você estiver estudando ou resolvendo qualquer problema que não tem relação com “isso” e de repente você passa a conhecer mais de 10 assuntos diferentes, antes desconhecidos, todos esses com seu nível de importância e que agora fazem parte do seu roadmap de estudos ( ̶e̶n̶q̶u̶a̶n̶t̶o̶ ̶v̶o̶c̶ê̶ ̶l̶i̶a̶ ̶e̶s̶s̶e̶ ̶p̶a̶r̶á̶g̶r̶a̶f̶o̶ ̶1̶0̶ ̶l̶i̶b̶s̶ ̶J̶S̶ ̶f̶o̶r̶a̶m̶ ̶c̶r̶i̶a̶d̶a̶s̶).

Essas incompetências inconscientes emergentes geralmente colaboram com aquele pensamento antigo: “Quanto mais sei, mais sei que não sei

Então, Dito isso… Como podemos elucidar nossas incompetências inconscientes e sair do outro lado? Existe alguma forma de vencer essa luta infinita?

1 — Você conhece sua ferramenta de trabalho?

Você é programador? Trabalha com Java? Scala? Ou quem sabe é um engenheiro de testes, que cria cenários complexos de validações usando as mais diversas ferramentas. Digo mais: Você tem o papel de scrum master? Conduz cerimônias, capacita pessoas e transmite conhecimentos sobre agilidade? Podemos ir para o outro lado também: Você é tech manager e impacta dezenas ou até centenas de pessoas? Como suas mensagens chegam nas pessoas?

Quais ferramentas você usa no dia a dia para facilitar a sua vida? Você sabe os detalhes que fazem essa ferramenta ter sucesso? Ou até mesmo já se perguntou porque tantas pessoas estudam essa ferramenta? Quais as motivações dos criadores?

Você já pensou em contribuir com a evolução dessa ferramenta? Se estivermos falando de uma linguagem de programação por exemplo esse ponto pode ser um pouco ousado… mas o que você tem de diferente das pessoas que criaram essas ferramentas? Você ao menos conhece as pessoas responsáveis por ela? Qual o caminho que seguiram para criar algo que gostamos / usamos tanto?

Vale lembrar que uma ferramenta não precisa ser um software escrito por alguém. Podemos pegar qualquer metodologia de comunicação ou até mesmo cerimônias executadas dentro da agilidade… Todas essas são ferramentas, entregues de forma diferentes, executadas de alguma maneira, recebidas de formas diferentes por um ser humano, então podemos aplicar esse pensamento do conhecimento aprofundado em qualquer coisa que queremos ser melhores…

Quando tornamos essas “bordas” de conhecimentos conscientes passamos a perceber que um “mero” detalhe pode solidificar de forma significativa nosso entendimento sobre qualquer coisa (digo mais: as vezes percebemos, que o que achávamos que era a borda, na verdade é o core da coisa)

2 — Você reserva tempo para aprimorar o conhecimento necessário?

Na sua rotina você deve passar por N assuntos, seja esse um software ou uma técnica de comunicação como citado no ponto 1. Com qual frequência você procura se atualizar nesse dado assunto? Você reserva pelo menos 30 minutos em dias espaçados da semana? Não é comum nos impressionarmos com pessoas falando de assuntos que “entendemos” de uma forma totalmente diferente, com detalhes que se quer sabemos. Certamente essa pessoa se esforçou um pouco mais nos detalhes bobos que não damos atenção: “vo colocar na agenda pra depois xD”…

3 — Como melhorar nossas habilidades em um determinado assunto?

