quando eu for professora, prometo…

Nayara Peneda Tozei
virei professora… e agora?
2 min readOct 9, 2015

Não sabemos como seremos quando nos tornarmos pais. Não há um manual, nem uma escola para nos educarmos a esse respeito. Mas nos inspiramos nos pais ou responsáveis que temos por perto. Definimos modelos a seguir e nos prometermos nunca fazer algumas coisas quando chegar nossa vez.

Hermione's_watch

Também não sabemos como seremos quando nos tornarmos professores. Existem cursos e teorias sobre educação, pedagogia e aprendizagem, mas contamos muito com as observações que fazemos a partir dos professores com quem temos contato.

Criamos um manual mental de boas práticas a partir da observação do que vemos, sentimos e desejamos como alunos. Quando eu for professora, não chegarei atrasada nas aulas. Terminarei a aula no horário certo. Quando eu for professora, apagarei o quadro quando terminar a aula. Não farei chamada (ou não reprovarei aluno por frequência).

Quando eu for professora, entregarei uma lista organizada de referências bibliográficas e um cronograma de aula aos alunos. Quando eu for professora, preparei minhas aulas com antecedência. Farei uma aula organizada. Prepararei aulas dinâmicas. Não serei grossa com os alunos. Terei paciência com perguntas repetidas.

Prepararei boas listas de exercícios. Corrigirei as listas dos alunos. Corrigirei as avaliações logo depois das provas. Não farei com que alunos corrijam as provas por mim. Quando eu for professora, pensarei adequadamente na distribuição de pontos na disciplina. Quando eu tiver um orientando, não deixarei que ele faça tudo sozinho. Marcarei reuniões com frequência. Definirei prazos e atividades. Não deixarei que um aluno vá para a banca de defesa despreparado.

Não farei isso. Farei aquilo.

No mundo ideal, temos tudo planejado e seremos ótimos. Mas não seremos professores perfeitos. Não agradaremos a todos. Precisamos decidir o que é mais importante fazer e teremos de lidar com alguns fracassos. Quando estivermos sobrecarregados de atividades, a quê dedicaremos nosso tempo? Quando tentarmos dar uma boa aula, mas tudo tiver sido um fiasco… quando tivermos elaborado uma prova que continha vários erros ou que não conseguiu avaliar nada… quando um aluno nos disser que nossa didática é ruim… quando fizermos escolhas ruins…

Erraremos. Principalmente no início. E não é saudável exigir de nós mesmos muito mais do que temos condições de fornecer. É bom ter pé no chão. Nos esforçar para melhorar, mas sem ilusões heroicas de ser o professor do ano, querido por todos e que faz com que até mesmo o pior aluno aprenda tudo e se torne um gênio.

No mundo ideal, tudo funciona. Mas logo seremos forçados a complementar as impressões idealizadas antes com a dose de praticidade, falta de tempo e falta de recursos que vem com a realidade.

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