Murica apresenta ‘Maracutaia’, o terceiro álbum de estúdio do MC do Distrito Federal.
Carregando a essência do boom bap em batidas secas e levada conduzida com atitude, o disco se enriquece ao visitar novos ritmos — e já logo de início nos convida para um blues ao lado de Letícia Fialho. O discurso é sincero, poético e político, e na medida em que fala de luta, também reconhece os acertos e vitórias da sua caminhada.
“Maracutaia é um improviso como mecanismo de sobrevivência. Viver num país como o nosso em tempos tão sombrios requer muito jogo de cintura e essa é uma característica do povo brasileiro, a arte da gambiarra, a criatividade que supera a falta de recursos. E nisso eu vou evoluindo e ampliando os meus horizontes, explorando musicalidades e coisas que eu nunca fiz antes”, revela Murica.
Ao trazer referências da cultura brasileira e seus personagens, emana o sangue latino em sua poesia. Entretanto, não é exatamente do país tropical e alegre (que tanto nos ilustra) que ouvimos falar, e sim de uma realidade de sangue, suor e muita luta — e daí vem a grata surpresa de que, apesar dos pesares, enche os versos de esperança em um futuro melhor.
Quando transita por diferentes balanços, ‘Maracutaia’ se apresenta como um experimento musical elegante e genuíno. Produzido por MK, é o terceiro álbum feito em conjunto com Murica. Os trabalhos anteriores chamaram a atenção para além do cenário do rap e se apresentaram ao grande público, e nesse, parecem consolidar o seu manifesto musical.
O disco conta com nomes de peso que fizeram parte de sua construção. Letícia Fialho e Pedro Bakde participam da canção ‘Vermelho’, o rapper carioca Sain canta ao lado de Murica em ‘Segunda Feira’, NP Vocal na faixa ‘Hemisfério Sul’ e Dukes em ‘Maracutaia’. A direção de fotografia ficou a cargo de Mark Valer (@afaceinthecrxwd).
‘Maracutaia’ dialoga com verdade com a rua e a contracultura, mas também nos mostra um lado maduro e mais experiente de Murica — como quem se mantém sonhador, mas com os dois pés bem aterrados no chão.
