Sabor da vida

Renan Wrubleski
Voz e Vez
Published in
3 min readJun 7, 2016

Claudinei ganha a vida vendendo bombons

É com essa alegria que ele cativa seus clientes.

Quem vê Claudinei Carvalho vendendo as trufas que a mulher dele faz, nem imagina quantas histórias ele tem para contar e por quantas situações ele já passou até chegar ali.

Nascido em Campo Mourão, no Paraná, mudou-se, aos 18 anos, para Cascavel, pelo fato de ser convocado para servir no exército. Na época foi com bastante medo que Claudinei vestiu a farda, por causa dos inúmeros comentários que eram feitos, de que iria apanhar e iria ser difícil. Mas foi totalmente ao contrário. Claudinei adorou a experiência e, ao completar o primeiro ano obrigatório, ele ainda quis ficar, e graças a sua disciplina e bom desempenho durante aquele ano, ele conseguiu.

Claudinei aposta na criatividade na hora de criar sabores.

Naquele tempo o exército trabalhava com uma promessa de uma carreira de estabilidade. Completando nove anos na instituição, os soldados acabavam ganhando mais segurança naquele trabalho, uma vida realmente mais estável. Quando Claudinei começou, era ele e mais 40 rapazes. Com os nove anos sendo concluídos, restavam apenas 13. Com isso, o vendedor de trufas tinha a esperança de continuar no exército e fazer a tão sonhada carreira militar. Porém, foi aí que a surpresa veio. Todos foram dispensados, sem nenhuma explicação. Ele conta isso muito emocionado, a decepção não foi apenas porque estava prestes a ter uma carreira de estabilidade. “Eu gostava do exército, tinha paixão. E daí nove anos acabaram parecendo nove dias. Ninguém deu uma explicação, mandaram embora e pronto”.

Ele tentou outros empregos e fez até mesmo um curso superior, se formou em Ciências Contábeis, mas não conseguiu se encaixar no mercado de trabalho. Segundo ele, o que a faculdade ensina não prepara para a selva que é o mercado de trabalho. “O professor nunca chegou e falou: hoje vamos entrar no site da Receita Federal, estudar sobre imposta de renda. E isso é a vida do contador”.

Nem o frio atrapalha sua rotina.

E foi em meio a todos esses obstáculos no caminho que Claudinei e sua esposa encontraram um meio de trazer renda para família: fazendo e vendendo trufas. A mulher do vendedor aprendeu a receita com a irmã de Claudinei e agora, durante seu tempo vago, faz os doces para o marido vender.

Nesses cinco anos vendendo trufas, Claudinei não tem mais só a família e o exército como paixões. Agora, os doces fecharam essa tríplice que mantém o sorriso no rosto do vendedor de bombons.

Fotos por: Roberta Petrosk

--

--