VIL METAL RECOMENDA — EDIÇÃO 003

Igor Natusch
VIL METAL
Published in
5 min readJan 21, 2015

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Admita, amiga(o) headbanger: a vida pode ser muito difícil quando não temos alguém para nos aconselhar. Sabe como é, alguém que entenda nossas necessidades e anseios, que saiba nos acolher quando estamos em dúvida, que nos sugira o caminho correto a seguir em meio ao caos e confusão que dominam nossos dias. Pois acredite, criatura: o DOUTOR CAVEIRA é seu amigo. Sim, você pode contar com ele para dar a você algumas dicas. E a prova está aí embaixo: nossa mais recente edição do VIL METAL RECOMENDA!

São cinco CDs por semana, trazendo bandas pouco conhecidas da maioria dos fãs de Heavy Metal. Temos certeza que pelo menos duas ou três das bandas em cada edição você certamente nunca ouviu falar — e nada há de errado nisso, amiguinha(o)! O bonito do Heavy Metal é isso: ele sempre se reinventa, toma novos formatos, traz novidades para encantar nossos canais auditivos. Então relaxe, sente numa cadeira confortável e tome a dose de Heavy Metal que preparamos para você. Temos certeza que você vai sentir-se renovado! E nem precisa agradecer: é para isso que servem os amigos, não é? \m/

PRIPJAT — Sons of Tschernobyl (Bret Hard Records, 2014)
10 faixas, 41 mins

Não que o medo de um holocausto nuclear seja exatamente novo para o thrash metal (de certo modo, todo o estilo foi forjado dentro do clima da Guerra Fria), mas os alemães do Pripjat certamente levaram a coisa a um novo patamar. “Sons of Tschernobyl”, como o nome já entrega, é um CD obcecado com o desastre nuclear de Chernobyl, na atual Ucrânia, em 1986 — algo até compreensível, já que parte dos músicos do Pripjat é de origem ucraniana. O som é uma thrasheira de feeling tipicamente oitentista, com vocais rasgados, partes bastante rápidas e rifferama a granel. Será que teremos alguma banda chamada ‘Fukushima’ no futuro? Impossível dizer, mas o ‘thrash metal radioativo’ já achou no Pripjat um representante de peso, com tudo que é necessário para contaminar suas caixas de som.
Ouça “Liquidators”

LORELEI — Lore of Lies (Subliminal Groove, 2014)
08 faixas, 41 mins

Essa banda dos EUA é uma recém-chegada ao cenário metálico, mas já mostra sinais de que vai ganhar terreno muito em breve. Mesclando death, black, prog, música clássica, dois vocalistas e muitas influências de trilhas sonoras de terror, o Lorelei gerou uma sonoridade de dar medo, no bom sentido — e “Lore of Lies” é perfeito para quem curte um bom filme do gênero. Muitas músicas parecem ter literalmente dezenas de instrumentos tocando ao mesmo tempo — méritos à produção, que consegue unir de forma coesa todas as fibras dessa mórbida tapeçaria metálica. O som do Lorelei é dinâmico, daqueles que está surpreendendo o ouvinte o tempo todo, e nada é mais adequado para quem quer criar um filme de terror em forma de música. Vale muito a pena conferir.
Ouça “The Dunwich Horror”

HOLLOW GROUND — Warlord (High Roller, 2014)
21 faixas, 72 mins

Não dá para dizer que o Hollow Ground tenha sido uma história de sucesso da NWOBHM. Lançou um EP, participou de uma coletânea e desapareceu (quase) para sempre. Não fosse Lars Ulrich (Metallica) citar a banda na sua coletânea comemorativa “NWOBHM ’79 Revisited”, de 1990, e talvez nenhum de nós sequer ouvisse falar dos caras. Mas o Hollow Ground virou uma obsessão de colecionadores, seus relançamentos vendem bem e a banda, tão surpresa quanto empolgada, resolveu voltar de vez à ativa. “Warlord” é uma coletânea que traz praticamente tudo que a banda gravou em sua carreira (inclusive várias faixas tiradas de ensaios dos anos 80) e mostra que eles eram (são) mesmo bons: é metal tradicional de alto nível, com riffs grudentos e vocais marcantes. Que bom que voltaram, e que fiquem muito tempo por aí!
Ouça “Flying High”

WILD THRONE — Blood Maker (Brutal Panda Records, 2014)
03 faixas, 16 mins

Para muita gente, bandas como o Wild Throne não merecem ser chamadas de heavy metal. Ok, cada um na sua, a gente respeita. Mas teve fã de metal que achava que thrash metal era lixo quando surgiu, que death metal era só barulho, que misturar metal e música eletrônica era heresia, que crossover não tinha nada a ver com metal… Tudo isso para sugerir que você não se deixe levar pelo conservadorismo musical ao escutar o Wild Throne, que debutou em alto estilo com o EP “Blood Maker”. O som dos caras mescla rock progressivo, post rock e sim, muito heavy metal de forma dinânica, emocional e bem pesada. O metal, como todo estilo musical saudável, cresce e cria novas ramificações o tempo todo — e esperamos que o Wild Throne nos traga bons e saborosos frutos daqui para frente. Recomendável!
Ouça “Shadow Deserts”

PILGRIM — II: Void Worship (Metal Blade, 2014)
08 faixas, 45 mins

Essa dupla dos EUA tem sido vista pela crítica especializada como uma das esperanças do doom metal atual — não que doom metal combine muito com esperanças, mas enfim. Em seu segundo CD, “II: Void Worship”, o Pilgrim remete diretamente às lendas oitentistas do estilo, mas coloca os riffs lentos a serviço de uma temática típica dos livros de fantasia. É uma coisa meio Senhor dos Anéis, mas lembrando bem mais os momentos sombrios em Mordor do que hobbits fazendo festa na Terra Média, se é que me faço entender. E tudo isso em um cenário sonoro quase sem espaço para alívio: é tudo denso, pesado como nuvens de tempestade. Quatro sons instrumentais em um total de oito músicas talvez seja um pouco demais, mas ainda assim o Pilgrim mostra ser digno da atenção cuidadosa dos fãs de doom metal.
Ouça “Void Worship”

O programa VIL METAL vai ao ar na Rádio Estação Web em dois horários semanais: quintas-feiras das 19h às 20h30 e nas madrugadas de segunda para terça-feira, a partir da meia-noite. Quem quiser nos contatar por qualquer motivo pode usar o Facebook, Twitter ou e-mail. Dá para nos seguir aqui no Medium também, é claro. Vamos juntos, que o metal é de todos nós!

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Igor Natusch
VIL METAL

Jornalista. Ser humano. Testemunha ocular do fim do mundo.