Os desafios (e oportunidades) de ser o primeiro profissional de UX em uma empresa!

João Pedro
Way2rocks
Published in
5 min readOct 23, 2020
Photo by Amélie Mourichon on Unsplash

Introdução

Com a concorrência cada vez mais acirrada por novos clientes, muitas empresas (infelizmente nem todas) têm enxergado o valor gerado por um profissional de UX como diferencial em seus produtos e serviços, tornando-os, dessa forma, mais interessantes aos seus clientes.

Como já sabemos, a primeira impressão é a que fica e, realmente, um design atraente tende a ser um fator de decisão para muitas pessoas, mas, contudo, a preocupação com a experiência do usuário, em todos as etapas de sua jornada, deve ser a prioridade para aqueles que desejam entregar o máximo de valor em seus produtos e serviços.

A implantação de um processo e cultura de UX está longe de ser uma tarefa fácil e, através deste meu primeiro post aqui no Medium, vou trazer algumas dicas e contar para vocês como foi a minha experiência como o primeiro profissional de UX que colocou os pés na empresa ;)

Vocês estão prontos? Então fique confortável em sua cadeira e vem comigo!

Disseminando a Palavra UX

O termo UX tem sido amplamente difundido e ganhado força nos últimos anos, porém muitos ainda não sabem exatamente quais são as atribuições de um profissional dessa área. E aqui vai a minha primeira dica: se apresente e introduza os conceitos e ferramentas de UX para os colaboradores da empresa.

Contando um pouco sobre o meu caso, a empresa pela qual fui contratado teve somente alguns contatos superficiais com profissionais de UI e UX através de serviços terceirizados e consultorias, mas nada que trouxesse um grande impacto na cultura de experiência do usuário ou na evangelização dos próprios funcionários acerca do assunto.

Sabendo disso, o primeiro desafio foi disseminar as ideias dos mestres Don Norman e Jakob Nielsen, através de workshops e apresentações, com o objetivo de deixar todos na mesma página e mostrar que UX não se resume a uma dúzia de telas, mas que elas são o resultado de um enorme processo de descobertas e validações.

Dessa forma, todos estavam cientes do meu escopo de atuação, o que significava UX na prática e como eu poderia ajudá-los para, assim, oferecermos uma experiência cada vez mais agradável aos nossos clientes.

Criando o Processo

Criar um processo de UX é de extrema importância, visto que diminui esforços com retrabalho e o ruído entre expectativa x realidade das entregas para os clientes, além de, é claro, melhorar a comunicação e interação entre as áreas. Então, minha segunda dica é: crie um processo de UX. Mas lembre-se: um processo requer adaptações e é um organismo vivo que está sempre em melhoria contínua.

Para isso, foi necessário entender onde estavam os gargalos surgidos antes da minha chegada. O objetivo não era entender o que foi feito, mas sim como foi feito!

A falta de validação das novas ideias para o produto, por exemplo, geravam um gap entre a expectativa do cliente e o que era realmente entregue. Dessa forma, o time de engenharia se sobrecarregava com mudanças que surgiam ao final do desenvolvimento para adequar a solução ao propósito do usuário final e este ficava no aguardo para extrair o valor total da funcionalidade.

E, pela ausência de um profissional de UX, todo o desenho da solução, a jornada do cliente, o mapeamento de seus pontos de dor e criação do fluxo de interações ficavam sob a responsabilidade do time de produtos, juntamente com a colaboração de profissionais de outras áreas. Sendo assim, alguns pontos de fundamental importância acabavam passando despercebidos, prejudicando a percepção de valor do cliente na entrega final.

Com todas essas informações na mão, o processo entre as áreas de produto, engenharia e UX foi desenhado e já está em prática! Depois eu volto pra falar disso em outro post ;)

Consistência Visual e Design System

A ausência de um padrão visual consistente dificulta o reconhecimento de marca/produto, além de consumir tempo do time de desenvolvimento com a criação de novas telas e também a manutenção das já existentes, uma vez que os componentes e elementos visuais não são reaproveitados.

Agora reparem no caso em que me deparei: manter um único produto ou serviço já é complicado, mas imagina 3 grandes plataformas, desenvolvidas em momentos distintos, utilizando linguagens de programação e componentes visuais diferentes, cada qual com suas especificidades e com um legado que vem sendo carregado há anos.

Todos esses desafios foram vistos como oportunidade de dar o pontapé inicial ao sonho de consumo de todos os designers e desenvolvedores: o Design System.

Ainda que em uma versão embrionária, mas em constante evolução, padronizar alguns componentes básicos que possam ser consumidos por todas as plataformas é algo que facilita e muito o trabalho da equipe, uma vez que centraliza as manutenções e cria uma coerência visual entre os produtos da empresa. Finalizo aqui com a terceira dica: invista em um Design System e crie consistência visual, vale muito a pena!

Os Ganhos

Sabemos que um cliente satisfeito é um grande aliado na evolução não só da empresa como instituição bem posicionada no mercado, como também de todos os produtos e serviços desenvolvidos.

Com um processo de validações, interações, descobertas e cocriação com os nossos clientes, as novas entregas se tornaram mais adequadas ao seu propósito, proporcionando um maior engajamento dos usuários ativos, além de oferecer cada vez mais valor aos seus respectivos negócios.

E, por falar em engajamento, depois vou compartilhar com vocês como foi minha experiência em pegar um MVP com as funcionalidades validadas pelo mercado, mas que, pela ausência de um design moderno e com recursos que melhoram a percepção de valor do usuário, tornou-se um produto sem muito engajamento e, através de um redesign e aplicação de um Design System, virou um sucesso de vendas! Fiquem ligados ;)

Agora, com o apoio de um profissional focado em desenhar soluções adequadas às necessidades dos clientes, o time de produtos, anteriormente responsável por essa atividade, passou a colocar seus esforços em investigar o mercado, concorrentes e colocar grandes ideias nas rodas de discussão. Já o time de engenharia, conseguiu economizar esforços com retrabalho para ajustar funcionalidades que foram entregues sem validações anteriores, assim como tornar as novas entregas mais ágeis com a padronização dos componentes visuais da plataforma.

That’s All Folks!

Meu intuito não é criar um processo ou um tutorial de como implantar UX na empresa em que vocês trabalham, mas sim compartilhar algumas dicas que me ajudaram muito e contar a história de como é trabalhar num local em que nunca houve um profissional de UX e onde muitos não sabiam o que isso significava na prática.

Espero que tenham gostado desse meu primeiro post e nos vemos no próximo ;)

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