Moonlight — Barry Janks

Hudson Araujo
vulgo H.A.S opina
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2 min readAug 12, 2021

Da série: Arte Negra Importa

Um jovem negro cresce em Miami buscando sobreviver em um ambiente familiar e social hostil enquanto descobre seu próprio caminho.

Falar sobre Moonlight não é uma tarefa simples. Eleito como filme da década pelo portal Indiewire, há várias facetas pela qual comentar o filme.

Em um primeiro nível, é importante ressaltar sua importância histórica. Ao ganhar o Oscar de melhor filme em 2017, diversos recordes foram quebrados.

Foi o primeiro filme com elenco negro, o primeiro na categoria LGBTQI+ e o segundo filme com menor orçamento na história da premiação a ganhar na principal categoria. Entre outras tantas quebras de paradigmas do cinema Americano.

Apesar de todos esses marcos, a cerimônia deixou um gosto amargo na vitória no Oscar. La la land foi chamada na categoria principal, para só depois a equipe de Moonlight ser chamada no palco. Um desconforto difícil de ser ignorado quando se fala do filme como um todo.

Esteticamente, Moonlight é uma referência. Assimilando muito da sensibilidade e o ritmo do cinema asiático (Wong Kar-wai é uma forte influência), todo o registro e filmagem mostra muito respeito e admiração pela pele negra. São incontáveis os filmes, séries e videoclipes (e talvez propagandas) que reproduziram essa estética sensível, cheia de contrastes e cores muito fortes.

Além do aspecto racial, sexualidade é uma questão fundamental da narrativa. Parte do impacto e do conflito não está apenas na negritude ou sexualidade do protagonista, mas na junção dos dois e do ambiente social em que ele está inserido.

Em meio a tantas questões, talvez o tema que mais se sobressaia é a desconstrução masculina que o filme procura trazer. Ele apresenta a trajetória de um menino assustado, para um adolescente conflituoso e um adulto rancoroso, machucado e duro consigo mesmo e com os outros ao seu redor.

Com isso, o filme consegue representar os temas mais emergentes da última década: tensões raciais, sexualidade e a desconstrução do homem do século XX, viril e impenetrável, para a perpetuação de um novo padrão de masculinidade no imaginário coletivo, sensível e afetivo.

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Hudson Araujo
vulgo H.A.S opina

Estudante de Letras, (inglês português), Redator, Escritor e outras coisas mais.