O evangelho Miojo e o fast food da graça

Os perigos de uma sociedade ansiosa que fecha nossos olhos para o tempo e para as prioridades do Reino.

Beatriz Litz
Viva e Eficaz
3 min readOct 27, 2021

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Em uma rápida passagem pelo Instagram, é muito fácil encontrarmos um post ou um texto e clicarmos na opção de “salvar”. O ícone que tem por nome “salvar para depois”, poderia muito bem se chamar “salvar para nunca mais”, porque depois de salvo, é realmente uma raridade retornarmos àquilo para uma futura consulta.

Na era em que uma vaga de “estágio” exige “experiência”, uma primeira briga no casamento resulta em divórcio e o “eu” na sociedade ocupa cada vez mais o lugar do “nós”, somos convidados a refletir sobre o tempo.

Tempo? Sem tempo, irmão. E essa é talvez a resposta na ponta da língua para a desculpa de pessoas que não querem profundidade. Deixamos aos poucos o mundo entrar na igreja e transformamos o evangelho em uma experiência rápida para necessidades imediatas.

Em nosso anseio por conquistar espaço, queremos construir bases rapidamente e ter resultados mais rápidos ainda. É importante lembrar que não se produz um cristão em 3 minutos e não se compra graça no drive thru do “Super King”.

Nem Miojo nem fast food, esse não é o evangelho de Cristo.

O Homem que aguardou 30 anos para iniciar seu ministério é o mesmo que descansou em um barco em meio à tempestade. Quando olhamos para a pessoa de Cristo podemos entender algo que talvez nossa geração não conheça muito bem: a prioridade.

“O ministério terreno de Cristo consistia em devolver a pecadores indignos sua humanidade […] Jesus andou pela terra reumanizando os desumanizados e purificando os impuros”

Diz a frase do livro “Manso e Humilde”, de Dane Ortlund, em sua reflexão sobre o coração de Cristo. O Noivo que dizemos tanto amar utilizou uma das virtudes mais escassas da atualidade, o tempo.

O quadro “A Persistência da Memória”, de Salvador Dalí, tem como uma de suas interpretações algo que já vivemos hoje, a liquidez do nosso tempo. A própria Bíblia nos adverte que no fim dos tempos teríamos a percepção de que os dias passariam mais rápido. No entanto, não são as horas e os minutos que passam com maior velocidade, mas sim as nossas prioridades que, mal planejadas, gastam um espaço de tempo sem propósito em nossas vidas.

Em três anos de ministério Cristo dividiu a história da humanidade. Sem perder sua identidade, ajustou seus olhos para focar no que realmente importava, seu Pai.

Tempo. Prioridade. Pai.

Para bom entendedor, três palavras bastam. Na equação do tempo com a prioridade, o resultado precisa ser o Pai. Se o próprio Jesus, plenamente Deus e plenamente homem, falava diariamente com seu pai, quem pensamos que somos para não dedicar tempo a Ele?

Que a nossa vida com Deus não seja rasa e rápida. Que ela não seja o cumprimento de um checklist do dia. E que também não seja uma solução imediata para uma dor passageira. Nas palavras de Paulo,

“esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Filipenses 3. 13,14)

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