Do início do doutorado até hoje

Nayara Peneda Tozei
virei professora… e agora?
3 min readMar 6, 2019

Uma breve retrospectiva do que aconteceu desde janeiro de 2015:

  • Entreguei um apartamento, aluguei outro e fiz uma mudança interestadual enquanto as aulas do doutorado já tinham começado — foi uma loucura!
  • Morei em uma ótima região de São Paulo e fico feliz por ter aproveitado um pouco disso.
  • As primeiras aulas me mostraram que eu precisava correr muito atrás para poder acompanhar. Se eu um dia tinha aprendido toda aquela matemática, ela foi esquecida por falta de uso.
  • Atualizei minha formação nas áreas básicas e isso foi ótimo. Voltei para a sala de aula muito mais confiante.
  • Aprendi LaTeX e um pouco de R. Não foi em nenhum curso, mas graças a muitos fóruns na internet.
  • Melhorei meus conhecimentos de Stata e tateei métodos para limpar e lidar com minha base de dados. Perdi muito tempo até entender como os dofiles realmente deveriam ser organizados para serem úteis e poupar retrabalho. Foi um processo cruel de tentativa e erro.
  • Aprendi a escrever parecer para revista
  • Aprendi a ver Econometria com outros olhos e não como uma bruxaria
  • Aprendi uma Economia Política que não é uma extensão das aulas de HPE
  • Vi demonstrações matemáticas sendo expostas de modo muito legal. Quis copiar o estilo depois, não consegui.
  • Assisti a seminários muito interessantes, que eu teria visto mesmo se não fosse obrigada. Ver gente competente falando de um tema de meu interesse é uma oportunidade e tanto!
  • Tive uma prova com uma questão valendo um terço da nota, sobre um assunto dado em 30 minutos na aula-véspera, enquanto o conteúdo que ocupou oito aulas não estava na prova
  • Cinco professores que eu tive trocaram a estabilidade da USP por oportunidades em faculdades privadas
  • Deixei de ir ao Ballet Bolshoi porque tinha prova no dia seguinte, mas reprovei na disciplina assim mesmo. Foi a primeira vez na minha vida que eu reprovei em disciplinas e foi frustrante em inúmeros sentidos.
  • Daí em diante, fiz cada avaliação sob o estresse e o medo de ser desligada do programa, com a confiança em mim mesma minando aos poucos. Tive colegas desligados.
  • Queria pesquisar uma coisa, acabei pesquisando outra e senti a dificuldade de trabalhar em algo que não me atrai muito.
  • Uma tia faleceu após lutar contra o câncer. Senti bastante a perda.
  • Adotei um cachorro — o Gulliver — e foi uma decisão muita acertada.
  • Descobri que uma limpeza de dente de cachorro custa uma nota! Nos exames preliminares detectaram que o Gulliver tem um leve sopro no coração. Nada grave, mas preciso ficar de olho.
  • Tive de escrever a tese enquanto lecionava uma disciplina que não é minha especialidade, em um calendário de reposição de greve (dois semestres e meio em um ano), e não consegui conciliar e priorizar bem as coisas.
  • Descobri que sou 08 ou 80 e que prefiro “não fazer” a “fazer menos do que eu acho adequado”. Essa postura não ajudou muito, mas foi muitas vezes inconsciente. Quis desistir várias vezes porque o que eu estava fazendo não estava bom.
  • Descobri que existe um Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva (é diferente de TOC) e me senti representada
  • Não soube lidar com a vida e desenvolvi uma série de problemas: Transtorno de Ajustamento, Transtorno Misto de Ansiedade e Depressão, queda de cabelo, perda de peso e irritações na pele
  • Pelo menos, o programa não impunha pressões desnecessárias aos alunos e tive um orientador compreensivo.
  • Se eu defender, o que precisa ocorrer até junho, eu conto como foi.

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