OS 25 MELHORES ÁLBUNS DE 2014 — VIL METAL

Igor Natusch
VIL METAL
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16 min readDec 28, 2014

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Antes de tudo, umas observações breves e simples:

1) A lista reflete exclusivamente a opinião de Igor Natusch — jornalista, escritor, baixista, apresentador do VIL METAL e obcecado pelo Heavy Metal. Não está sendo aplicado aqui nenhum critério científico: é tudo simples gosto pessoal, que deve ser interpretado apenas como uma lista de sugestões incapaz de esgotar o assunto;

2) O ano de 2014 foi excelente para o Heavy Metal: tivemos uma miríade de bons lançamentos, em todos os estilos que se possa imaginar. É óbvio que não fui capaz de ouvir nem um décimo de tudo que foi lançado no mundo, sendo a lista abaixo apenas um recorte de tudo que ouvi. Se você acha que ignorei algum CD importante, sinta-se livre para comentar. De repente eu realmente não ouvi o disco em questão, e vou adorar ter a oportunidade de dar uma conferida;

3) Sim, está faltando muita coisa. Não entrou o novo do Accept, nem o novo Edguy, a volta do Judas Priest, o retorno do Machine Head, o mais recente do Mastodon, o novo CD do Hammerfall, o lançamento do Exodus… Muita coisa, com maior ou menor potencial, ficou de fora. O que, se pararmos para pensar, é uma coisa boa: sinal de que tivemos muita coisa de alta qualidade à disposição. Além disso, eu acho que uma lista dessas não pode ser simplesmente um apanhado de bons álbuns: estamos falando dos discos mais IMPORTANTES do ano, dos mais SIGNIFICATIVOS, dos que serão (ou não) lembrados como emblemáticos para o ano que passou. Eis porque não incluí o novo CD do Accept, por ex: embora eu tenha gostado dele, não acho que “Blind Rage” seja um disco realmente marcante para 2014, embora seja mais um bom trabalho na discografia da banda. Mesma coisa para sei lá, “Space Police” do Edguy — um bom álbum, mas que não deve ser um clássico nem para a carreira da banda nem para o sub-gênero no qual o grupo se encaixa. Não é desonra alguma para esse pessoal: eles já marcaram outros anos, já escreveram seu nome na história com outros lançamentos. Ainda que tenham feito bons trabalhos, acho que 2014 não foi o ano deles, e foi muito mais o ano dessas vinte e cinco bandas que cito a seguir;

4) Não entrou nenhuma banda brasileira, por dois motivos: a) não achei que nenhum CD brasileiro estivesse entre os vinte e cinco melhores (ainda que vários tenham sido muito bons) e b) penso sinceramente que o Brasil ainda não se beneficiou do novo sopro de vida que o Heavy Metal vem experimentando mundialmente nos últimos anos. Pode ser cinismo ou surdez da minha parte, mas não vejo nada realmente pulsante acontecendo a não ser em termos individuais — ou seja, temos ótimas bandas, mas nenhuma cena em ebulição. Em termos de lançamentos, ainda estamos precisando encontrar nossa Renascença — e como ela ainda não veio, penso que vamos precisar de um bom 2015 para que alguns brasileiros consigam entrar nessa lista.

OK, pessoal? Sem mais delongas então, lá vai!

25 — OPHIS — Abhorrence in Opulence (Cyclone Empire Records)

Mesclar death metal com as atmosferas carregadas do doom não é exatamente novidade. Mas essa banda alemã alcançou uma sonoridade incrivelmente funcional em seu terceiro CD, mesclando esses elementos (e adicionando a eles algumas pitadas de drone e black metal old-school) de forma tão coesa que é impossível dizer onde começa um e termina o outro. Cinco longas músicas em mais de uma hora de audição — o Ophis leva o ouvinte em uma viagem tétrica, assustadora e fascinante.

24 — STALLION — Rise and Ride (High Roller Records)

Speed/heavy honesto, irresponsável e sumamente divertido. É isso que esses alemães entregam em pouco mais de 40mins de riffs simples e vocais agudos, com letras falando sobre como ser um headbanger old-school é o máximo e o resto do mundo que se exploda. Não há um pingo de inovação ou maturidade aqui, mas uma banda capaz de escrever um som como “Rise and Ride” (top 5 refrões grudentos de 2014) merece respeito. Se o metal mais tradicional conseguir ser sempre tão honesto assim, a vida longa do estilo estará garantida.

