Representatividade LGBTIQ+ na música brasileira: 14 nomes para ouvir na playlist Vozes Pela Diversidade #8

Jeferson Batista
Vozes Pela Diversidade
5 min readApr 23, 2020
Imagem: Reprodução Instagram

Frase da Semana

“Em países como o nosso, ela [pandemia] veio demonstrar a absoluta necessidade de se enfrentar a ciclópica desigualdade social, aqui estabelecida desde o início da colonização portuguesa”

Fábio Konder Comparato, professor Emérito da Faculdade de Direito da USP

Representatividade LGBTIQ+ na música

Sertanejo, pop, MPB ou rap? Qual é seu estilo preferido? Não importa. Artistas LGBTQI+ reclamam por representatividade e ocupam espaços em todos os ritmos. Nesta edição da newsletter, vamos listar cantoras e cantores clássicos, que foram e ainda são inspiração para muita gente, e nomes musicais fora da heterocisnormatividade que estão florescendo nos últimos tempos. E o melhor: você pode ouvir os nomes listados abaixo e outras (os) artistas da música LGBTQI+ em nossa playlist no Spotify!

Edy Star: ícone da contracultura na década de 1970, o cantor e ator baiano Edy Star, amigo de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Raul Seixas, foi o primeiro artista brasileiro a declarar-se gay publicamente, em 1975. Em plena ditadura militar, a figura andrógina de Star (algo parecido com David Bowie) fez com que ele fosse alvo frequente da censura. Em 1974, gravou seu primeiro álbum, o Swet Edy. Antes disso, em 1971, ele participou do álbum Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez, com Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Miriam Batucada. Para quem quiser conhecer mais sobre sua trajetória, vale assistir o documentário Antes que me esqueçam, meu nome é Edy Star, dirigido por Fernando Moraes e produzido por Zeca Baleiro.

Tuca: cantora, compositora e instrumentista assumidamente lésbica, a paulista Tuca, também na década de 1970, colocou em sua produção musical a questão do amor lésbico. Lançou dois discos: Meu eu (1966) e Drácula, I Love You, obra em que o homoerotismo aparece com força. Na canção Girl, o eu lírico convida outro mulher: Não tenha medo / Você não vai se machucar

Ney Matogrosso: considerado uma das maiores vozes do Brasil, Ney Matogrosso, ex-integrante da banca Secos & Molhados, também marcou época na década de 1970. Com performances e visual andrógenos, o artista conseguiu espaço na televisão mostrando a contradição da sociedade brasileira: de um lado aplaude uma figura como essa e, do outro, tem dificuldades em aceitar filhos LGBTs, por exemplo. O hit “O Vira”, do primeiro álbum de Secos & Molhados, “consegue ser lúdico e fazer referência à sexualidade de maneira sutil quando pede Vira, vira, vira homem, vira, vira/Vira, vira, lobisomem”.

Marina Lima: primeira artista mulher a assinar um contrato com a gravadora Warner, Marina Lima lançou seu primeiro disco, “Simples como Fogo”, em 1979. Entre as canções representativa estão “Anna Belle”, “Valeu” e “Na Minha Mão”.

Daniela Mercury: a rainha do axé music é casada com a jornalista Malu Verçosa, ambas têm utilizado a posição de destaque para lutar pelos direitos das pessoas LGBT. A diversidade sexual aparece cada vez mais em suas músicas. Além de falas politizadas em shows, é presença constante nas paradas do orgulho LGBT.

Danna Lisboa: a cantora trans busca influência em diversos estilos da música negra. Estreou com Ideias, álbum lançado em 2017, com participação de Gloria Groove.

Silva: já consolidado como um importante nome da MPB, Silva canta a brasilidade em suas canções. O capixaba já fez feats com Ivete Sangalo, Anitta e Ludmilla.

Ludmilla: começou no funk, como MC Beyonce. Casada com a dançarina Brunna Gonçalves, ficou conhecida nacionalmente com o hit Fala Mal de Mim. Com milhões de seguidores nas redes sociais, a cantora é um dos principais nomes da música pop brasileira.

Gloria Groove: a cantora faz parte de uma geração de drag queens que estão conquistando espaço na música brasileira, incluindo a pop star Pabllo Vittar, Aretuza Lovi e Lia Clark. Groove mistura pop com rap e é um ícone LGBT.

Urias: a cantora mineira lançou seu primeiro EP no final de 2019. “O que eu quis dizer é que o corpo trans mexe com o sentimento de desejo, mas também toca num lugar de muita raiva nas pessoas que ainda não entendi”, afirmou em entrevista sobre Diaba, seu hit. Amiga de Pablo Vittar, Urias também tem uma trajetória na moda, como modelo.

Lineker: “Ser uma mulher com um pau é revolucionário”, afirmou a cantora em entrevista, que estreou em 2015 com o EP Cru. A imprensa especializada ressalta sua voz ponte de soul. A cantora, que passou pelo processo de transição de gênero já conhecida, percorreu mais de 16 países levando seu potente trabalho musical.

Linn da Quebrada: atriz, cantora e compositora, Linn da Quebrada, nascida no interior de São Paulo, é um importante nome LGBT+ na música brasileira. “Tudo que a gente faz é política. A roupa que eu escolho para sair na rua é política, a escolha de sair maquiada ou não também. Cada palavra que eu digo numa música ou numa conversa informal é política, tem efeitos e diz respeito a uma atitude, a um posicionamento”, afirmou em entrevista. Em suas letras, amor, sexo, política e religião se misturam.

Johnny Hooker: E flutua, flutua. Ninguém vai poder, querer nos dizer como amar”, canta o artista pernambucano. Com três álbuns e um EP, Hooker mistura rock, pop e tropicalismo.

Gabeu: o gosto musical veio de casa. Filho do sertanejo Solimões, Gabeu quebra paradigma em um dos estilos mais populares do Brasil com o pocnejo, o sertanejo das pocs. “Vamos assumir o nosso amor rural/Sai desse armário e vem pro meu curral”, canta no seu hit Amor Rural. Nas redes sociais, os looks de “poc sertaneja” são compostos por chapéus, jaquetas jeans e botas.

Aqui fizemos uma seleção. Mas sabemos que existem muitos outros! Quem você acha que faltou na lista? Escreva pra gente, vamos incluir na nossa playlist no Spotfy.

Para ler, ouvir e assistir

Como anunciamos ali em cima, criamos uma playlist só com artistas LGBTQI+ no Spotfy. Mas não encontramos na plataforma os álbuns Sweet Edy (1974), de Edy Star e Dracula I Love You, de Tuca, que estão disponíveis no Youtube. É só clicar nos nomes para ouvir.

Para participar

Da filosofia clássica de Aristóteles ao feminismo de Judith Butler: planilha reúne links para mais de 450 cursos gratuitos de filosofia.

Vozes Pela Ciência

Observatório do CEMI — COVID 19: continuamos com os relatos que mostram os impactos da pandemia do novo coronavírus pelo mundo. A partir de agora, você pode ler os textos no site do Centro de Estudos de Migrações Internacionais da Unicamp.

Observatório nº 12: Fake News e Corona Vírus, ou Requiem para um milagre econômico (Bruno Franco Medeiros, Nova York).

Observatório nº 13: Coronavírus no Haiti: tensões entre o Estado e povo (Frantz Rousseau Déus, Campinas).

Observatório nº 14: Panelaços, cafés e o “mundo exterior” (João Pedro Rangel, São Paulo).

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