Visite seu amigo com depressão

Bárbara Ariola
Visite seu amigo com depressão
2 min readApr 27, 2018

Frequentemente leio por aí que se você está tão mal, a ponto de sofrer de depressão, você deve pedir ajuda. E eu sempre me pergunto de que forma esse pedido deve vir. Explícito? “Me ajude” ou “Preciso de ajuda”? Ou uma sutileza vale?

Também quando estou nos meus momentos mais mórbidos, penso nas pessoas que conheci e que tiraram a própria vida. Será que havia um pedido de ajuda contido? O que faz as pessoas se moverem verdadeiramente para auxiliar alguém?

Pois bem. É delicado. No entanto é bruto e rústico. Alguém que mal consegue sair da cama vai, de fato, balbuciar o pedido de ajuda? Ou só o fato de vê-lo na cama já não é o bastante? Ando pensando muito no quanto lamentamos a forma como o mundo é uma enxurrada de pessimismo e padrões que nos empurram pra baixo, mas como não furamos a bolha do comodismo. Depois só restam as lágrimas da partida. Muitas vezes, lágrimas culpadas.

E é comum um encanto sobrenatural da pessoa super solícita. A pessoa que se move. Que desloca o corpo e pensamento para ser companhia e presença, pra trazer ventos de vida. No meu mundo, elas são poucas. Vira um círculo vicioso de dor, displicência e culpa. Repete.

A pessoa que sente precisa sentir e ver o sol, tomar um banho, comer algo saudável, conversar sobre alguma trivialidade. Lembrar que a vida não é a expectativa do mundo, mas é existir, se unir, reunir, amar, compartilhar. Mas essa pessoa não vai por os pés no chão, pois ele pode se abrir.

Essa pessoa precisa de você. Da sua visita. Visite sua amiga ou seu amigo que está deprimido.

--

--

Bárbara Ariola
Visite seu amigo com depressão

sapatão historiadora da arte, antropóloga e astróloga. saturada por palavras a serem ditas, mitos a serem escutados, perspectivas a serem compreendidas.