23 — EYEHATEGOD — Eyehategod (Century Media)

Das muitas voltas à ativa de 2014, os heróis do sludge metal norte-americano certamente estão entre as mais significativas. Superando a morte do baterista Joe LaCaze em 2013, o Eyehategod lançou seu primeiro CD completo em 14 anos e mostrou sem margem para dúvidas quem é que manda no coreto. Faixas como “Flags and Cities Bound”, “Trying to Crack the Hard Dollar” e “Quitter’s Offensive” não apenas marcam a retomada do trono como apontam novos caminhos para o Eyehategod e para o sludge em geral. Audição indispensável.

22 — SAVAGE MESSIAH — The Fateful Dark (Earache)

Esses ingleses estão tão badalados que chegaram a ganhar um incentivo do governo britânico para artistas de potencial internacional. Compreensível: o mais recente CD dos caras mostra um power/thrash de alto nível, com muito talento e até certa originalidade nas composições. Em um período de vacas relativamente magras tanto para o power quanto para o thrash metal, o Savage Messiah traz um saudável sopro de novidade ao estilo. Vale a pena acompanhar os desdobramentos da carreira dessa banda.

21 — HIRAX — Immortal Legacy (Steamhammer)

Longe de serem uma novidade na cena (estão por aí pelo menos desde 1984), os caras do Hirax conseguiram um feito com seu novo CD: fazer o speed/thrash que sempre fizeram e ainda assim soando novo, excitante e relevante. Eu ousaria até dizer que esse é o auge dessa banda dos EUA: mesmo sem a aura dos lançamentos oitentistas, “Immortal Legacy” é possivelmente o melhor disco deles e uma das coisas mais poderosas lançadas nos últimos anos dentro do (já um tanto inchado) cenário retrô oitentista. Ouçam!

20 — THOU — Heathen (Gilead Media)

Transitando entre o doom, o drone e outros tantos estilos extremos e depressivos de música, o Thou há tempos vem lançando material de alta qualidade. Mas “Heathen” é certamente o ponto alto dessa prolífica e original banda dos EUA: a atmosfera é ao mesmo tempo ríspida e contemplativa, tratando a angústia de nosso tempo de forma musicalmente sombria, grandiosa e brutal. Um álbum belíssimo em sua sonoridade carregada, “Heathen” é para os que sabem que o mundo está perto do fim — um CD para ouvir e admirar na mesma proporção.

19 — TRIOSPHERE — The Heart of the Matter (AFM Records)

Em um cenário pouco favorável para estilos mais melódicos de metal, o Triosphere pode ser apontado tranquilamente como uma das maiores esperanças do estilo. “The Heart of the Matter” traz um prog metal desencanado do virtuosismo vazio, com composições curtas e emotivas, além de muitas concessões ao famigerado metal melódico. A maravilhosa voz de Ida Haukland (melódica, mas cheia de punch) é outro destaque. Esses noruegueses têm tudo para tomar de assalto o cenário nos próximos anos — e que assim seja, pois estamos em falta de bandas boas assim.

18 — FLOOR — Oblation (Season of Mist)

Depois de uma década sem gravar, esse grupo dos EUA voltou aos estúdios disposto a redefinir algumas coisas no cenário sludge/doom. Adicionando generosas doses de stoner, heavy tradicional, rock alternativo e até música pop a seu caldeirão, o Floor criou uma coleção de faixas multifacetadas e únicas, que unidas geram um conjunto fascinante e cheio de surpresas. Sons como “Rocinante” e “Sister Sophia” estão entre as coisas mais instigantes gravadas no ano que passou — e que o “sludge pop” dos caras mostre aos novatos que ainda há muito espaço para experimentar dentro do estilo.

17 — PERSUADER — The Fiction Maze (Inner Wound Records)

Desde sempre criticados por serem um “genérico do Bilnd Guardian”, os caras do Persuader não conseguiram ainda se libertar de todo dessa pecha — mas olha, se continuarem gravando discos tão bons quanto “The Fiction Maze”, os detratores que vão catar coquinho! Esse é com certeza o ponto alto da carreira dos suecos e entra fácil como melhor álbum de power metal melódico de 2014 — pesado, engenhoso, envolvente e dinâmico. Dá até para sacar toques crescentes de som extremo aqui e ali, o que pode apontar caminhos ainda mais interessantes para o futuro. Ficaremos atentos!

