Uma cultura para chamar de nossa

Construindo as bases de identidade da VTEX

Bernardo Lemgruber
VTEX Tech

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Aviso: Talvez esse texto faça mais sentido para quem já conhece a VTEX.

Normalmente a gente sempre tem que começar respondendo o que fazemos, mas isso já dá (ou deveria dar) pra entender olhando o site e o brandbook. De toda forma, mesmo nesse grupo de quem já conhece tem vários níveis de conhecimento sobre a empresa.

Tem um grupo de pessoas que nunca ouviu falar na VTEX antes, essa é a primeira vez. Aí tem o grupo de pessoas que já foi em algum evento da VTEX, o grupo que já foi no VTEX Day mais de 4 vezes… Tem também a galera da VTEX! E tem quem é da VTEX é já foi em mais de 4 VTEX Days, por exemplo.

O ponto é que cada grupo tem uma opinião, uma experiência, uma história e um contato diferente com a VTEX. Quem é do time sempre vai ter uma experiência diferente de quem é novo no ecossistema, que vai ser sempre diferente de um cliente que já tá com a gente há 8 anos. Isso é natural.

Mas, essencialmente, a VTEX é a mesma empresa. Como fazer, então, com que você que tá lendo hoje pela primeira vez sobre a empresa e uma pessoa que trabalha há 6 anos lá entendam isso da mesma forma? Dá pra fazer? Não sei, mas vou tentar. É exatamente dessa jornada que se trata esse artigo.

A busca

Quando entrei nessa de cultura, fui buscar lá na Antropologia e na Sociologia uma base para entender o que eu tava fazendo. Afinal, nada melhor do que ler a galera que estuda o povo da Melanésia para tentar entender melhor a cultura da própria empresa. Nessa busca entendi que a cultura tem três pilares: a história individual, as modalidades sociais e as formas de expressão.

Ora, uma cultura é formada pelos indivíduos, pela interação entre os indivíduos e pela forma como eles se expressam entre si. Isso já ajuda a organizar melhor os pensamentos…. Quando separei os grupos de conhecimento da empresa no começo desse texto, estava identificando os diferentes níveis de interação entre as pessoas e a VTEX. Queria ter uma ideia de quão próximo cada um está de uma compreensão que pode ser quase total. Nunca vai ser. Nem a minha nem a de ninguém, porque esse é um sistema fluido, mas pode ser quase.

Tem alguns desenhos que ajudam a ilustrar e esse primeiro é justamente o pensamento radial que representa as manifestações da cultura em diferentes esferas de intimidade. De dentro pra fora, ou de fora pra dentro, tanto faz. Esse mindset tem sido determinante para definir a forma de pensar a nossa cultura.

E, no final das contas, o centro desse sistema é o indivíduo. Essa é a menor unidade de representação da cultura que a gente pode chegar. Na química o átomo foi por muito tempo essa unidade e depois descobrimos que tem outros elementos que formam esse átomo mas, como estamos falando de cultura e de pessoas, dá pra reduzir esses elementos num tópico que é a história individual — que engloba todos os fatores que nos formam enquanto seres humanos. A educação que recebemos em casa, as escolas que frequentamos, as amizades, a situação política do país, os relacionamentos... Tudo influencia.

Nesse sentido, em qualquer empresa, cada contratação modifica a cultura, cada demissão, cada pessoa. Todo mundo muda a cultura o tempo inteiro. E a graça é que a empresa tem, ela própria, uma história. Agora estamos em 2017, a VTEX é uma das melhores do mundo, já temos escritórios em 12 países e mais de 250 pessoas no time. Como você define a cultura de uma empresa nesse estágio? Bom, você pergunta para as pessoas.

O processo

Fizemos uma série de grupos para discutir abertamente os valores, as características e o que nos identifica. Foi um mês intenso e que nos mostrou a pluralidade desse time maravilhoso e ajudou a ver onde estavam as diferenças, onde estavam as similaridades e, olha, não foi nada fácil compilar isso tudo.

E o processo já tinha começado muito antes disso. A marca mostrou pra gente que a VTEX é um organismo que gera valor através da troca e dos encontros. Por isso, por exemplo, a interseção é muito importante pra gente. Nossa missão, afinal, é aproximar os talentos das corporações.

Conversar com as pessoas reforçou a importância da linguagem e do discurso. Da gente alinhar as palavras, as expressões, e falar o mesmo idioma. Não adianta nada eu falar aqui de liberdade e o Geraldo falar de liberdade de uma forma completamente diferente. Se o Mariano fizer a mesma coisa, aí é que o bicho pega.

E o cenário pra gente, tá melhorando, mas é bem esse: respeitando essa dinâmica de desestrutura organizacional, cada um fala da maneira como acha melhor e a gente perde muito em alinhamento. Então o primeiro papel da cultura é alinhar o discurso, criar essas forma de expressão comuns, compreensíveis e reprodutíveis.

Daí a gente pode entrar num tema que é a técnica da cultura. Nem sei se tem isso, mas imagino que seria algo por aí. Mas o importante agora são essas definições do que é a base da nossa cultura. E vou trazê-las em várias esferas diferentes.

