Tomorrow

Um experimento e um ensaio sobre futuro.

Rodrigo Dantas
Vindi
7 min readOct 21, 2018

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Como somos grandes produtores de conteúdo não seria um grande desafio fazer um evento sobre futuro, pelo menos na teoria. Só para ter uma ideia, fizemos 60 eventos nesse ano. Mas na prática…

Explico melhor.

O experimento

Depois de planejar um pouco além do normal, a gente definiu trazer um evento, onde faríamos um meetup (ou uma conferência) trazendo temas que envolvessem educação, comunidades, fintech, inteligência artificial e outros assuntos relacionados aos segmentos que atendemos aqui na Vindi.

Nomeamos ele de Tomorrow, porque queríamos levar para um evento único, discussões que valem ouvir.

Descobrimos algumas coisas projetando esse evento, compartilho elas aqui:

  • Demoramos para formatar e configurar o evento;
  • Recebemos muitas demandas de palestras, que apenas traziam o blá blá blá de sempre;
  • Falar de futuro não é trazer somente a ideia de robôs e AI, para discutir rumos de negócios e;
  • Elevar discussões, encontrando quem realmente precisa ser ouvido, é extremamente desafiador.

Tendo esses desafios, a Ana Koga e a Ivana (responsáveis pelo evento), garimparam bastante até encontrar ideias e pessoas que valeriam o evento.

Na semana passada, a gente conseguiu realizar ele, de forma suave, como se tivéssemos construindo um EVP (evento mínimo viável) novamente. E deu certo.

Tomorrow

Inteligência artificial, robótica e realidade aumentada, foram somente alguns dos temas que o Tomorrow trouxe. A gente conseguiu trazer também, discussões sobre futuro, pautadas sobre o dia a dia dos empreendedores, tendência de novas realidades de empresas e problemas grandes para se resolver pela frente. Mais do que isso, conseguimos trazer um panorama para tentar avaliar tendências de um futuro próximo (de no máximo 5 anos).

Evitamos tratar “futuro” com a pieguice de citações fáceis de Jetsons, SkyNet e Black Mirrors da vida.

Preparei um resumo do que mais gostei.

O Futuro da Educação

O Paulo Silveira, meu sócio de Like a Boss, deixou todos atônitos com a provável mudança da educação no país e no mundo. Além de explicar como o grupo Caelum/Alura se desafiam para continuar inovando na educação de profissionais de tecnologia, Paulo explicou como as maiores cabeças de educação estão resolvendo problemas pelo mundo afora. Foi bem legal.

Paulo Silveira (Caelum / Alura). O Futuro da Educação

O modelo Word2vec foi apresentado como algo a ser estudado e pesquisado por todo profissional de educação no mundo.

“Tablets para criança são apenas um meio, não a solução”.

Ponto alto da fala do Paulo foi a provocação trazida para resolver problemas difíceis e não aqueles aparentes.

“Educar alguém que já teve uma base de ensino ou já fez faculdade, é simples. O que a gente precisa se provocar é como eu levo educação para pessoas e comunidades que não conseguem ter acesso a itens básicos. Esse exemplo serve para as fintechs também, que ainda não resolveram o problema de 55 milhões de brasileiros que não tem conta.”

Cidades inteligentes (smart cities)

Eu particularmente fiquei impressionado com o talk do Daniel Merege da City Tech. Existe claramente um movimento de preocupação com cidades e o impacto com que o crescimento populacional avança, deve ser preocupante. Poucas cidades no mundo estão prontas para melhorar a vida das pessoas. Na opinião do Daniel, São Paulo por exemplo, parou de se preocupar com isso.

Cidades inteligentes para 5% ou 95% das pessoas? Daniel Merege da City Tech.

Estamos construindo cidades para apenas 5% da população. Os outros 95% estão ficando à margem de moradia, acesso, mobilidade e etc.

Dois exemplos foram ilustrados como cidades modelos para o mundo: Santander na Espanha e a Masdar City nos Emirados Árabes.

Foi um dos pontos altos do Tomorrow.

Inteligência artificial

Rafael Venturacci da Nama contou sobre o case da empresa e mais do que isso: colocou na sua apresentação, os casos de uso em empresas que conseguem de fato, usar inteligência artificial para atender clientes, cobrar inadimplentes e tirar dúvidas com chatbots. Só o case do Poupa Tempo, usando tecnologia, vale um evento único.

Rafa Venturacci da Nama. Chegou a hora dos dados!

Em 2025, serviços envolvendo inteligência artificial devem movimentar U$36,8 bilhões

Poucas empresas usam inteligência artificial no Brasil, com tanta propriedade.

Alimentação

Já conhecíamos o Casé da Asbraci (Assoc Associação Brasileira dos Criadores de Insetos). Ele esteve na Vindi, recentemente. Inclusive eu experimentei um inseto ao vivo, assista. Ele defende a tese que comida será algo escasso e que humanos terão que recorrer a insetos no futuro próximo.

