How to Solve it (G. Polya)

Nayara Peneda Tozei
virei professora… e agora?
2 min readFeb 12, 2015

Dizem que quando temos alguma coisa muito importante — mas não muito agradável — para fazer, várias outras supostamente mais importantes e mais urgentes aparecem. Racionalizamos a procrastinação, atribuindo importância exagerada a tarefas secundárias, para reduzir nossa culpa por não estarmos dedicando nosso tempo ao que realmente precisa de nossa atenção.

Minha mais nova forma de procrastinar é ler. Qualquer leitura minimamente relacionada com o que eu deveria estar estudando parece uma forma de procrastinação mais adequada do que ficar vendo seriados ou passando tempo nas redes sociais. Afinal, devo aprender alguma coisa com a leitura. E como ainda estou sem internet em casa, essa escolha é fácil… Estou racionalizando, eu sei.

Apesar dessas discussões, vamos ao que interessa. Em umas das aulas do programa de verão que antecede o doutorado, um professor distribuiu um esquema intitulado “como resolver problemas”. São quatro passos, com perguntas e dicas para lidar (principalmente) com problemas matemáticos. O pequeno quadro faz parte do livro de mesmo nome (em inglês: How to Solve it), escrito pelo matemático húngaro George Polya em 1945!!

Como isso foi distribuído logo no começo do curso, estava com a empolgação no auge. O curso tem forte viés em demonstrações matemáticas e coloquei na cabeça que leria esse livro aos poucos. No começo, enrolei, claro! Mas num dia qualquer resolvi ler as primeiras páginas. E li mais algumas no dia seguinte. E no outro… Gostei bastante.

Achei o paperback numa livraria próxima de casa (das vantagens de estar em São Paulo) e, em vez de resolver os exercícios indicados pelo professor, li o livro. Não é algo que recomendaria a meus alunos. O ideal seria ter dedicado um pouquinho do tempo para cada coisa, mas acabei me empolgando com a leitura e deixando o resto (que não era obrigatório) de lado.

Polya escreveu How to Solve It de um modo que o livro é útil tanto para professores como para alunos. Em vários momentos, ele criou diálogos fictícios para ilustrar como um problema deve ser atacado, como o raciocínio do aluno pode ser estimulado, que perguntas fazer, o que pensar, como é importante trazer um problema desconhecido para algo conhecido, etc. E aos que não sabem inglês, há uma tradução adaptada para o português. Parece que algumas coisas ficaram de fora no processo de adaptação, mas o principal está ali.

Como li enquanto cursava as disciplinas, inevitavelmente percebi, nos meus professores, atitudes, falas e expressões que tinha lido no Polya. Perguntas e conceitos que ele comentou no livro, por exemplo. Achei ótimo! E como fez sentido para mim, pretendo adotar algumas ideias quando voltar à sala de aula.

How to Solve It virou um dos meus livros para consultar de vez em quando. Pois deve me ajudar a estimular os alunos a pensar melhor nos problemas que precisam resolver… e deve me ajudar a resolver os problemas que eu mesma devo enfrentar.

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