entrevistas com outros professores

Nayara Peneda Tozei
virei professora… e agora?
3 min readJun 4, 2014

Entre as coisas que agradam um leitor está o ritual de receber uma encomenda com um livro. Abrir o pacote. Desembalar o livro. Observar a capa e a contracapa. Folhear as páginas. Cheirá-las. Sentir a qualidade do material e da tipografia. E ler pelo menos um pouquinho, nem que seja a introdução ou o prefácio. Depois pode ser que o livro fique na lista de livros para ler. Ou pode ser que a leitura empolgue tanto que os outros livros para ler é que precisarão esperar sua hora.

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Neste final de semana, recebi o livro The Heart of Teaching Economics, de Simon W. Bowmaker. É um livro que quero ler já há algum tempo. Aproveitei o período que estava dentro do ônibus para isso. Sei que tem muita gente que fala que ler em movimento pode fazer mal, mas eu acabo lendo mesmo assim, na esperança de aproveitar melhor o tempo. Porém, tenho dificuldade para ler depois que anoitece, porque eu me incomodo quando sou a única luz acessa e fico achando que estou incomodando os outros passageiros que querem dormir.

Como recebi o livro pouco antes de viajar, aproveitei a viagem para isso. Devorei as entrevistas que mais me interessavam (aquelas das disciplinas que estou dando ou que darei). Depois de um tempo, troquei de livro e aí anoiteceu. O senhor da poltrona ao lado disse que não se importava, mas como é difícil medir se ele realmente não se importava ou se apenas estava sendo educado, eu continuei lendo por um tempo, mas depois acabei interrompendo a leitura.

Li quatro das 21 entrevistas. Até o momento, posso dizer que o livro é leve e traz a perspectiva de diferentes professores sobre assuntos relacionados à atividade de ensino. As respostas foram bastante interessantes. Achei curioso que boa parte dos professores elegeu as avaliações (leia-se atribuir notas) como a pior parte da prática docente. Imaginava que seria alguma coisa mais burocrática, como participar de reuniões infinitas.

Também me chamaram a atenção as respostas dadas para a pergunta sobre preparação de aulas. Alguns preparam excessivamente, bem antes do semestre, durante o semestre e ainda repetindo a aula mentalmente 90 minutos antes que ela ocorra. Chegam ao ponto de não precisar das notas de aula em sala (quem sabe um dia eu chego lá). Outro professor, por outro lado, assumiu nunca preparar nada e muitas vezes chegar à sala sem saber o que será dado. E, justifica, isso funciona para ele. Eu realmente não consigo me imaginar fazendo isso. Tenho uma necessidade tremenda de preparar a aula para me sentir segura em sala. No mínimo, preciso saber quais tópicos serão tratados e em qual ordem. Sou mais do tipo que continuará preparando, mesmo quando eu já tiver dado a mesma aula dez vezes antes.

Como eu ainda não tenho tanta experiência neste universo acadêmico, fico feliz quando posso ler sobre a vivência de outros professores da área e, com isso, ter ideias sobre o que fazer e o que evitar nas minhas aulas. Se você se identifica com isso, acho que a leitura é válida.

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