Breve resenha pessoal sobre o show do Blitzkrieg em SP

Igor Natusch
VIL METAL
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4 min readNov 18, 2015

(NOTA: Esse texto não diz praticamente nada sobre o show propriamente dito, ocorrido em 15/nov/2015 — apenas traz o setlist, no pé da página. Os shows de Jess Cox e U.D.O., então, eu nem comento aqui. Quem busca informações sobre a apresentação em si precisará procurar em outro lugar, eu acho. Obrigado!)

Alan Ross, Bill Baxter e Brian Ross em SP (a foto é minha mesmo)

Estava lembrando agora de manhã de uma antiga resenha de show na Rock Brigade, coisa de 1997 por aí, em um show do King Diamond (ou do Mercyful Fate, mas acho que era o Rei Diamante mesmo) em SP. A resenha em si pouco me impressionou, mas nunca esqueci o encerramento do texto, no qual o jornalista cita o grito de um dos presentes (e cito literalmente, termo chulo e tudo mais): Metal é saúde, pratique essa porra.

Mais ou menos na mesma época, eu era um razoavelmente isolado fã adolescente de heavy metal em Porto Alegre. Claro que haviam, como sempre houve e ainda existem, muitos fãs de metal na cidade e no RS como um todo — mas eu era, já naquela época, mais interessado no metal oitentista do que quase todo o resto. O resgate saudosista dos últimos anos, facilitado pela abençoada troca fácil de informações pela internet, era inexistente na segunda metade dos anos 90. Se cheguei atrasado para o cenário metal dos anos 80, acabei sendo um saudosista antes da hora. Ou seja, tinha muito pouca gente com quem dialogar sobre esse interesse musical.

Uma das minhas bandas favoritas de então era o Blitzkrieg. Liderados pelo incansável vocalista Brian Ross, resistiam a todas as dificuldades e seguiam fazendo metal tradicional há décadas, quase sempre sem qualquer respaldo de mídia ou gravadoras. Consegui uma fita K7 de “Unholy Trinity”, gravada pelo Flávio nos tempos da saudosa Madhouse; na igualmente inesquecível Megaforce, encontrei por acaso um CD “The Mists of Avalon” original e gastei uma grana forte (que eu meio que nem tinha) para levá-lo para casa. Aos poucos, fui juntando CD-Rs dos discos da banda, formando uma coleção ainda precária naqueles tempos ainda pré-explosão da Internet. Fiz uma camiseta da banda por conta própria, copiando o desenho cuidadosamente à mão e serigrafando depois. Usei até que acabasse esfarelada pelo uso. E nem me passava pela cabeça assistir os caras ao vivo, algo tão distante que pertencia ao reino da fantasia.

Corta para 2015. Depois de quase vinte anos, incluindo dois cancelamentos (um deles com passagem comprada, o outro já estando em SP), finalmente o círculo se fechou. Tive que fazer um bate-e-volta quase irresponsável, gastando mais uma vez grana que no fundo eu nem tenho, mas valeu cada centavo. Comprei uma camiseta oficial, que jamais substituirá a antiga — inclusive na prática, já que só tinha tamanho G e jamais servirá em mim, ficando apenas como item de coleção. Mas nessas horas não há espaço para hesitação: a gente tem que aproveitar cada chance de amarrar as pontas soltas da própria história.

De quebra, pude agradecer pessoalmente ao Ken Johnson (guitarrista da banda há mais de uma década) por toda a música, o que parece ter deixado ele sinceramente feliz. Faltou dizer o mesmo ao Brian Ross, claro — mas isso fica para a próxima vez. É sempre bom mantermos algumas metas na vida.

Sinto-me renovado. E aí amarro esse desconjuntado texto de um fã feliz com a citação da resenha da Rock Brigade, outra memória eterna da minha formação musical e humana. Metal é saúde mesmo, gente. Tem mais é que praticar essa porra.

Eu e um pessoalzinho muito do bem ao lado do guitarrista Ken Johnson (centro). Não sei quem fez a foto!
Eu com o INSOFISMÁVEL Jess Cox, primeiro vocalista do Tygers of Pan Tang e um dos maiores responsáveis por manter a NWOBHM relevante por mais de 30 anos. Foto do grande Osvaldo Fernandez!

Setlist:

Ragnarok (intro) / Inferno / Dark City / Armageddon / Pull the Trigger / Hell to Pay / A Time of Changes / Saviour / Back From Hell / Sahara / V / Nocturnal Vision / Buried Alive / Blitzkrieg

VIL METAL — Todas as quintas (19h) e terças-feiras (00h), na Rádio Estação Web. Contate-nos pelo Twitter ou Facebook!

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Igor Natusch
VIL METAL

Jornalista. Ser humano. Testemunha ocular do fim do mundo.