A influência do mundo na igreja

A igreja, há muito tempo, tem precisado discernir a linha tênue de impedir que os valores do mundo subvertam os seus próprios valores e a capacidade de acompanhar as transformações sociais e a linguagem moderna, para não parecer uma instituição retrógrada que não consegue ter diálogo com a sua época.

É importante que igreja conheça a sociedade em que ela vive. Os louvores de 100 anos atrás, em sua maioria, dificilmente conseguem traduzir a expressão da alma do homem atual como fazem os louvores contemporâneos. A aparência da igreja de 100 anos atrás, em sua maioria, dificilmente conseguiriam deixar confortável os seus visitantes igual uma igreja que acompanhou a tendência da arquitetura moderna. Alguém que entra na igreja pela primeira vez não pode achar que está entrando em um museu, mas tem que se sentir como se estivesse em sua própria casa.

Na tentativa de conseguir acompanhar a evolução do mundo, a Igreja de Cristo se preocupa em dosar aquilo que é simplesmente modernidade ou atualidade com aquilo que são valores mundanos disfarçados. O problema é que o inimigo da igreja nunca deixa de maneira evidente aquilo que a igreja precisa rejeitar da cultura atual.

É muito fácil para a igreja rejeitar a imoralidade e a libertinagem sexual que existe no mundo hoje. Bem como seu estilo de vida ganancioso, alcoólatra e egocêntrico. Mas não são esses valores que tentam entrar na Igreja de Cristo (pelo menos, não nas igrejas que levam com seriedade e temor as instruções das Sagradas Escrituras).

Hoje, se me perguntassem qual valor mundano mais tem entrado e prejudicado as igrejas, eu diria que é a cultura da satisfação imediata. Uma cultura onde a satisfação tem que aparecer aqui e agora e o prazer é de curto prazo. As redes sociais, o acesso exagerado aos meios de comunicação e o dinamismo das informações têm contribuído para uma sociedade ansiosa e imediatista.

Não é um pecado condenável. Não é uma rebeldia descarada contra Deus. Mas é uma cultura mundana que tem invadido as igrejas. Hoje, a emoção de sentir o Espírito Santo com lágrimas, calafrios e gemidos precisa estar presente em todos os cultos. A vitória, a transformação, o milagre, sempre precisam vir até o fim da celebração. A igreja local precisa crescer agora, precisa impactar o cidade, o estado e o mundo o quanto antes. Precisamos ser relevantes nas redes sociais e a pregação de hoje tem que trazer mil seguidores e a de amanhã dois mil. O crescimento da igreja local precisa ser exponencial e atrair o máximo de pessoas para fazer parte dos “unicórnios” gospels.

Queremos impactar hoje e agora. Queremos conhecer tudo que se pode conhecer sobre Deus nesse exato momento.

Mas essa carência espiritual tem adoecido as igrejas. Os jovens de hoje são alimentados por 15 segundos de várias mensagens superficiais pelo celular, mas não conseguem ter a mente livre para consumir uma hora de pregação do seu pastor. Isso me traz à lembrança a história de Paulo pregando por horas e horas até que um jovem chamado Êutico acaba dormindo e caindo de onde estava sentado, na janela do prédio (Atos 20:7–12). Quantos jovens não dormiriam por passar algumas horas ouvindo o verdadeiro evangelho sendo pregado pelo apóstolo.

A realidade é que as Sagradas Escrituras nos mostram que a igreja local não é um lugar para termos um ano de sinais e maravilhas, mas um lugar para construirmos um a vida no meio dos nossos irmãos. A igreja local é o lugar que precisa cuidar de você na sua juventude, te acompanhar no seu casamento, acolher os seus filhos quando nascerem e os guiarem até se tornarem jovens como você era. O evangelho é para ser vivido em sua simplicidade dia a após dia, e a única exigência que nos é feita é de sermos servos de Cristo no lugar que Deus nos colocou.

Se eu pudesse resumir em uma frase, que usa as ilustrações bíblicas, em que os valores do mundo estão corrompendo na igreja, seria: hoje nós queremos dar fruto antes de criarmos raízes.

‘Portanto, devemos ser considerados simples servos de Cristo, encarregados de explicar os mistérios de Deus. De um encarregado espera-se que seja fiel. ‘
1Coríntios 4:1–2