Obviamente existem técnicas infinitas para melhorar alguma habilidade e não conseguiríamos colocar tudo em um artigo porém não precisamos ir tão longe para fazer o que sabemos que funciona:

  • Siga as pessoas que estão por dentro do tema. Não importa o quão antiga é a tecnologia / assunto: Sempre vai existir uma comunidade com seguidores (̶m̶e̶s̶m̶o̶ ̶q̶u̶e̶ ̶a̶ ̶c̶o̶m̶u̶n̶i̶d̶a̶d̶e̶ ̶t̶e̶n̶h̶a̶ ̶a̶p̶e̶n̶a̶s̶ ̶1̶0̶ ̶p̶e̶s̶s̶o̶a̶s̶,̶ ̶c̶e̶r̶t̶o̶ ̶e̶x̶t̶j̶s̶?̶ ̶#̶h̶u̶m̶o̶r̶)
  • Estude as coisas que parecem mero detalhes nesse contexto, certamente essas te revelarão mais alguns temas que deve deixar no radar (um detalhe interno, um fato curioso, etc)
  • Adicione o assunto em sua agenda com mais frequência (livros, eventos, cursos, etc)
  • Papo de coach: 10/20 minutos de qualquer assunto por dia pode fazer toda a diferença em um ano

4 — Como ser minimamente notado ou simplesmente se destacar em algum assunto?

Se você é o sujeito que quer ter notoriedade em X assunto saiba que você precisa ser lembrado quando as pessoas falam desse X (Aqui estou parafraseando um vídeo do nosso amigo Elemar Jr.).

Vamos refletir: Você escreve muito sobre um determinado assunto ou simplesmente deixa as pessoas saberem que você gosta muito sobre um tema: Automaticamente quando esse assunto surgir você será mencionado ou até mesmo consultado (seja por colegas de empresa / família e amigos) ou no mínimo as pessoas irão lembrar de você…

Então podemos pegar essa pequena dica e usar como direcionador de carreira / reconhecimento. Como?

  • Escreva sobre o tema e deixe as pessoas saberem
  • Se não gosta de escrever: compartilhe conteúdos relacionados e deixe claro seu interesse
  • Fale com mais pessoas que falam com outras pessoas e deixe claro que gosta de determinado assunto (as outras pessoas saberão do seu interesse. Isso dentro de uma empresa pode ser até outro setor/time)

Não é raro a gente ter pessoas referências em mente apenas lembrando de palavras chaves:

  • linguagem de programação X (quem te lembra?)
  • Uma buxa com kafka/banco/cache/qualquer coisa (que pessoa ou setor vem a sua mente quando o bixo pega e você precisa de ajuda?)
  • Preciso de dicas em como ser um melhor gestor (Quem faz esse papel e você admira? Certamente você lembrará de alguém…)

Então o ponto aqui é sobre comunicação e como você deixa claro para as pessoas seu interesse. Pense um pouco agora: Você é lembrado quando comentam sobre o assunto que vc curte? Se seu nome deveria fazer parte dessa discussão e não está lá certamente você precisa deixar as pessoas mais conscientes disso através da sua comunicação (Veja o vídeo do Elemar Jr. nas referências)

A importância de reconhecer a legitimidade em quem não quer ser uma referência

Agora vamos ao outro lado da moeda…

Você não quer e não pretende virar referência em algum assunto e está confortável?

  • Tudo bem! Ninguém deve ter julgar por isso e se existe alguém julgando: O problema está em quem te critica não em você!

Quando começamos a nos comparar com algumas pessoas acabamos entrando no estado: FOMO. Que é o tal do (fear of missing out) que é a sensação de estarmos sendo deixados de lado em situações onde não estamos: estudando direto, sempre postando um artigo, criando repositórios, etc. Literalmente a sensação que não estamos fazendo o que deveria (A ansiedade coletiva e pressa de resultado aumentou muito esse sintoma nas pessoas nos últimos anos (recomendo ler mais sobre)).

Então aqui a mensagem principal é: Faça as coisas e faça no seu tempo. Quer virar referência em algo? Vá pra cima! Ou não, pelo contrário, quer ficar apenas na sua e curtindo o conhecimento tranquilamente? Faça-o!

Ser expert em um assunto leva tempo, então não se prenda ao ritmo de outras pessoas, apenas deixe fluir.

é isso…

Referência

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