Viajar sem falar inglês: Impossível?

Pra ser direta: Não, não é impossível viajar sem saber falar inglês ou qualquer outra língua. Mas não pare de ler ainda por já ter tido a resposta. Vamos pensar e conversar um pouco mais sobre isso…

Existem quase 7.000 mil línguas no mundo; tudo bem que o inglês é uma das línguas universais, mas a maioria dos países não têm o inglês como língua oficial e mesmo nos países que ele é a segunda língua não são todas as pessoas que a falam. Sendo assim, a menos que fossemos super poliglotas e falássemos muitas dessas línguas, sempre estaríamos limitados de conhecer vários lugares por não ter uma ou outra língua.

E não é assim. O mundo é gigantesco, e cada cantinho merece e pode ser explorado. Não ter uma língua não é impedimento pra nada. A regra é a mesma pra qualquer linguagem.

A comunicação não é só feita de linguagem verbal. Estudos mostram que apenas 7% da comunicação é feita com palavras. 38 % com a tonalidade da voz e 55 % é feita através de linguagem corporal. Na prática das viagens isso significa mímicas, gestos, uso do google tradutor (risos).

Saemy, um rapaz beduino que conheci num deserto no Egito. Não sei nem que língua ele fala, mas nos comunicamos muito, ele super me ajudou, tirou várias fotos de mim e comigo e marcou a minha vida

Como já adiantei nos meus posts anteriores, eu saí do Brasil sem falar quase nada de Inglês. Um dos objetivos da minha viagem era justamente esse: aprender ou ao menos melhorar muito o domínio da língua. Meus primeiros países eram de língua espanhola. Que eu já conheço e gosto bem mais. Então foram mais fáceis pra mim, até porque é uma língua muito mais parecida com o Português, e mesmo se não soubermos nada não será impossível entender algumas coisas e sair muita coisa no conhecido “Portunhol”.

Atividades com crianças na Colômbia

E da mesma forma que me virei nos países que falam inglês, me virei nos países que falam árabe, francês, italiano, esloveno, alemão e por aí vai… A gente dá um jeito. Eu apontava, eu mostrava foto, eu fazia gestos.

Quando eu chegava num país eu pesquisava palavras básicas daquela língua, tipo “obrigada”, “por favor”, “bom dia”, “ desculpa”. E depois de um “não falo a sua língua, desculpa” eu tentava sempre sorrir e dava tudo certo.

Uma vez, numa cidade no norte do Egito, nada turística, ganhei meu dia de tanta alegria e orgulho por conseguir comprar o café da manhã exatamente como eu queria, sem saber o nome de praticamente nada. Apontei pro que estava exposto, mostrei foto no meu celular do que não estava; entreguei uma nota maior do que imaginava que era. Recebi meu prato, meu troco e fui comer meu falavel, hommus, e deliciosos pães sírios com tanta felicidade por ter me desafiado e conseguido. Se eu tivesse inglês alí, não tinha mudado nada, o meu desafio teria sido o mesmo porque as pessoas só falavam árabe.

No meu segundo trabalho voluntário, meu trabalho era falar sobre culturas e problemas mundiais pra adolescentes na Itália. O problema era que as aulas deveriam ser EM INGLÊS. Isso mesmo, eu daria aula numa língua que eu não dominava, na verdade, que mal falava quase nada. Eu estudava por mim mesma, e me comprometi com esse desafio, justamente pra me cobrar melhorar. Foi fácil? De jeito nenhum. Eu chorei várias vezes, senti muito medo, muita ansiedade de não conseguir, errei muitas coisas, improvisei outras e recebi muita ajuda. E no fim consegui, decorei muitas coisas que tinha que falar, mostrava vídeos, slides com palavras pra eu ler e apontar; e passava a mensagem que eu queria ( ao menos eu tentei).

Eu no meio de uma das turmas que ministrei as aulas na escola italiana

E essa é a essência : tentar, criar formas de comunicar, se desafiar, tentar melhorar. Mas o mais importante não deixar de fazer as coisas por medo, de não ser suficiente, por não ter isso ou aquilo, incluindo a língua. É perder a vergonha e o medo, e tentar…

Não quero dizer com isso que aprender um idioma novo não é importantissimo. É sim, o meu aproveitamento da viagem foi ficando melhor quanto mais eu desenvolvia meu inglês. Eu pude aprofundar conversas com pessoas que pensavam tão diferentes de mim. Pude construir amizades, entender culturas, discutir religião, modos de pensar e de viver. Passava por menos perrengues e frios na barriga…

Se você tem vontade, comece a estudar e aprender uma nova língua sim, sendo ela japonês, alemão, inglês ou hindi… aprenda, se esforce, se desafie…

Mas também se comunique com o olhar, com as mãos, com o sorriso… Nada é um impedimento para vivermos boas experiências, para conhecer lugares incríveis, para interagirmos, pra trocarmos conhecimentos com pessoas diferentes de nós, que pensam e se comunicam diferente.

Quero compartilhar muito mais histórias engraçadas, perrengues e muito da minha experiência com vocês. Mas principalmente espero que tenha te ajudado a não se limitar mais… Embarque nessa viagem com a gente que vamos viver e experimentar muito mais! Siga nosso perfil no Instagram e fique por dentro.

Quer saber sobre os novos artigos, receber e-books e muito mais experiências e conhecimentos? Se inscreva! Clique aqui.

--

--

Juliana Freitas …………#arquitetaviajante #RTWdajuh
viajarsemcomplicacoes

Architect and urbanist traveling around the world in 2018 and sharing their perceptions, their feelings and experiences.