To Pimp A Butterfly — Kendrick Lamar

Da série: Arte Negra Importa

Kendrick se tornou a voz de uma geração.

O álbum To Pimp A Butterfly, lançado em 2015, marca toda a luta de um movimento e um momento histórico nos EUA, além de carregar elementos atemporais da música negra americana que faz desse álbum um clássico já consagrado.

Neste projeto, o Rapper não trabalha sozinho, trazendo nomes como Thundercat, Kamasi Washington, Flower Lotus e tantos outros artistas que se destacaram em seus projetos solos nos anos seguintes, sem contar a participação de artistas já consagrados como Snoop Dog.

O som do álbum tem fortes influências do funk e R&B dos anos 90. Porém, o gênero que realmente incorpora todo o álbum é o Jazz, com frases e instrumentação típica em praticamente todas as faixas.

Com diversas referências da literatura afro americana, as letras de Kendrick são cheias de conflitos.

Depois de fazer sucesso com o aclamado good kid, m.A.A.d city, o Rapper repensar sua carreira e alcance, questionando sua influência com a comunidade, trazendo culpa e traumas por ter mudado a própria realidade, mas ainda ter amigos da infância morrendo pela dura realidade em seu bairro de origem.

No poema final, que dá o título ao álbum, vemos uma metáfora que representa muito bem todo esse sentimento.

Nele, o homem negro é uma lagarta, e quando ele vê seu potencial de criar beleza e significado, representado pela borboleta, há uma dissonância entre o que a lagarta acha que deveria ser o que ele encontraria depois da metamorfose.

Com esse poema, o artista mostra seu conflito interior. Ao mesmo tempo que ele vê suas habilidades, ele também vê todos os vícios e as limitações que foram gravadas em sua mente. O barulho da lagarta saindo do casulo ainda se assemelha muito ao barulho da bala ouvido nas ruas.

“You can take your boy out the hood but you can’t take the hood out the homie.”