Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos registra 30 mil denúncias envolvendo violência doméstica contra mulheres
O primeiro semestre de 2022 registrou 169.676 violações aos direitos humanos de mulheres
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Isabel Cristina é uma das administradoras do grupo Basta de Violência Contra as Mulheres, no Facebook. O grupo conta com mais de 13 mil membros e suas postagens se misturam entre muitas notícias sobre o assunto, denúncias, mensagens de apoio e conscientização e memes. Isabel já foi vítima de violência. “Sofri agressão por parte do meu pai há 7 anos. Hoje não nos falamos mais”, contou ela.
Segundo o Instituto Maria da Penha, violência psicológica contra a mulher é qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da autoestima; prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento da mulher; ou vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões. A psicóloga Ariane Soares diz que essas mulheres podem desenvolver depressão, ansiedade, alterações no sono, distúrbios alimentares e pensamentos suicidas por causa desse tipo de violência.
O Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos divulgou um dado afirmando que no primeiro semestre de 2022, a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos registrou 31.398 denúncias e 169.676 violações envolvendo a violência doméstica contra mulheres.
Isabel revela que uma das formas que ela atua no grupo do Facebook é apoiando decisões dessas mulheres, postando mensagens otimistas e casos reais que terminam de forma positiva. “Mas nem todas gostam de falar suas histórias”, lembrou ela.
A psicóloga comenta que existem casas de acolhimento para mulheres que são vítimas desse tipo de violência, e o autor da violência não fica sabendo onde são. “Essas casas abrigos ofertam atendimentos psicológicos e de assistência social. Muitas vezes, em decorrência da situação socioeconômica essas mulheres não tem acesso a atendimentos de psicoterapia”, disse Ariane.
Ariane comenta que é preciso olhar as relações de poder entre homens e mulheres na sociedade para entender a questão, e que não é possível reduzir a violência cometida por homens a um tipo de transtorno. “Vivemos em uma sociedade patriarcal-machista-capitalista-racista onde há uma desigualdade social entre homens e mulheres e ocorrem as relações de poder. Reduzir um sujeito e sua conduta a um transtorno não é a coisa mais adequada a se fazer quando falamos sobre violências e masculinidades”, disse ela.
Para Isabel, a situação durante a pandemia de covid-19 agravou a situação. “O que já era ruim ficou horripilante”, afirmou ela.
Ariane explica o problema durante a pandemia. “No momento de quarentena, todos tiveram que se manter em distanciamento social. Esse movimento permitiu que as mulheres ficassem longe de suas redes de apoio e mais próximas dos autores de violência”, explicou Ariane.