Motivações

Fernanda Fernandes Reis
Vinte&Um
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2 min readNov 16, 2017
Photo by Tirachard Kumtanom from Pexels

Uma da manhã, 23 graus e o sono entra pela janela. Minha vida se parece com a previsão do tempo: céu limpo com períodos nublados. Não há mais tormenta como nos anos de adolescência e faculdade, mas de alguma forma também não há esperança.

Há uma pergunta constante que preenche minha mente em momentos que anos atrás eram dedicados a produção de algo. Ela não me deixa em paz, nem em tormenta, mas tortura.

Primeiro, me cutucou com a famigerada: esse caminho será a solução? Meses depois chega derrubando qualquer plano anterior de cumprir com meus comprometimentos. Cuidar da alimentação? Pode ser, mas hoje não. Terceira língua? Quero, mas hoje não. Academia? Hoje não, e persisto fingindo que só hoje não.

Como se fosse só aquela atividade e só aquele dia que não. Enquanto isso, o corpo se larga: por vezes no sofá, por vezes na cama. E cobrindo o corpo inteiro, como se o além deixasse de me enxergar, choro. Só hoje, só amanhã, só semana que vem, só naquele mês, só naquele semestre, só naquele ano.

Lágrimas não diagnosticadas por mim, diferente de todas as anteriores que foram. A perda da capacidade de saber discernir entre um problema de escolha e um problema mental. E enquanto isso a novidade da noite é: dormir bem e descansar o corpo? Hoje não.

Estranho é perceber que todas as suas certezas não foram suficientes para seguir com o plano. Difícil é distinguir se no fundo não gosta do plano ou se no fundo o problema é em si.

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