Reflexões sobre a Vida

Paulo Silveira
wabi-sabi
Published in
3 min readJul 3, 2018

Identificar questões fundamentais. Essa é uma forma de lidar com os problemas da vida. Essa abordagem é chamada de inversão. Considerar coisas tão elementares quanto o sono, a alimentação e a prática de atividades físicas. Mesmo assim, muitas pessoas deixam tais questões completamente de lado. Muitas pessoas tentam resolver os problemas da vida com senso comum, apenas se pautando em crenças pré-estabelecidas. As mesmas coisas de sempre, repetidas sem o mínimo questionamento.

Esse tipo de comportamento é relacionado ao conceito de caminho de menor resistência. Advindo da física, ele diz respeito à tendencia do menor dispêndio de energia possível. Considerando também nossa identidade, qualquer desafio à sua essência (sem falar de todas as coisas incorporadas a ela, na minha opinião, sem necessidade) é extremamente perturbador. Em um mundo de inovações tecnológicas constantes e, grosso modo, melhorias crescentes nas condições de vida, nunca estivemos tão mal da cabeça. Carl Jung diria que temos uma imensa dificuldade em controlar nossa sombra e, consequentemente, fortalecer nosso heroísmo mental.

Essa fraqueza (utilizo a palavra sem julgamentos de valor) implica num estado de dificuldades e tristezas. Não há pra onde fugir. O mundo em que vivemos é cada vez mais complexo. Isso é, conforme o tempo passa, nossa realidade é composta por mais e mais partes interconectadas. Logo, não sentir que a compreendemos confunde, irrita, entristece. Mas não é plausível compreender tudo, há muita mudança, muita complexidade, muita vastidão. É muito fácil sentir-se perdido nisso tudo e ninguém gosta dessa sensação.

A antítese da sensação de estar perdido é saber o que fazer com a própria vida. O que eu devo fazer da minha vida? Se essa pergunta foi feita é provável que se esteja sobrecarregado, uma simples tomada de decisão é uma tarefa hercúlea. O tempo da tecnologia, das redes sociais e da mídia de massa cria desejos para tudo, mas não podemos imaginar tudo que se pode desejar. Nessa infinidade de desejos, emaranhado de tristezas, uma coisa não deveria ser esquecida: o ser humano erra. Uma vivência e convivência harmoniosa, nos aspectos individual-espiritual e coletivo-social, depende da capacidade de compreensão e subsequente redução contínua dos erros cometidos.

Dito isso, uma alternativa para lidar com as questões da vida é pautada em dois elementos possíveis: discernimento e paciência. Dificuldades são inevitáveis, mas não é possível enfrentar todas elas ao mesmo tempo. Até porque nossas dificuldades são abstratas, existem na dimensão psicológica ou surgem através do conflito de crenças distintas de uma pessoa com ela própria ou entre pessoas diferentes.

Todo objetivo de vida está sujeito à dificuldades imprevisíveis e, portanto, inevitáveis. A questão não é vencer todas as batalhas, pelo contrário, é ter o discernimento necessário para somente travar as batalhas realmente necessárias. Vencer não é apenas lutar, é lutar quando e contra quem. De novo, é precisar considerar questões elementares. Ao iniciar uma empreitada é necessário estratégia, devemos desenvolver o autoconhecimento, diagnosticar e cultivar virtudes, diagnosticar e auferir vícios. Podemos fantasiar sobre o futuro, semana após semana, mês após mês e ano após ano e nunca sairmos do lugar. Uma pergunta pertinente para o processo de autocorreção é: como você se prepara hoje para alcançar o futuro que imagina?

Porém, a preparação exige paciência. Citando Richard Feynman: “tudo pode se tornar interessante se você se aprofundar o suficiente.” É improvável que esse tipo de reflexão surja nesse mundo frenético, portanto, dar um passo pra trás e analisar pacientemente nossa interação com o outro e com nós mesmos gera frutos para toda a vida. Dificuldades e tristezas sempre irão existir. Cabe a nós enquadrá-las de formas novas e diferentes. Acredito que o caminho a ser seguido é por aí…

Nota de reconhecimento: escrevi esse texto para sintetizar minha leitura e reflexões sobre o texto “When People Ask Me “What to Do With My Life,” I Answer: Pick Your Battles Wisely and Embrace Slowness.”, escrito por Andrian Iliopoulos.

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