A FAO, órgão da ONU para a segurança alimentar mundial, emitiu um alerta em 2013 sobre a segurança alimentar do planeta. Isso tende a piorar.

A FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) lidera os esforços internacionais de erradicação da fome e da insegurança alimentar e com base nisso, o Casé roda o país, disseminando as discussões sobre o futuro e a escassez dos produtos alimentares.

Polêmico (especialmente para os veganos) e interessante.

Proteção de dados

Muito em voga, o advogado Paulo Lilla, do escritório LaFosse embasou uma das discussões mais importante para o momento: a proteção dos dados. Depois dos escândalos envolvendo a Cambridge Analytica, Facebook e o caso Snowden, o mundo precisou revalidar tudo que faz ao consumir e compartilhar dados.

As empresas vão precisar se adaptar. Paulo, LaFosse Advogados

Governos, instituições financeiras e redes sociais consomem e usam uma quantidade imensa de dados e agora, vão precisar se adequar.

Pelas palavras do Paulo, o negócio vai mexer com muitas empresas no mundo.

Medicina do futuro

Marcus Figueiredo da Hi Technologies, colocou dois pontos importantes sobre o futuro da medicina: a gestão de dados ainda não está relacionada e a tecnologia está encontrando a medicina aos poucos. Os dois elementos juntos (dados e tecnologia), são componentes que vão amparar ainda mais as pesquisas e diagnósticos de problemas daqui para a frente. Que bom.

Inteligência artificial deverá ser o suporte à decisão dos médicos. Marcus Figueiredo

A tecnologia está criando a medicina do futuro.

Um desafio citado por Marcus, é que, ampliar o compartilhamento de dados entre laboratórios, médicos, hospitais, farmácias, planos de saúde, softwares de gestão médica, pacientes e programas de saúde é um grande desafio. Os dados médicos estão espalhados e cada parte disso controla um dado diferente. Isso será um grande diferencial, especialmente para quem tiver maior parte dessas frações.

Projeto Delorean (pitches de novas startups)

Um dos negócios mais legais desse experimento, que foi o Tomorrow, é que conseguimos formatar algumas apresentações de cases que apresentam uma nova forma para tipos de negócios que impactam o mundo. Tudo num formato de pitches. As 4 startups tiveram 5 minutos para mostrar o projeto.

  1. XGB (realidade aumentada)

Pablo Funchal apresentou o case de uso da tecnologia da DXG, que vem ajudando varejistas e ter uma experiência de compra diferente. Conheça mais: xgb.com.br

2. Guia de Rodas (mobilidade)

João Barguil explicou os desafios de mobilidade, especialmente para cadeirantes. Premiado, o app é muito legal e vem resolvendo grandes problemas. Conheça mais: guiaderodas.com

3. YvY (tecnologia verde)

A sensacional YvY (do Marcelo Ebert) trouxe uma das palestras mais legais, contando o problema que resolvem com produtos de limpeza inteligentes. Conheça mais: yvybrasil.com

4. Bio Softness (tecnologia verde)

Giuliano Henrique, sócio da Bio Softness, veio ao palco para mostrar que as roupas e moda podem receber um grande input de tecnologia verde. O Visto Bio, produto produzido pela Bio Softness, promove o fim da lavanderia e da máquina de lavar. Conheça mais: https://visto.bio/

Comunidades

Um dos grandes pontos para um futuro melhor, é olhar para as comunidades em volta do mundo. Especialmente se ela se conecta com as pessoas e desenvolve ações que mudam países e cidades. Esse foi um dos principais pontos discutido por um super painel formado pela Fernanda Caloi (Campus SP), Dani Junco da B2Mammy e por Hugo Silveira da WeWork.

Discussões que precisam ser elevadas: olhar para a criação de comunidades que melhoram cidades e países.

As comunidades (sejam de tecnologia ou de quilombolas) são movidas por uma causa e propósito. Isso é o que move as pessoas em prol de um grupo, seja ele pequeno ou grande.

“Causa é sujar a mão de graxa.” Dani Junco

A interação com o público foi muito boa também.

Futuro do Trabalho

Grande discussão em volta do tema da “perda do emprego”, o Fábio da IBM, Edgar Caetano da Vindi e o Rogério Souza da DB1 coordenaram um papo de alto nível para falar sobre a tendência de automação de tarefas e morte do emprego como nós conhecemos.

Tibot (o robô), Rogério (DB1), Fábio Rua (IBM) e Edgar Caetano (Vindi)

Enfaticamente, os presentes desse painel frisaram muitas vezes que o emprego vai mudar e não morrer. O Rogério também veio com o projeto Tinbot, um robô programável produzido no Brasil que vem tentando testar integrações com APIs e sistemas para auxiliar em atendimento, decisões e comunicação.

Acredito muito na transformação do emprego, não na morte dele. Fábio Rua

Pelo experimento, pela qualidade das discussões e pelo NPS que rodamos pós evento, estamos bem felizes com o que realizamos nesse dia.

Aqui estão todos os vídeos.

É uma pretensão, construir um novo Tomorrow. Saímos com essa certeza.

Abs,

RD.

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