16 — LORD MANTIS — Death Mask (Profound Lore Records)

Se o inferno tem uma trilha sonora, é seguro dizer que o Lord Mantis não está longe de transcrevê-la. Misturando o sludge mais sujo com muitos elementos black metal e generosas pitadas de drone e doom, os norte-americanos conjuraram uma criatura terrível em seu terceiro CD, com direito a riffs genuinamente assustadores e alguns dos vocais mais ríspidos e desesperados de que temos notícia. O Lord Mantis soa pegajoso, ríspido, doentio e brutal em “Death Mask”, um dos CDs mais perturbadores que você ouvirá em muito tempo. Haverão outras bandas com coragem para seguir essa trilha?

15 — PYRRHON — The Mother of Virtues (Relapse Records)

O Pyrrhon parece nutrir um saudável desprezo por tudo que seja ortodoxo no death metal. O som é altamente técnico, mas sem demonstrações vazias de virtuosismo; as músicas são velozes e cheias de mudanças, mas muitas vezes mergulham em uma lentidão climática e pegajosa. Nada em “The Mother of Virtues” é linear: trata-se de uma viagem distorcida e caótica, onde sempre é possível ouvir algo diferente. Desafiador e desconfortável, o Pyrrhon é uma das maiores surpresas do death norte-americano em anos.

14 — HAMMERCULT — Steelcrusher (SPV/Sonic Attack)

Esse conjunto israelense ganhou cartaz ao vencer a edição 2011 do Wacken Metal Battle, e desde então vem mostrando que não vai ser fogo de palha. “Steelcrusher” é, a seu modo, um álbum impressionante: o thrash/death da banda não é muito original, mas surge com fúria e confiança invejáveis, além de trazer elementos black metal e hardcore que o deixam ainda mais ríspido. Uma banda atual, que toca à moda antiga sem fingir que está em 1987 ou arredores — esse é o Hammercult, um grupo que certamente só vai crescer daqui para frente.

13 — NE OBLIVISCARIS — Citadel (Season of Mist)

Há tempos bandas de prog metal vêm ensaiando a inclusão de elementos mais brutais e pesados em sua música, mas foi o Ne Obliviscaris quem concretizou isso de forma brilhante em “Citadel”. Em seu segundo álbum, o grupo australiano une vocais limpos e ríspidos, faz guitarras pesadas dialogarem com pianos e violinos, mistura incontáveis estilos metálicos (ou nem tanto) em suas longas composições — e faz tudo isso com confiança e coesão irretocáveis. “Citadel” é um CD desafiador e brilhante, uma viagem que abre novas trilhas para o prog metal.

12 — VADER — Tibi Et Igni (Nuclear Blast)

Sim, esses poloneses estão longe de serem novidade no cenário death metal mundial. Mas, em uma época que se mostra tão promissora para o estilo, é notável que o Vader tenha vindo com o melhor disco de ‘death tradicional’ de 2014 — isso se “Tibi Et Igni” não for o ponto máximo da carreira deles, o que eu não duvido (mesmo!) que seja o caso. Trazendo elementos épico-grandiosos à já conhecida violência de seu som, o Vader gerou uma avalanche de riffs cortantes em composições de invejável brutalidade. Sem nenhum apego a glórias do passado, o Vader traz em “Tibi Et Igni” um intenso e intimidador monumento do death metal atual.

11 — SCAR SYMMETRY — The Singularity (Phase I: Neohumanity) (Nuclear Blast)

Em seu quinto trabalho, os suecos lançam o primeiro item de uma trilogia que aborda a união da mente humana com robôs e máquinas — e de quebra gravam um dos melhores CDs de death metal melódico em anos, um trabalho que traz fôlego renovado ao (já um pouco batido) estilo. O Scar Symmetry adicionou elementos progressivos a seu caldeirão, além de investir mais que nunca em vozes limpas — tudo isso, contudo, sem recuar um milímetro no peso e na agressividade. De fato, talvez “The Singularity” seja o CD mais extremo da carreira da banda, um disco que (torcemos nós) há de atiçar a imaginação de muitas bandas na cena do death melódico.

10 — YOB — Clearing the Path to Ascend (Neurot Recordings)

Embora não seja exatamente uma banda nova, o Yob atingiu um patamar extraordinário em seu sétimo CD. “Clearing the Path to Ascend” é uma das mais belas e envolventes inclusões ao doom metal em muitos anos: as quatro composições são longas e absorventes, construindo lentamente uma massa sonora ao mesmo tempo opressiva e encantadora. A última faixa, “Marrow”, é possivelmente uma das mais belas e poéticas músicas da década — e ainda assim é possante, retumbante, pesadíssima. Em uma época muito favorável ao doom, é o Yob quem oferece a cartilha que os novatos haverão de seguir. Majestoso.

