Guideline de Acessibilidade baseada na WCAG 2.0
Elaborando uma lista de 33 "heurísticas" para desenvolvimento e avaliação das interfaces e sistemas do portal VivaReal
Quando o time de Research & Usability do VivaReal começou o Estudo de Acessibilidade, tínhamos outras pesquisas sendo realizadas em paralelo. Entretanto, tal estudo tomou maior proporção e importância quando alguns projetos de re-design estavam em andamento e precisavam ter o mínimo de acessibilidade para web.
Como base do estudo, consideramos a WCAG 2.o (Web Content Acessibility Guidelines) de 2008. A WCAG é uma série de recomendações desenvolvidas pela W3C (World Wide Web Consortium — principal organização de padronização da World Wide Web) com a finalidade de tornar o conteúdo web mais acessível. Seguindo essa guideline, o site/app/sistema se torna mais acessível para um amplo grupo de pessoas com deficiências, incluindo aqueles com cegueira e baixa visão, surdez e baixa audição, dificuldades de aprendizagem, limitações cognitivas, limitações de movimentos, incapacidade de fala, fotossensibilidade e suas combinações.
Os princípios de acessibilidade + recomendações WCAG 2.0
A WCAG 2.0 é composta por quatro princípios:
PERCEPTÍVEL: A informação e os componentes da interface devem ser apresentados aos usuários de forma que eles possam percebê-los;
OPERÁVEL: os componentes da interface e a navegação devem permitir que seus usuários as operem;
COMPREENSÍVEL: a informação e a interface devem ser compreendidas pelos usuários;
ROBUSTO: o conteúdo precisa ser robusto o suficiente para ser interpretado de maneira concisa por diversos agentes do usuário, incluindo tecnologias assistivas.
Cada princípio possui algumas recomendações, totalizando 12 principais, como mostra a TABELA 1 abaixo:
Para cada recomendação, há uma série de recomendações secundárias que apontam como atender a principal e qual nível de conformidade você atinge ao atendê-la (se é A, AA ou AAA). No total são 61 normas compõe a parte normativa do documento WCAG.
Algumas dessas normas fogem do contexto de portal imobiliário e, ao iniciar a avaliação de acessibilidade do VivaReal, percebi que separar a avaliação pelos níveis de conformidade seria bem complicado.
Ao me deparar com isso, conversei com o mestre Jedi em Acessibilidade Web no Brasil, o Clécio Bachini — Cientista da Computação e que trabalha com desenvolvimento web desde 1997. Ele me passou os macetes de como fazer a avaliação e separar por tópicos a lista de recomendações que surgiria a partir desse levantamento.
Ao invés de separar por uma lista de recomendações nível A, depois uma lista de nível AA e assim por diante, o Clécio sugeriu dividir as recomendações em pilares palpáveis. Os pilares sugeridos foram:
EXPERIÊNCIA: Seria tudo aquilo referente a experiência do usuário, o UX de fato. Se encaixariam nesse tópico toda recomendação referente à interface, forma de uso e a otimização do mesmo.
CONTEÚDO: Tudo o que se refere ao conteúdo textual e visual que tem por objetivo passar uma informação.
TÉCNICO: Seriam todas as recomendações que afetam o código da página, HTML, etc.
Ao fazer essa "separação" por pilares, foi possível olhar novamente para a TABELA 1 e classificar as recomendações dentro de cada item, conforme a TABELA 2 abaixo:
A nova classificação das recomendações de acessibilidade
Após essa classificação, modificamos a forma como as recomendações eram enxergadas por nós. Voltamos para a lista da WCAG 2.0 e analisamos todas as 61 normas abaixo de cada item principal. Pudemos separar estes itens conforme nosso contexto — de portal imobiliário e serviço digital — e montar uma outra lista de heurísticas conforme os pilares de experiência, conteúdo e técnico. Com essa reformulação, conseguimos estruturar uma lista de 33 heurísticas de UX (TABELA 3) que será base para tornar o VivaReal um portal de conteúdo web acessível.
Nesse primeiro momento, utilizamos essa lista para realizar a Avaliação de Acessibilidade no portal. Para isso, transformamos as afirmações em perguntas e respondemos o que atendemos ou não. Nesse processo, algumas heurísticas foram retiradas por não se encaixarem em nosso contexto. Por exemplo, atualmente não temos seções de vídeo, mas como recomendação futura a heurística "Deve ter legendas ou opção para isso em vídeos" permanece, caso um dia o portal venha a ter esse tipo de conteúdo.
Conforme a análise, constatamos que atendemos apenas 31% das recomendações de acessibilidade, sendo que:
- De 16 heurísticas do pilar "Experiência", atendemos apenas 6;
- De 7 heurísticas do pilar "Conteúdo", atendemos apenas 1;
- De 6 heurísticas do pilar "Técnico", atendemos apenas 3.
Com a lista de recomendações em mãos, teremos base para tornar as interfaces de nosso portal mais acessíveis, além de utilizarmos como base para os "Design Principles" que o time de UX Specialist está elaborando e que será assunto para um próximo post. :)