Watchmen — HBO

Hudson Araujo
vulgo H.A.S opina
Published in
2 min readAug 12, 2021

Da série: Arte Negra Importa

Nesta minissérie, imaginada a partir do quadrinho de mesmo nome, acompanhamos uma realidade em que policiais e suprematistas brancos usam máscaras para se proteger. Essa dinâmica começa a ruir quando um importante policial é assassinado.

Com o seu showrunner, Damon Lindelof (Lost e Leftovers), e uma equipe de homens e mulheres negras na frente (como Regina King e Yahya Abdul-Mateen II) e por trás das câmeras (como Stephen Williams e Christal Henry), a narrativa foca na tensão racial dos EUA e cria uma história de super-heróis dinâmica, relevante, tocante e (muito) esquisita.

Todos os novos personagens são instigantes e complexos, ao mesmo tempo que os personagens da história original que ressurgem são trabalhados com muito carinho, desenvolvendo seus temas antigos enquanto incorporam a nova narrativa proposta.

Como no quadrinho original, a narrativa intercala muito bem eventos históricos e a ficção, dando desdobramentos imaginativos interessante enquanto comenta fatos históricos grandes e pequenos.

Na série, descobrimos histórias como o Massacre de Tulsa, em 1921, onde um próspero bairro negro foi destruído por brancos.

Ou até as cartas distribuídas pelo exército Alemão dizendo para soldados americanos negros que, diferente do país pelo qual lutavam, ali eles teriam direitos iguais e liberdades.

Esse mundo rico historicamente, cheio de detalhes e piscadelas para a história e estória, não é apenas uma construção pela a construção, mas faz parte da principal temática da série: o trauma como algo histórico, geracional e coletivo, e o perigo de abafar isso debaixo de uma máscara.

A narrativa deixa bem clara sua visão, o que nos sufoca como sociedade, corrói democracias e nos dá toda a tensão e violência são as máscaras que usamos, o anonimato, a frieza na defesa de ideais e a falta de reconhecimento das violências deixadas através da história.

Existe um convite para reconciliação, para abaixar as máscaras e deixar feridas históricas e pessoais (que na série são intrinsecamente ligadas) pegarem um pouco de ar.

Mas, como é comum em Watchmen, isso é deixado completamente em nossas mãos.

--

--

Hudson Araujo
vulgo H.A.S opina

Estudante de Letras, (inglês português), Redator, Escritor e outras coisas mais.