09 — HELMS ALEE — Sleepwalking Sailors (Sargent House)

Para muita gente, o Helms Alee não é nem mesmo uma banda de heavy metal. Mas esse power trio dos EUA consegue um equilíbrio inusitado: unir sludge metal com post rock e shoegaze, e ainda assim soar inegavelmente pesado e desafiador. “Sleepwalking Sailors” é o terceiro e melhor trabalho do grupo, um CD que muda de direção constantemente e cria ambiências às vezes contemplativas, às vezes brutais, mas sempre arrebatadoras. Imagine uma união de Melvins, Pixies e Eyehategod — agora imagine isso tudo funcionando às maravilhas. Eis o Helms Alee, uma banda para quem ama o heavy metal, mas não teme sua constante evolução.

08 — SEPTICFLESH — Titan (Season of Mist)

Para muitos fãs, o auge do Septicflesh já passou. Para outros (entre os quais me incluo), o death metal sinfônico da banda grega ganhou uma dimensão toda especial nos últimos anos — e “Titan” é o CD que consolida esse novo approach de forma única e espetacular. Não é como se a banda escrevesse arranjos clássicos para ampliar o efeito de suas composições: no caso, orquestra e guitarras são uma coisa só, impossível imaginar um sem a presença do outro. Poucas vezes o metal sinfônico soou tanto como uma entidade própria — e o Septicflesh, em seu nono CD, criou um trabalho que inspirará todos que arriscarem essa união no futuro.

07 — RIOT V — Unleash the Fire (Steamhammer)

Depois da triste morte do grande Mark Reale, o Riot (um dos mais perseverantes nomes do heavy/power mundial) decidiu mudar ligeiramente o nome e seguir em frente, como um tributo ao falecido guitarrista. E não é que, contra todos os prognósticos, o agora Riot V gravou um dos álbuns máximos de sua carreira? “Unleash the Fire” é o melhor que fizeram desde o histórico “Thundersteel”, além de ser facilmente o melhor CD de metal tradicional de 2014: eficiente, envolvente, honesto e até comovente em sua integridade. O metal tradicional precisa de sangue novo — e álbuns como “Unleash the Fire” são a inspiração que novatos precisam para acharem sua própria trilha.

06 — ANCIENT ASCENDANT — Echoes and Cinder (Candlelight)

Esses ingleses conseguiram uma proeza: gravar um álbum de death metal absolutamente tradicional e ao mesmo tempo retumbante de personalidade e inovação. “Echoes and Cinder” tem um sabor que remete aos anos 80 (alguns riffs lembrando até alguns heróis da NWOBHM), mas ergue a partir desse alicerce uma torre de estruturas musicais criativas e imprevisíveis. Há muito death metal no som do Ancient Ascendant, mas há também doom, metal tradicional e até stoner aqui e ali — tudo unido em uma massa coesa e sumamente agressiva. Basta gostar de heavy metal para se empolgar com “Echoes and Cinder”.

05 — MORBUS CHRON — Sweven (Century Media)

Depois de explorar todas as possibilidades em termos de técnica e velocidade, o death metal parece estar voltando a ser mais mórbido e climático — e o Morbus Chron parece disposto a liderar esse movimento. “Sweven”, o segundo CD dos suecos, aposta em uma espécie de death metal psicodélico que é até difícil descrever. Sempre muito pesado, o som dos caras adota passagens progressivas, elementos acústicos, atmosferas doom e muito mais, sempre em estruturas musicais não raro desconcertantes. O resultado é único — e não é de se duvidar que “Sweven” seja citado como o marco de um novo subgênero metálico nos anos que virão. Espetacular.

04 — GOATWHORE — Constricting Rage of the Merciless (Metal Blade)

Algumas bandas destacam-se pela permanente inovação; outras apenas insistem em sua fórmula até que a dominem por completo. Com “Constricting Rage of the Merciless”, o Goatwhore atingiu o topo da cena thrash/death/black de forma incontestável. Riffs, linhas vocais, composições, estrutura musical: tudo nesse CD é brutal, eficiente e demolidor. Já não é de hoje que o Goatwhore é respeitado nas catacumbas do metal extremo, mas seu último álbum tem todos os elementos para erguê-lo ao trono sem espaço para oposição. E “Baring Teeth for Revolt” é simplesmente o melhor riff do ano!

