Adeus, Bicicleta!

Um relato de uma bike roubada e o esforço para buscar dados sobre furto de bicicletas no Brasil

Sérgio Spagnuolo
Volt Data Lab

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Um indivíduo adentrou o prédio onde moro pela garagem térrea, escondendo-se por trás de um carro que entrava no edifício, em Curitiba. Foi por volta das 14h de quarta-feira do dia 11 de março de 2015. Ele assim prosseguiu para o bicicletário, onde arrombou a grade do local (sem estourar o cadeado), levando apenas a minha bicicleta.

Ora, divido meu tempo entre São Paulo, onde estão os negócios, os amigos e a família, e Curitiba, onde minha mulher trabalha. Também morei alguns anos no Rio de Janeiro.

Assim, após esse incidente, devidamente notificado às autoridades e a alguns fóruns de ciclistas em redes sociais, decidi pesquisar sobre os roubos de bicicletas no Brasil, qualquer Estado ou cidade que fosse.

Não encontrei um grande cadastro nacional oficial sobre roubo de bicicletas, mas achei um banco de dados interessante e com dados suficientes para fazer um mapa.

O site Bicicletas Roubadas, idealizado pelo fotógrafo carioca Pedro Cury, possui mais de 2.000 ocorrências, a maioria dos últimos 10 anos, mas algumas que datam até 1995.

Entrei em contato com Cury pedindo os dados para a minha pesquisa, mas ele cordialmente me respondeu que não seria possível ainda.

Por mais interessante que seja o site dele, eu queria ter os dados brutos na minha mão, a fim de fazer uma análise desse material, e não apenas consultar bikes que tenham sido roubadas.

Mas eu estava decidido a compilar essas informações, e decidi fazer uma “raspagem” (ou seja, utilizar um programa para pegar esses dados pra mim — no caso, o Import.io) no site dele, obtendo todos os dados Estado a Estado. A limitação disso é que minha pesquisa está limitada a meados de março de 2015.

Você pode acessar a tabela completa aqui, na página de dados do Volt. Vale notar que algumas das bicicletas nessa lista foram recuperadas, mas é impossível dizer quantas. No entanto, em algum momento foram roubadas.

Outra coisa: algumas localidades indicadas, especialmente no Acre e em Roraima, não constavam na lista oficial de cidades, sendo impossíveis de indexar com precisão, então foram deixadas de lado no mapa. Teve lugar que nem busca no Google encontrou, ou se encontrou, foi em Portugal.

Sendo assim, parti para fazer um mapa interativo que delimitaria três coisas:

1. A quantidade de ocorrências por Estado (em azul gradiente, no mapa)
2. Pelo menos um exemplo por cidade de bicicleta roubada, mostrando o ano, a descrição e separando por categoria de crime: Roubo (com ameaça física) ou Furto (sem ameaça física).

OpenStreetMap contributors © CartoDB CartoDB attribution

Depois, quis fazer um mapa que mostrasse a progressão dos dados obtidos levando em conta o ano da ocorrência e o Estado em que aconteceu.

O resultado desses mapas interativos você pode ver aqui, na página do Volt, já que esta plataforma de publicação Medium aparentemente não permite colocar elementos até mesmo simples de programação.

OpenStreetMap contributors © CartoDB CartoDB attribution

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Sérgio Spagnuolo
Volt Data Lab

Jornalista, editor e fundador da agência de jornalismo Volt Data Lab (www.voltdata.info). Coordenador do Atlas da Notícia, uma iniciativa sobre jornalismo local