A importância de grupos pequenos

Por que, nós cristãos, insistimos tanto em nos reunir com os nossos irmãos em pequenos grupos da fé?

Daniel Acaz
Viva e Eficaz
4 min readJan 27, 2022

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O contexto da época em que Cristo viveu aqui na terra era muito diferente do que vivemos hoje, inclusive, no que diz respeito ao ambiente religioso. A igreja foi formada após a Sua ressurreição e ascensão aos céus, de forma que enquanto Jesus estava aqui na terra, o mais próximo que existia de uma igreja eram as sinagogas judaicas ou os templos pagãos das antigas religiões greco-romanas.

Por causa disso, para que Cristo tivesse registrado os ensinamentos dele para a igreja contemporânea, Ele colocou esses seus ensinamentos dentro das suas famosas parábolas.

Os ensinos contidos nas parábolas, somados com os ensinos posteriores dos apóstolos, podemos ter muitos direcionamentos sobre aquilo que Deus sonhou para sua amada igreja. Inclusive, sobre os pequenos grupos que as igrejas, costumeiramente, encorajam os fiéis a participarem.

“Pois, onde dois ou três se reúnem em meu nome, eu estou no meio deles”.
Mateus 18:20

Em Matheus 18:20, Jesus parece dizer aquilo que seria a explicação mais essencial do que deve ser a igreja. Dois ou três reunidos em nome Dele, de forma que Ele estaria presente.

Dois ou três, mas não apenas um. Isso porque a igreja de Cristo não pode ser feita por uma só pessoa. A igreja não sou eu, não é você, a igreja somos nós. Dentro dela não há espaço para o eu, para o ele. Não há espaço para o ego, para o crescimento solitário, mas apenas para o serviço mútuo.

Da mesma forma, a igreja não é a multidão reunida nos quatro cantos da terra no mesmo dia e horário. Não são os milhares de fiéis, mas sim aquele pequeno grupo que se reúne em amor e intimidade. A igreja de Cristo não será as centenas de pessoas que você vai ver todo domingo, mas sim aquelas pessoas que congregam de maneira íntima com você. Você é edificado por toda igreja quando a igreja é constituída de pequenos grupos que edificam a si mesmos com intimidade, amor, compaixão.

‘Deixem os dois crescerem juntos até a colheita. Então, direi aos ceifeiros que separem o joio, amarrem-no em feixes e queimem-no e, depois, guardem o trigo no celeiro’.
Mateus 13:30

A parábola do Joio e do Trigo (Mateus 13:24–30) nos ensina que no mundo existem as pessoas que crêem na verdade e são salvas pela fé (trigo) e as pessoas vivem pelos prazeres da carne (joio). O que ela também ensina é que trigo e joio estão misturado de forma que, se fossem arrancados os joios antes da colheita, os trigos também poderiam ser arrancados.

Agostinho de Hipona já dizia que “mesmo nos mais altos cargos, há tanto trigo quanto joio”. A instituição cristã não foge disso. Em todas as igrejas que pregam a fé em Jesus vão existir tanto o trigo, como o joio. Dentro da igreja vão existir pessoas que nasceram de novo e outras que estão para buscar os seus próprios prazeres.

O fato é que no meio da multidão, nós nunca vamos conseguir saber quem é trigo e quem é joio. Porém, quando andamos em pequenos grupos onde existe caridade, generosidade e transparência, conseguimos caminhar lado a lado e nos assegurar que as pessoas que estão à nossa volta, fazem parte do trigo que brilhará como o sol no reino do Pai (Mateus 13:43).

‘Então Jesus contou outra parábola: “O reino dos céus é como a semente de mostarda que alguém semeia num campo. É a menor de todas as sementes, mas se torna a maior das hortaliças; cresce até se transformar em árvore, e vêm as aves e fazem ninho em seus galhos”. ‘
Mateus 13:31–32

Por fim, Cristo, logo em seguida, conta a parábola do grão de mostarda (Mateus 13:31–32). Caminhar com um pequeno grupo por um dia, muito provavelmente, não vai mudar a sua vida. Pequenos grupos são como grãos de mostardas, um encontro semanal que parece não fazer efeito.

Mas depois de um longo caminho, esse grão de mostarda se torna a maior das hortaliças e a sua vida de fé está cheia do Espírito Santo por causa do encorajamento, consolo e exortação que você recebeu ao longo dos anos, caminhando com pessoas que estavam desenvolvendo o caráter de Cristo junto com você.

Não queira transformações imediatas em um pequeno grupo. Queira edificar uma construção, semear uma plantação que vai dar muitos frutos no futuro. Pequeno grupo é lugar para perseverar.

‘E não deixemos de nos reunir, como fazem alguns, mas encorajemo-nos mutuamente, sobretudo agora que o dia está próximo. Apeguemo-nos firmemente, sem vacilar, à esperança que professamos, porque Deus é fiel para cumprir sua promessa. Pensemos em como motivar uns aos outros na prática do amor e das boas obras. ‘
Hebreus 10:23–25

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Daniel Acaz
Viva e Eficaz

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