Atlanta — FX

Hudson Araujo
vulgo H.A.S opina
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2 min readAug 12, 2021

Da série: Arte Negra Importa

Earn, Alfred (conhecido como Rapper Paper Boy) e Darius, lutam no cenário musical de Atlanta para ter uma vida melhor enquanto lidam com suas questões diárias.

Com duas temporadas até o momento, é bem difícil definir a série da FX. Por mais que uns dos tons predominantes seja comédia, ele raramente se resume nesta categoria. É possível ver características de drama e até terror.

Uma das definições que o criador Donald Glover (músico, ator, roteirista e diretor) usou para a série foi a comparação com Twin Peaks. Série criada pelo diretor David Lynch, famoso por trazer em seus filmes um aspecto de sonho em suas produções. Podemos dizer que ele utiliza do surrealismo, mas definir sua obra com esses padrões parece insuficiente, já que Lynch entrou na categoria de diretores que criou um estilo único e irreproduzível no cinema e TV.

Então o que essa afirmação nos diz sobre Atlanta? Antes de uma história, um dos principais objetivos da série é trazer uma sensação. Isso não quer dizer que a narrativa não seja importante. Em cada episódio nos afeiçoamos mais com os personagens, até com os secundários, nos aprofundando em seus pensamentos, crises e motivações.

Porém, este não é o principal foco da série, já que em vários momentos a narrativa fica em segundo plano, escondendo fatos, recortando e omitindo ocorridos, além de nos mostrar momentos que não tem correlação direto com a narrativa central.

Então, o que a série quer nos mostrar? Em uma das afirmações sobre Atlanta, Glover nos fala que uma das primeiras coisas que surgiram da produção é que ela iria mostrar como é ser negro nos EUA.

Então, os momentos de absurdo, as linhas de narrativas omitidas e outros momentos que nos aparecem durante a série tem outro significado: passar uma experiência. E com isso, todos os artifícios da produção, de roteiro à montagem, nos fazem ter uma sensação de desconforto e, muitas vezes, de perigo iminente.

Atlanta é uma produção que, apesar de ter um forte fator de entretenimento pelo seu humor, traz um grande desafio para o espectador de aceitar ser levado pela experiência de confronto e pelo mal estar que esta jornada nos leva. Nos recompensando, ao final de cada temporada, com a sensação de ter visto algo completamente novo, original, desconfortável e, ao mesmo tempo (por que não?), divertido.

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Hudson Araujo
vulgo H.A.S opina

Estudante de Letras, (inglês português), Redator, Escritor e outras coisas mais.