03 — BEHEMOTH — The Satanist (Nuclear Blast)

Quando a experiência recusa-se a abrir espaço à acomodação, temos o cenário para a mais perfeita destruição musical. Desde a abertura com “Blow Your Trumphets Gabriel”, o Behemoth parece disposto a redefinir a si mesmo com “The Satanist” — e o resultado é assombroso, no bom sentido. O black/death da banda mantém-se intacto, mas soa ainda mais brutal unido aos elementos sombrios, atmosféricos e melódico-doentios dos quais a banda lança mão nesse trabalho. “The Satanist” é ritualístico, mórbido, grandioso e brutal — talvez o ponto máximo da carreira desses poloneses, e certamente um dos maiores CDs de metal extremo da década.

02 — PALLBEARER — Foundations of Burden (Profound Lore Records)

O doom metal vive um momento excelente, tanto musical quanto em termos de abrangência — e o Pallbearer lidera essa onda com todos os méritos. Seu segundo CD, “Foundations of Burden”, é monumental. Sobre um background totalmente doom, a banda dos EUA inclui melodias belíssimas, letras poéticas e complexos arranjos vocais, criando de forma lenta e meticulosa músicas altamente envolventes e emocionais. Faixas como “Worlds Apart” e “The Ghost I Used to Be” estão entre as mais brilhantes escritas nos últimos tempos — e “Foundations of Burden” será reconhecido como um marco do doom metal pelas gerações que estão por vir. Histórico.

01 — TRIPTYKON — Melana Chasmata (Century Media)

Thomas Gabriel Fischer é um dos maiores gênios vivos do heavy metal. Tudo o que ele lança é imediatamente relevante — e “Melana Chasmata”, segundo CD da banda formada após o fim definitivo do Celtic Frost, não apenas mantém a escrita como periga ser o ponto alto da carreira do herói suíço. Unindo todos os espectros imagináveis do metal extremo e dando a eles uma abordagem avantgarde e experimental, o Triptykon forjou um monumento da música pesada, uma jornada intensa e emocional pelo lado mais sombrio da alma humana. O heavy metal sai engrandecido de álbuns como esse — não só o melhor de 2014, mas presença certa entre os melhores da década. Obrigado, Tom.

RESUMO DE 2014:

Foi um ano bastante prolífico em termos de heavy metal, com especial destaque para as cenas doom e death. Se o VIL METAL tivesse que apostar em tendências para 2015 e além, diria que são esses galhos da árvore metálica os que devem dar frutos mais saborosos a curto e médio prazo. Deixando um pouco de lado a corrida pela rapidez e precisão da última década, o death metal faz uma saudável mudança de rota, com bandas dispostas a investir em riffs menos velozes e na criação de atmosferas mórbidas — e isso certamente dialoga com o momento de expansão do cenário doom, onde bandas levam o sub-gênero a extremos tanto no peso quanto na emotividade. É bem possível que haja uma confluência crescente de ambos nos próximos anos, com um monte de bandas sombrias e retumbantes em nossos aparelhos de som — o que, convenhamos, está imensamente longe de ser ruim. Os estilos mais tradicionais/melódicos de heavy metal, por outro lado, vivem uma considerável entressafra: a quantidade de lançamentos não foi pequena, mas quase ninguém conseguiu trazer coisas realmente interessantes que se destacassem na multidão. Talvez o diálogo com estilos um pouco mais extremos, limpando um pouco eventuais excessos de virtuosismo, possa trazer novidades interessantes de 2015 em diante, tirando esse nicho metálico do lugar-comum. As cenas sludge e stoner seguem produzindo muita música nova, e é bom estar atento aos desdobramentos por lá — ao contrário do black metal, que vai precisar de uma boa dose de renovação para deixar de ser mero elemento nas misturas de outros estilos e reassumir protagonismo no panteão metálico. E é claro que a cena retrô (com bandas, antigas ou recentes, vivendo de reproduzir a sonoridade que o metal tinha nos anos 80) seguirá sendo um nicho importante do mercado, ainda que dificilmente traga coisas capazes de ir além dos entusiastas e realmente ditar rumos ao heavy metal atual.

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Igor Natusch
VIL METAL

Jornalista. Ser humano. Testemunha ocular do fim do mundo.