3.15.20 — Donald Glover Presents/Childish Gambino
Da série: Arte Negra Importa
Segundo o próprio cantor, esse se trata do último álbum do artista sob o pseudônimo Childish Gambino.
“Lançado” discretamente através de um site que rapidamente se espalhou pelos fãs, o álbum só foi lançado oficialmente alguns dias depois.
No site do lançamento, disponível por apenas 24 horas, possuía a arte de uma cidade em chamas. A imagem foi imediatamente relacionada com os principais eventos de 2020. Porém, no site foi deixado um código que, depois de ser decodificado, levaram para uma carta escrita a mão pelo próprio cantor.
Nela, podemos ver os pontos chaves para interpretar o álbum: a cena que vimos se tratava de um sonho de Glover depois que o pai do cantor faleceu, onde ele também relata ter conversado com o cantor Prince durante outro sonho.
Luto é algo presente em todo o álbum, além da experimentação e futurismo de Prince, sendo evocado em diversos momentos.
Outros temas que aparecem no projeto são: amor, racismo, questões econômicas e internet.
Também é possível observar um esforço formal do cantor em fazer o álbum alcançar, estranhamente, o menor número de pessoas possível. Além da falta de título na maioria das canções, reconhecidas apenas por sua minutagem, foi usada uma capa branca para o álbum. Pode-se observar que o vídeo completo do álbum no Youtube está desmonetizado.
Isso comunica muito bem o pessimismo em boa parte do álbum, um sentimento de derrota de um sistema mercadológico que Glover esteve inserido durante anos.
Ao final, vemos uma jornada completa, de cinismo, desespero, que passa por uma melancolia, euforia, e termina em auto aceitação, clímax do projeto protagonizado por um áudio do próprio filho de Glover.
Enquanto questiona onde vai encontrar amor próprio depois da morte do pai, a resposta vem, de novo, na paternidade, mas desta vez da outra ponta, como pai e não mais como filho.
Ao final, abandonando seu pseudônimo como Childish Gambino (como disse que faria), Glover diz sem pudor: “I Love Myself”.
