Olhando para o retrovisor

Maysa Bleinroth
Maysa Bleinroth
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2 min readJul 7, 2014

Dói ver seus próprios mitos perdendo lugar para o mundo real.Ver os amigos de “sempre” se tornarem esporádicos e alguns até sumirem.
Perceber que os assuntos, antes intermináveis, não parecem mais fazer sentido algum.
As semelhanças, que eram tantas, somem e ao final notamos, meio sem jeito, que em comum só há memórias.Tem sido complicado aprender a usar mais o “por enquanto” que o “para sempre”.Ter as responsabilidades do mundo e sentir falta do cheiro da infância.
Há dias que me torno adolescente de novo. Não tomada por nenhuma grande poesia, mas pela saudade.
E pela preguiça, que ela é o maior vestígio que a adolescência deixa na gente.Há dias em que quero juntar os velhos amigos, refazer o pátio da escola, a cantina, o canto da sala… São tantas saudades: cheiros, gostos, sorrisos que só os que viveram podem compreender.Me vejo no retrovisor, olhos mareados, deixando para trás o que foi inesquecível.
Vivemos dizendo que adolescentes são tontos, mas nós, definitivamente, fomos muito felizes.
Tropeçamos juntos, choramos, bebemos mais do que populações de países inteiros e crescemos…
Ser adulto talvez signifique deixar as lembranças no retrovisor e olhar mais para o vidro da frente, talvez não.
Algumas coisas simplesmente deixam de fazer sentindo, mas não deixam de representar algo extremamente grandioso em nossas vidas.

É tão bom revê-los, é tão bom lembrar juntos. Olharmos juntos para um futuro que é tão diferente para cada um de nós.
Acho que essa dor que sinto, essa saudade imensa, é a prova de que vocês foram os melhores companheiros para a jornada mais insana, difícil e maravilhosa que já passei: minha adolescência.

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