Das manifestações de 15 de Março ao “panelaço”

Samuel Dourado
Vinte&Um
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2 min readMar 23, 2020

Desde que assumiu a Presidência da República, Jair Bolsonaro nunca contou com o apoio inquestionável da população. Entre apoiadores e críticos, havia parte substancial de pessoas que se indagavam: “por que não dar uma chance ao Bolsonaro?” O Brasil experimentou por mais de 13 anos governos de esquerda e o resultado não foi dos melhores. Era a hora de se escolher algo novo.

Junto à nova escolha, Bolsonaro posava de anti-establishment, propagando o que chamou de “nova política”. Tendo como promessa o fim das práticas políticas nefastas: fisiologismo político, corrupção, etc

Mesmo com ventos favoráveis — um eleitorado fiel, Congresso Nacional que passou incólume à Lava Jato e pautas reformistas -, o Presidente, pouco a pouco, conseguiu minar todas as possibilidades de sucesso do governo. Promoveu ataques pontuais ao Legislativo, confrontou a mídia e não conseguiu tirar do governo a usina de crises.

Mais de um ano à frente da Presidência e com poucos resultados, Bolsonaro lançou mão de uma velha arma dos populistas: convocou apoiadores para defendê-lo. Na pauta da manifestação, constavam ataques ao Congresso Nacional, à mídia, ao STF; e claro, mensagens de apoio ao governo

As manifestações contaram com baixa adesão social e com uma chuva de críticas. Além do teor autoritário da passeata, o Presidente saiu do Palácio do Planalto para cumprimentar apoiadores, mesmo com clara recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) para se evitar aglomerações, a fim de conter o avanço do novo vírus Covid-19.

Depois da trapalhada populista, Bolsonaro tentou se justificar afirmando que o Coronavírus não passava de histeria e de pânico sem fundamento. Menos de 48 horas depois da afirmação e sob crítica do Presidente da Câmara, Bolsonaro enviou ao Congresso medidas emergenciais de enfrentamento à pandemia.

O resultado veio. Da sacada de prédios em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, ouviu-se em alto som “Fora, Bolsonaro”. Depois dos sucessivos erros, a população enfim percebeu que o Presidente é incapaz de lidar com crises ou situações que requeiram um líder. Resta à Bolsonaro contentar-se com apertos de mão e “selfies” — e quem sabe nem isso!

Samuel Dourado é graduando em Economia pela (UnB) e escreve insights sobre Economia e Política no Twitter.

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