Cortes em bolsas de pesquisa, luta contra a Ditadura Militar, coronavírus em Moçambique e mais #5

Imagem: Reprodução

Olá! Esta é a quinta edição de Vozes Pela Diversidade e temos uma novidade! Durante este período de pandemia, vamos trazer para você, na seção Vozes Pela Ciência, relatos de diferentes partes do mundo produzidos pelo Observatório do CEMI — COVID-19, projeto do Centro de Estudos de Migrações Internacionais da Unicamp.

A publicação dos relatos em nossos canais é uma parceria entre nós, do Vozes Pela Diversidade e o CEMI. Sabe o que você ganha com isso? Visões mais alternativas sobre os impactos da Covid-19. Boa leitura!

Frase da Semana

“Falemos de economia, contudo não nos termos da elite predatória. É momento de decidirmos em que aspecto do nosso modo de viver queremos injetar criatividade” João Roberto Bort Júnior, cientista social

Governo corta bolsas e exclui área de humanas das prioridades

Duas ações do governo Bolsonaro estão repercutindo na comunidade acadêmica brasileira. No momento em que a produção científica ganha ainda mais relevância por causa do novo coronavírus, bolsas de pós-graduação foram cortadas e a área de ciências humanas foi excluída das prioridades. A portaria 34, publicada pela Capes, no Diário Oficial, reduz em até 50% o número das bolsas destinadas aos programas de pós-graduação. Contudo, o combinado inicial entre o órgão e entidades acadêmicas era que os cortes não poderiam passar de 10% do total de bolsas. (GAUCHÁZH) “É difícil acreditar que a Capes queira intencionalmente afetar de forma tão destrutiva tantas pós-graduações internacionalmente reconhecidas e tantos estudantes promissores”, escrevem os pesquisadores da USP Luis Raul Weber Abramo e Luiz Vitor de Souza Filho. (Folha) “A redação da referida portaria indica que poderá haver redução significativa de bolsas de mestrado e de doutorado em todos os programas de pós-graduação, independentemente de sua qualidade ou qualquer outro critério objetivo. Assim, sua implementação poderá levar o sistema de pós-graduação nacional ao colapso”, afirma manifesto da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e endossado por mais de 60 entidades científicas. (Jornal da USP) No campo da política, o senador Humberto Costa (PT-PE) apresentou um projeto de decreto legislativo para suspender os efeitos da decisão federal. (Folha de Pernambuco) Para ilustrar a situação: com a portaria, Ikaro Alves de Andrade, aprovado em 1º lugar no programa de doutorado em biologia microbiana da UnB, não terá bolsa para desenvolver seus estudos no doutorado. Ele está trabalhando no sequenciamento genético do novo coronavírus, no Distrito Federal. (BBC Brasil) Já o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e o Ministério da Educação (MEC) reduziram mecanismos de financiamento de pesquisas na área de ciências humanas. Por meio de uma portaria, MCTIC excluiu as ciências humanas das áreas prioritárias dos projetos de pesquisa desenvolvidos pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. (Folha)

Ditadura militar e as minorias

Há 56 anos o Brasil passou por um golpe civil-militar que instaurou uma ditadura no país. Como a História nos mostra, o regime foi extremamente violento com aquelas e aqueles considerados adversários.

Como as mulheres, pessoas negras e LGBTI+ eram tratadas pela Ditadura Militar? Selecionamos alguns textos que tratam sobre o tema:

A ditadura militar (1964 -1985) espionou, perseguiu e minou a luta de movimentos raciais no Brasil.Documentos confidenciais obtidos pelo UOL junto ao Arquivo Nacional revelam que militares se infiltraram nos grupos, ficharam os líderes e tentaram a todo custo impedir que a luta dos negros crescesse. Durante o regime, 41 líderes negros morreram ou desapareceram após supostas ações militares, segundo dados da Comissão da Verdade de São Paulo. (UOL)

O clube de mães a organizações estudantis, comunidades eclesiais de base, partidos, sindicatos e as que pegaram armas –haviam mulheres lutando por todos os lados durante a ditadura.Assim como hoje, foram duramente reprimidas. Foram elas também que iniciaram o importante movimento pela Anistia. (Memórias da Ditadura)

Homossexuais, travestis, prostitutas e outras pessoas consideradas “perversas”, ou “anormais”, foram alvo de perseguições, detenções arbitrárias, expurgos de cargos públicos, censura e outras formas de violência durante o regime militar.Em resposta, a comunidade LGBT criou movimentos de resistência inspirados nas organizações de luta por direitos de homossexuais, surgidas no contexto internacional.(Memórias da Ditadura)

Jornalistas na cobertura da pandemia

Diante dos riscos que profissionais de imprensa correm na cobertura da pandemia do novo coronavírus, a organização Repórteres Sem Fronteiras ampliou serviço de assistência para jornalistas. O apoio oferecido a jornalistas vítimas de represália também será dado aos profissionais impactados pela doença. (Abraji) O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) está preocupado com a situação destes profissionais. Além de produzir material com recomendações de segurança, a organização lançou a campanha #FreeThePress que pede a libertação de todos os jornalistas presos pelo mundo. (CPJ)

Para ler, ouvir e assistir

Revista Gama mostra a estratégia de mulheres para aumentar a liderança feminina no ambiente corporativo. As empresárias entrevistadas contam como buscam ajudar outras mulheres nesta caminhada. Clube Lesbos reúne, em seu site, listas de livros lésbicos, de autoras negras e de filmes lésbicos. No Instagram, um post congrega ainda lista de podcasts feitos por mulheres lésbicas. LGBTeses reúne trabalhos acadêmicos e jornalísticos com a temática LGBTI+. Revista Senso mostra como grupos religiosos pela cidadania LGBTI+ estão se organizando pelo Brasil. Faxina Podcast conta a história de faxineiras e faxineiros brasileiros que vivem nos Estados Unidos. Murilo Araújo, do Muro Pequeno, realiza uma série de lives em seu Instagram neste mês de abril. Entre os temas das transmissões estão teoria queer e masculinidades negras.

Para participar

Pixel oferececurso online e gratuito sobre Storytelling. As aulas são em inglês.

Vozes Pela Ciência

Observatório do CEMI — COVID 19:Marílio Wane descreve como o vírus da Covid-19 chegou em Moçambique.Diretamente de Maputo, ele relata que, segundo fontes oficiais, existem oito casos positivos para o coronavírus no país (28/03). “Entretanto, há no senso comum, a ideia de que a baixa capacidade de diagnóstico existente no país (dez testes por dia) indica haver um número muito maior de casos”, escreve Wane.