Por que eu quero trabalhar com Discord?

Newton Fleury
Warlocks
Published in
5 min readAug 19, 2022

Um dos grandes paradoxos das chamadas “mídias sociais” é o quão pouco “social” de fato são. A “democratização” da produção e distribuição de conteúdo criou uma cultura centrada no indivíduo, baseado na relação influenciador-seguidor, e a promessa de descentralização da mídia foi um tiro pela culatra: 85% da verba de publicidade digital concentrada na mão de poucas grandes plataformas, que controlam os dados dos usuários, ativos de conteúdo, sua monetização e comercializam a distribuição através de algoritmos e verbas de impulsionamento.

A experiência do usuário, por outro lado, é muito pouco social: uma pessoa vendo passivamente vídeos no Tik Tok, não é muito diferente do que o telespectador zapeando centenas de canais na TV Paga. A diferença principal é na produção virtualmente infinita de conteúdo por milhões de pessoas, combinada com o uso de sofisticados modelos psicométricos baseados na gigantesca quantidade de dados captados e algoritmos de personalização com o objetivo de aumentar o tempo na plataforma e receita de publicidade.

As métricas das plataformas são autocentradas: alcance (função do algoritmo e verbas de impulsionamento) e “engajamento”, medido por likes em interações de poucos segundos. Não é a toa que cada vez mais as interações nas plataformas são mais curtas: mais vale para o modelo de negócio 100 interações de 10 segundos do que 10 interações de 100 segundos e as plataformas capturando a maior parte do valor e concentrando todo o esforço de promoção e risco de sucesso do conteúdo nas mãos do criador.

Os problemas de governança do modelo web 2.0 são conhecidos: impulsionamento de mensagens ideológicas ou de desinformação como se fossem publicidade; marcas que investiram milhões na construção de sua base de seguidores precisam alocar verbas de impulsionamento para garantir alcance; produtores de conteúdo e marcas não têm acesso aos dados de seus usuários e dependem da plataforma para se comunicar com seus fãs.

Nesse sentido, as Mídias Sociais são uma variação do modelo de mídia e broadcast tradicional, onde as marcas pagam para impactar seus consumidores, sendo muito mais um fenômeno de “Re-Intermediação” do que de “Desintermediação”, pois ainda segue uma lógica essencialmente “broadcast”. A experiência social dos usuários acontece primordialmente em comunicadores, que em geral são muito eficientes para pequenos grupos de pessoas, mas ineficientes para organização de comunidades de interesse para milhares de pessoas.

Por que o Discord?

Criado originalmente para ser um comunicador para gamers, o Discord meio que sem querer criou as bases para o futuro da internet: ele é “meio” que um lugar de conferências em vídeo e aúdio, fórum, comunicador peer-to-peer e de grupos, síncrono e assíncrono, tudo num só sem ser nenhum deles, alguma coisa no meio que o faz um ambiente único para comunicação. Algo como o Aleph, do conto de Jorge Luís Borges.

A essas características, soma-se o fato de ser uma plataforma aberta ao desenvolvimento de apps externos, deixando cada comunidade (chamadas de servidor) do jeito que ela quer ser: o Discord pode ser a esquina onde os músicos Milton Nascimento e Lô Borges se encontravam para compor os clássicos do “Clube da Esquina”; pode ser o clube onde a galera se encontra para trocar idéia, dividir os times e disputar uma pelada; ou a loja de jogos de tabuleiros onde RPGistas se encontram nos sábados para jogar seu jogo favorito com outros entusiastas do gênero. O vídeo-manifesto do Discord “Imagine a Place” começa com essa provocação: “What is Discord for you?”

Durante a pandemia, 100% da vida social do jovem se tornou online. Os gamers chamaram seus amigos e de repente o público mainstream descobriu o que os gamers já sabiam há muito tempo: que ter um ambiente para encontrar e passar o tempo com os amigos ou pessoas que gostam da mesma coisa que você é muito legal. (How Discord (somewhat accidentally) invented the future of the internet https://www.protocol.com/discord)

O Modelo de Negócios do Discord não inclui dados do usuário nem impulsionamento da distribuição, por isso ele tem o foco na privacidade e se tornou o lugar ideal para a constituição de DAO (Decentralized Anonymous Organizations), a forma principal de organização e governança de qualquer projeto relacionado a blockchain e web 3.0. Não é à toa que marcas como Adidas, Gucci, Budweiser, NBA e qualquer uma investindo em NFTs e Metaverso colocam o Discord como centro de sua estratégia: o valor da web 3.0 está na comunidade, e não existe melhor lugar na Internet hoje para construção de comunidades do que o Discord, segundo a Vogue Business, “The SoHo House of web 3.0” (https://www.voguebusiness.com/technology/how-discord-became-the-soho-house-of-web-30).

Um ambiente protegido por privacidade e anonimato, contudo, também tem seu lado negativo. Muitas pessoas se utilizam do recurso do anonimato para expor seu pior lado, com comportamentos tóxicos e discursos de ódio. Para manter sua comunidade saudável, é preciso ter uma estrutura técnica e humana. Existe uma miríade de ferramentas e melhores práticas de construção e gestão de comunidades, e esse ecossistema não pára de crescer e novas profissões como Gestor de Comunidades começam a ganhar importância.

Finalmente, o Discord é descentralizado. Cada grupo de usuários é uma comunidade própria, com suas próprias regras, configurações e aplicações. Isso permite que marcas e serviços construam ferramentas sociais para empoderar milhões de grupos de amigos do bairro, das escolas, trabalhos, influenciadores e de interesses específicos, trazendo uma camada social para sua oferta e atuando de forma descentralizada e muito mais integrada a jornada do usuário.

O que é a Warlocks?

A Warlocks acredita que o Discord é um ambiente único, que precisa de uma estratégia específica, com competências, conteúdos e métricas próprias para a Plataforma. Por isso, juntamos diferentes pessoas com “expertise de discord”: especialistas em inovação e estratégia digital, desenvolvedores de software, gestores de comunidade, especialistas em publicidade digital, games e metaverso, criadores de conteúdo e social apps para fazer “Mágica no Discord”.

E quais são nossos feitiços?

Acreditamos numa visão integrada de Estratégia de Comunidade (o que as pessoas vão fazer lá e como isso se integra a Estratégia de Negócio); configuração do servidor (estrutura de permissões, configuração das diferentes ferramentas do Discord e do Ecossistema externo: como fazer); criação de soluções tecnológicas específicas, com foco em engajamento e conversão; Gestão de Comunidades, com estratégias de ativação e bots e melhores práticas de moderação para garantir a saúde da comunidade.

Imagine uma empresa assim. É a Warlocks.

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Newton Fleury
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