Da representatividade da mulher negra ao Grammy

Victor
Vivendo Hip Hop
Published in
2 min readJul 13, 2020

Aos 22 anos, em 1998, grávida de seu primeiro filho, Lauryn Hill lançou seu álbum solo de estréia. Nas batidas do Hip Hop, busca influências no soul, no reggae e no R&B. “The Miseducation Of Lauryn Hill” fala da força e da fragilidade feminina. Hill versa sobre a capacidade de ultrapassar desafios, dúvidas e medos. Conta que chora, que sofre, deixando claro que não é uma diva intocável, mas alguém que aceita a sua fragilidade.

Ao passo que se expõe dessa forma, Lauryn mostra também como está viva, digna e consciente do poder que carrega. Dentro dela está uma história de sobrevivência. No decorrer do álbum, canções cada vez mais ferozes e emponderadas. É na sua afirmação enquanto mulher negra que ela estabelece o seu foco. O empoderamento feminino foi a marca que tornou o disco um divisor de águas para o Hip Hop, escancarando as portas para o surgimento de novos artistas. “Miseducation” é combativo e político, critica da Casa Branca às gravadoras e quem faz tudo pela fama.

“Do fundo do meu coração, a resposta estava em mim; e eu organizei minha mente pra definir meu próprio destino”

O disco reflete sobre o amor, um amor que ela vê surgir a partir do outro, mas que depois entende que começa em si mesma. É um ensinamento de amor próprio.

Lançado na época de estrondoso sucesso de artistas como Snoop Dogg e Nas, o álbum de Hill vira um dos centros da atenção do grande público, como algo grandioso, único e memorável. Num universo musical focado na autopromoção e no ego inflado, a cantora aparece para educar as pessoas.

Em 1999, ganhou o prêmio de Álbum do Ano no Grammy. Lauryn Hill recebeu mais nove indicações, vencendo quatro delas. O feito fez a artista entrar para a história como a primeira mulher a vencer cinco prêmios na noite. 22 anos depois, “Miseducation” se mostra igualmente influente, forte e profundo, sendo uma verdadeira relíquia da cultura Hip Hop.

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