The Old Guard (2020) | Crítica

Danilo Monteiro
Viajante Paranoide
Published in
3 min readJul 12, 2020

Título: The Old Guard (2020, EUA). Direção: Gina Prince-Bythewood.
Roteiro: Greg Rucka. Com: Charlize Theron, Kiki Layne, Matthias Schoenaerts, Marwan Kenzari, Luca Marinelli, Chiwetel Ejiofor, Harry Melling, Veronica Ngo, Anamaria Marinca, Joey Ansah.

Observação: há leves spoilers no texto.

Admito que estava levemente animado para ver The Old Guard, adapatação da HQ homônima de Greg Rucka, com Charlize Theron no papel principal. Depois de sua atuação em filmes como Mad Max: Estrada da Fúria (2015) e Atômica (2017), ela se provou uma grande estrela de ação. No entanto, foi uma pena constatar que nem o carisma de Theron pôde salvar este filme de ser completamente genérico.

A produção começa nos dias atuais, onde Andy (Charlize Theron) lidera um grupo mercenário numa missão requisitada por James Copley (Chiwetel Ejiofor) para resgatar crianças de um país africano. No fim, tudo não passa de uma cilada e o segredo do bando é exposto: todos são guerreiros imortais que vivem escondidos há séculos. O grupo então decide voltar à obscuridade, mas não sem antes tentar recrutar a novata Nile Freeman (Kiki Layne).

A diversidade é um dos pontos fortes da produção. É animador ver um elenco composto por novos e diferentes rostos, com atuações uniformemente boas. O destaque é Theron, excelente como sempre, que compõe uma personagem desiludida com a humanidade. As cenas de ação são bem coreografadas e, na maior parte, funcionam. Há apenas uma cena de luta num prédio abandonado francês que mais parece um videoclipe e estraga o ritmo do filme.

No entanto, representatividade não se resume apenas a colocar um elenco diverso, principalmente se poucas das cenas representam de fato pessoas reais. Do que adianta colocar uma cena de afeto entre dois homens se os personagens não têm nenhuma tridimensionalidade? Em vez de mostrar uma cena entre Andy e uma desconhecida pra mostrar sororidade, que tal ilustrar isso ao longo do filme na relação dela com a co-protagonista? Cenas que são bem-vindas devido ao seu conteúdo, mas que são completamente dispensáveis para a narrativa.

Isso exemplifica que um dos grandes problemas do filme é o roteiro. Rucka, responsável pela adaptação, parece não saber traduzir a própria obra para a telona. A sensação que passa é que a produção deveria ser uma série de TV porque não há tempo suficiente para desenvolvimento dos personagens. Com exceção de Andy e Nile, nenhum outro personagem tem um arco bem definido e as motivações são previsíveis. Além disso, o vilão interpretado por Harry Melling é genérico e não oferece nenhuma ameaça real.

Outro problema de The Old Guard é a inverossimilhança de suas situações. Um exemplo disso é uma cena em que Theron entra numa área fortemente militarizada, sai de lá com uma refém sem nenhum arranhão e ninguém a persegue. Todo o clímax envolve um tiroteio num prédio comercial, mas não há senso de urgência, pois aparentemente não há polícia nesse universo. É tudo bagunçado demais.

Apesar de ter uma protagonista carismática e boas cenas de ação, The Old Guard falha ao não explorar o elenco secundário de forma devida e de acreditar que um punhado de cenas soltas compõe uma boa história.

Nota: 2 de 5 estrelas.

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