“Se o Carandiru fosse alguém, seria o diabo”
Foi em 1998 que o fotógrafo João Wainer pisou no Carandiru pela primeira vez.
Ele foi direto ao Amarelão — andar onde ficavam os presos jurados de morte, que não saíam nem para o banho de sol. Era um dos lugares mais apavorantes do Carandiru, conta o fotógrafo.
Lá dentro, Wainer viu e fotografou muita coisa. Um fato marcante foi ter registrado Dexter e Afro-X na cela 509-E, que deu nome ao grupo formado ali mesmo no Carandiru.
Uma foto de 2001, em especial, foi destaque no Brasil e no mundo quase duas décadas depois. A imagem é de um detento tocando guitarra no pátio do presídio.
Em 2018, a foto virou capa do disco Bluesman, de Baco Exu do Blues. O disco fez bonito tanto em conceito quanto em música, e garantiu a Baco um prêmio internacional no Festival de Cannes, superando Jay-Z e Beyoncé.
O Carandiru foi o maior presídio que já existiu na América Latina. Cerca de 150 mil detentos passaram por ali entre 1956 e 2002. Lá aconteceu um massacre em 1992, em que 111 presos foram covardemente assassinados, e foi onde o Brasil viu nascer a maior organização criminosa do país, o PCC.
“Se aquelas paredes falassem ninguém acreditaria no que elas teriam para contar. Se aquelas celas pensassem, já teriam enlouquecido há muito tempo. Se o Carandiru fosse alguém seria o diabo” João Wainer.
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