A culpa não é de Dado, do não-sócio e nem será de Dabove

Futebol do Bahia é dirigido na base da aposta e do ‘vamos ver’

Vinícius Nascimento
Vinícius Nascimento
3 min readAug 31, 2021

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Ano após ano, e a dupla de diretores executivos do Bahia não consegue dar decência ao futebol do Bahia. Nem com orçamento recorde e tampouco com a crise imposta pela pandemia as coisas caminharam com regularidade no tricolor (Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia)

Não faz muito tempo e eu ouvia muitos colegas da área falando do quão pouco Enderson Moreira extraía do Fortaleza e a discrepância entre o material humano disponível vs a performance/resultados. Subindo o sarrafo, não precisamos afundar muito na história para lembrar de críticas semelhantes a Vanderlei Luxemburgo (2020) no Palmeiras e Abel Braga (2019) no Flamengo. Quanto aos dois últimos, era visível que seus times ganhavam muito mais pela qualidade técnica dos jogadores e profundidade do elenco que pelo trabalho em conjunto que um treinador tem a obrigação de imprimir.

O passado recente do Bahia também tem uma dicotomia na relação treinador x elenco x performance x resultado. Depois de uma temporada quase que inteira atirando pedra em santo e ganhando nas coxas, um cidadão conseguiu extrair resultados e até alguma performance mesmo com um elenco horroroso. Foi Dado Cavalcanti. Conseguiu até onde deu, mas, como diz o filósofo Cáscio Cardoso, não dá pra plantar mamona e querer colher framboesa. Uma hora, as coisas voltariam ao normal. E a culpa não é de Dado Cavalcanti. Assim como não será de Diego Dabove, aquele que, salvo um milagre, será o próximo chupa-molho na esteira rumo ao moedor de carne chamado Esporte Clube Bahia.

Já são oito jogos consecutivos sem vencer no Campeonato Brasileiro e, pouco a pouco, o Bahia vai entrando nas posições mais baixas: a tabela vai mostrando pelo que o clube briga — e é bem diferente do que a arrogância de Lucas Drubscky sugeria até a 16ª rodada. De dois anos pra cá, o Bahia voltou à rotina composta por acúmulo de fracassos, recordes negativos. Fruto de doses cavalares de arrogância e, principalmente, incompetência de quem gere o futebol do clube.

Guilherme Bellintani e Vitor Ferraz prometeram em sua campanha de reeleição a maior reformulação da história do futebol do Bahia e, até o momento, o que se viu é um aproveitamento inferior a 35% da dezena e meia de contratações feitas pela dupla e direção de futebol, agora supostamente descentralizada já que as figuras de Júnior Chávare, Lucas Drubscky e Renê substituíram Diego Cerri, hoje no Grêmio.

A irritante e burra política de aproveitar medalhões e jogadores que se sustentam unicamente pelo currículo que ostentam em detrimento de jogadores da divisão de base que pedem passagem também se mantém. O que justificar dar tanta minutagem a Lucas Araújo, Galdezani e Óscar Ruiz que nunca fizeram sequer um bom jogo pelo Bahia em detrimento de oportunidades regulares a Raniele e Raí? Só a política institucional justifica.

O Bahia é um clube exibido, mas que não possui nada além de uma chuva de confetes e grife sem sal para exibir. “Olha, trouxe jogador do Grêmio”, “Já viram que eu contratei fulaninho do Corinthians pagando caro?”, “Cicrano tem passagem pela Premier League”. E assim as vozes de vestiário, hierarquias e eteceteras vão se perpetuando. Os resultados em campo, que não costumam passar a mão na cabeça de ninguém, por sua vez, seguem massacrando. Com uma alegria aqui e uns pulos de golfinho acolá.

Rodallega é uma das mais de 13 contratações feitas pelo Bahia que não vingaram e pouco acrescentam mesmo vindo do banco (Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia)

Com um elenco piorado em relação ao já horroroso time da temporada anterior, o Bahia segue deixando a maré da segunda divisão conduzir seu veleiro de casco furado. Não faltaram sinais de que a situação é feia, e em vários momentos beirando o ridículo. A direção incompetente do Bahia segue procurando alvos para culpar: o torcedor que não associa, a pandemia, deus, o diabo e a terra do sol. Em breve, se afoga. E aí quero ver de quem será a culpa. O spoiler que posso dar é o seguinte: não é minha (sou sócio, rs), não foi de Dado e nem será de Dabove.

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