Transição de Carreira: Quando e como fazer.

Como um Fisioterapeuta tornou-se Agilista após 20 anos.

João Paulo Vieira (JP)
Warren Tech
Published in
4 min readOct 5, 2022

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Sempre acreditei que a escolha profissional é uma das mais importantes da vida. E quando digo sempre, estou sendo sincero. Aquela conta de que “um terço” de sua vida você passará trabalhando ocupa minha cabeça desde criança: como passarei “08h por dia” em algo que não me preenche, que não me traz completude? E se eu escolher errado, o que irei fazer? Pois bem, parece que as perguntas infantis revelam um pouco do que iremos viver pois, após quase 20 anos da minha primeira escolha profissional, precisei tomar uma decisão.

Parece mais assustador do que na verdade foi (mas precisava chamar sua atenção, não é verdade?). O fato é que passei por um processo de transição de carreira após esses 20 anos, e vamos conversar um pouquinho sobre isso. Primeiro, vou contar um pouco das minhas motivações e, depois, sobre como a mudança vem se consolidando (e o que aprendi com isso).

Eu escolhi fazer vestibular para Fisioterapia, uma profissão que não conhecia bem, mas que depois descobri ser muito nobre. Se você não conhece bem o que o profissional fisioterapeuta faz, como ele atua, por favor entre em contato comigo: ficarei muito feliz em explicar. Resumidamente, os meus colegas atuam prevenindo problemas e/ou restabelecendo o movimento funcional humano e entregam aos pacientes um dos aspectos mais importantes da vida humana: a funcionalidade. É uma espetacular profissão da área da saúde.

Vivenciei muita alegria e satisfação no trabalho, e construí muitas coisas na vida graças a essa profissão. Mas sempre faltava algo, e foi doloroso perceber — ainda na faculdade — que meu caminho não era bem esse.

Em uma busca inconsciente de adaptação, me integrei em atividades de docência e pesquisa e segui aliando essas áreas com a fisioterapia. Fiz mestrado, estou cursando doutorado e fui professor de graduação durante 17 anos.

Lembra da questão do preenchimento, da completude? Nunca cheguei a sentir de verdade. Mas vou adiantar um pouco o “filme” e contar que a docência e a pesquisa me aproximaram muito da tecnologia e análise de dados. Bom, aí eu me encaixava mais. Sempre busquei estar próximo de grupos de pesquisa que trabalham com tecnologia aplicada, participei da publicação de alguns artigos legais, orientei alunos em pesquisas com movimento humano e realizei muitas análises de dados, tudo isso ao passo que me afastava da assistência fisioterapêutica.

O “filme” dá o último salto para, em definitivo, contar a vocês que em 2020 eu já estava infeliz com o rumo da minha carreira. Estávamos na pandemia e o prazer de dar aulas havia diminuído bastante, devido a algumas decepções com a educação de forma geral. Somem a isso à restrição do contato com os alunos e as coletas de dados das pesquisas terem parado.

Foi aí que coloquei para andar o desejo de mudar de carreira: decidi que iria migrar pra área de tecnologia, mas tinha sérias dúvidas se iria para o lado de desenvolvimento ou dados (pra depois descobrir que trabalharia aliando um pouco dos dois).

Mas voltemos ao título do artigo:

Quando fazer uma transição de carreira?

Quando não se sentir mais realizado, quando for negativa a resposta àquelas perguntinhas da infância. Quando sentir que está afastado de sua vocação, ou que precisa se aproximar mais dela. De uma coisa tenho certeza: a felicidade no trabalho está intimamente ligada à vocação e, quem sabe um dia, conversaremos um pouco mais sobre esse tema aqui. Quando o “quando” (motivação) surgir, passa-se ao “como”.

Como fazer?

Eu sugiro fazer um plano que contemple alguns aspectos:

  • Se pergunte: é esta a área/ profissão que vai me trazer a completude que busco?

Se afaste do risco (muito real) de estar fugindo de uma realidade dura fantasiada de infelicidade. É incrível a capacidade que o ser humano tem de criar essas sabotagens fantasiosas (e paro por aqui porque daria uma outra conversa). Mas busque ter certeza e firmeza disto.

Importante: perceba que coloquei área antes de profissão, porque podemos (e iremos) conhecer novos caminhos durante o processo. Eu acabei descobrindo e migrando para agilidade ao buscar o caminho de tecnologia.

  • Investigue sobre a formação/ nível de conhecimento necessários para essa mudança.

Converse com profissionais da área, leia bastante, assista vídeos. Essa parte talvez seja a mais fácil por termos acesso a “tudo” hoje em dia, mas não a subestime.

  • Prepare-se para a mudança.

Você provavelmente partirá de um patamar na profissão onde se encontra para outro, certamente menor, “na profissão destino”. Poderá sair da condição de professor para aluno (literalmente, como eu) e é necessário estar pronto pra isso. Também estime um tempo para a mudança e tenha um planejamento financeiro!

  • Aproveite toda a sua bagagem.

Aqui vou contar um pouco do meu processo. Na mudança, eu comecei um período como trainee em uma empresa de tecnologia de alguns amigos. Enquanto me dedicava a aprender os conhecimentos técnicos, contribuía com minha “bagagem” de soft e hard skills. Ter oferecido minhas habilidades com análise de dados me permitiu conhecer a área que trabalho hoje: agilidade.

  • Curta a jornada, sabendo que turbulências podem ocorrer.

O preparo também deve ser feito a nível psicológico. Você estará saindo de uma certa zona de conforto e este processo trará as provas próprias.

Por fim, aproveite, aprenda em tudo e lembre-se, sempre, da sua motivação: realizar-se com a sua atuação profissional.

Atribui-se a Confúcio o pensamento de que, se és feliz no trabalho, não terá a sensação de peso ao vivê-lo cotidianamente.

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