As definições

A primeira esfera é o que se vê de fora, que tá intimamente relacionado com o que a gente fala, com a forma como a gente se comunica e toma as decisões. Nessa esfera, se você conhece a VTEX, provavelmente vai reconhecer os pilares.

O primeiro é trust to be trusted. Confiança. Não tem como uma organização como a nossa funcionar sem confiança. Essa é a grande base de todas as relações que envolvem a VTEX. Confiar para receber confiança. A gente confia a priore.

O segundo é build for community. O VPS é um dos maiores reflexos do nosso mindset de comunidade. Ele já foi a nossa convenção anual do time, mas chegou um momento que a gente viu que não cabia mais ficar só entre a gente. E o sucesso da segunda edição pode falar mais que eu. Olha o tamanho desse palco!

O terceiro é be bold. A gente é rosa. No meio das empresas de tecnologia, num mundo corporativo bem careta, o que poderia ser mais ousado do que usar rosa como cor principal da marca, né?! E a gente é B2B, não adianta nem pensar que é pra só pra ser cool.

Pronto, esses são os pilares principais. Isso é o que todo mundo, em todas as esferas de intimidade tem que absorver de alguma forma. Obviamente, quem é novo vai entender isso de uma forma e quem tá há mais tempo, vai ter outra percepção. Talvez até já saiba disso tudo mas nunca parou pra pensar ou colocou em palavras.

Se a gente começa a entrar nessa intimidade, vamos dar um salto pra dentro. Como isso se reflete pra dentro da empresa? De que maneira isso guia as nossas decisões? Eu sou um fã inveterado do diagrama de Venn… E, não por acaso, ele tem interseções!

Então, vamos partir do princípio de que quem é da VTEX entende o que cada um desses pilares significa, o que acontece se a gente mistura eles? Aqui já tá quase alquimia, você mistura os ingredientes para criar uma nova receita:

No nosso caso, o que acontece quando você mistura ousadia com confiança? Você abraça os erros. Entende que eles fazem parte do processo, perde o medo de experimentar e aprende cada vez mais a como fazer melhor.

E quando você mistura ousadia e comunidade? Você entende que “nós” é maior que “eu”. E é importante falar isso, porque a gente acredita que uma decisão certa é a melhor para a maioria e a gente faz isso do negócio ao produto, passando pelos eventos e tudo, basicamente, o que a gente faz.

Ainda falta a mistura de comunidade com confiança. Nesse lugar, a gente entende que todo mundo deve ser público. Ser público é o equilíbrio entre conquistar a confiança e contribuir com a comunidade. A gente já faz essa dinâmica internamente, cada vez com mais assertividade e valor e começa, com o VPS por exemplo, a trazer isso pra fora.

Dito isso ainda falta o centro dessas interseções todas, né?! Lembra que no começo eu falei que na esfera de intimidade o centro era o indíviduo? Nesse nosso caso aqui o “ser” é o que importa. Não adianta falar, não adianta fingir. Você tem que ser. E na nossa cultura, quem não é não se encaixa. Então o centro desse diagrama nos aponta que devemos ser o que a gente espera dos outros.

Pra quem tem dúvida do que isso significa, eu vou explicar melhor: eu não posso cobrar o outro se eu não faço. Não posso apontar, se não for ajudar ou puder fazer melhor. Então antes de qualquer coisa, boa ou ruim, eu tenho que refletir como eu sou nesse aspecto. Que é uma coisa que a gente faz pouco, normalmente, mas que vai ajudar muito a evoluirmos como pessoas e como empresa.

E o que sai daí? Tudo. Daí a gente começa a gerar outras manifestações para essa cultura: valores individuais, práticas, princípios de liderança e mantras de trabalho, por exemplo.

Isso que tá aqui é nosso DNA, o centro gravitacional da nossa existência. Se a gente caminhar junto falando a mesma língua, vamos chegar muito mais longe.

Conclusão

Seria precipitado concluir esse texto com algo definitivo pois a natureza desse trabalho é inconstante. Como disse antes, cada pessoa influencia o tempo inteiro na cultura da empresa e a beleza está justamente nessa imagem única de um coletivo tão diverso. A imagem é a VTEX — ela representa a unidade desse todo que é formado por cada pessoa que é, foi e ainda será parte do time.

Quando estava montando essa apresentação para o VPS, numa conversa com o Geraldo e o Mariano, falamos sobre o quão incrível é ver que a nossa empresa e a nossa forma de trabalhar nos torna pessoas melhores para além do trabalho. Os valores que usamos como base da nossa cultura podem e devem ser levados para a vida por quem acreditar neles como forma de agir, pensar e fazer escolhas melhores.

Isso que estamos construindo vai muito além de uma plataforma de e-commerce. O desafio agora é tangibilizar e trazer essas ideias para o dia-a-dia de modo que nos sirvam de critério nas tomadas de decisão e inspiração para o trabalho. E isso só será possível se todos (e cada um) participarem dessa construção. Bora?

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Bernardo Lemgruber
VTEX Tech

Brand and Culture at VTEX & Host at CreativeMornings Rio.