os manifestantes não vieram

Nayara Peneda Tozei
virei professora… e agora?
2 min readApr 16, 2014
15 de abril

Saio de casa para mais uma reunião a respeito das insatisfações locais. A pauta era formar a comissão que coordenaria as novas ações, começando pela organização e separação, por prazos, das demandas das diversas categorias (professores, alunos e técnico-administrativos). Eventualmente, já poderiam ser definidas algumas estratégias sobre como fazer isso.

Cheguei pontualmente e não havia quase ninguém na sala dos professores. A sala é, na verdade, a cobertura de um prédio e não existem divisórias separando os espaços de cada professor. Imagino que quase 40 mesas de escritório estejam espalhadas naquele espaço, para professores do departamento de economia, contabilidade, administração e direito. Em um espaço tão grande, o vazio fica ainda mais nítido.

Fiquei com uma impressão negativa. Na última reunião, os presentes tinham concordado com o dia. E o horário tinha sido escolhido para não atrapalhar o período das aulas e para permitir que os professores que trabalham do outro lado da cidade pudessem chegar a tempo. Mas, infelizmente, pontualidade não é uma característica que muitos cultivam.

Mas o problema era pior: o tempo passou e a reunião foi feita com apenas cinco pessoas. Por que será que muitos votam em favor de greve e manifestação, mas não aparecem para refinar as demandas que estão propondo?

Nós cinco começamos a esboçar uma forma de organizar as demandas. Definimos algumas categorias prévias, assim como algumas visões, metas e ações. Mas para aproveitarmos melhor o tempo, pensaremos individualmente nas ações, metas e prazos. Na próxima semana, tentaremos unir tudo para chegar a uma lista única. Depois, enviaremos para os demais professores, alunos e técnico-administrativos para apreciação e inclusão de novos itens.

Depois que diversas demandas tiverem sido organizadas, devemos fazer uma assembleia para votar a lista. Mas uma coisa de cada vez. Agora, o foco é detectar os problemas enfrentados localmente e transformar tudo em itens mensuráveis. A ideia é saber o que significa “melhoria nas condições de infraestrutura”, por exemplo. Quando os itens são específicos e mensuráveis, as chances de o pedido ser entendido aumentam e é mais fácil verificar se ele foi atendido ou não.

Resta saber, é claro, se os tantos insatisfeitos deste campus contribuirão para a organização desta lista.

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