Smart bambu da cultura: como ensinamos um bambu a pedir água

Thiago Cerutti
Way2rocks
Published in
5 min readNov 25, 2019

O bambu japonês é muito simbólico. Ele arca mas não quebra, sua fragilidade é somente aparente, vive em comunidade, busca a sabedoria no vazio, entre muitas outras características que o fizeram ser o símbolo de um projeto sobre cultura empresarial aqui da Way2 Technology. Assim como a cultura empresarial, o bambu precisa de cuidados constantes, precisa ser revisitado de tempos em tempos, precisa ter suas necessidades atendidas. Foi por isso que resolvemos transformar o nosso “filhote” de bambu japonês em um… smart bambu. 😄

O objetivo

Sabendo que ele precisa de luz solar e água, decidimos por automatizar essa segunda necessidade, ensinando-o a pedir água quando está com sede.

O equipamento

Para saber quando o bambu precisa de água, precisamos detectar a umidade da terra. Para isso encontramos um higrômetro relativamente barato que faz isso. Segundo o datasheet dele, funciona de 3.3V a 5V, ou seja, tem sua tensão compatível com o Arduino Uno, placa que tínhamos disponível e outro projeto anterior do Way2Labs.

Modelo de higrômetro utilizado no projeto

UPDATE:

Como nem tudo são flores, nosso sensor de condutividade, esses dois “espetinhos” de silício e metal que ficam enterrados na terra para saber se a terra está muito ou pouco úmida (se a terra tem muita ou pouca condutividade), se deteriorou muito mais rapidamente do que imaginávamos, em menos de uma semana 😭. Na dúvida entre comprar um novo ou montar o nosso próprio, decidimos pela alternativa mais roots: meter a mão na massa e fazer o nosso!

Analisando a estrutura do componente anterior, vimos que ele é basicamente um par de condutores ligados aos jumpers do higrômetro, que é quem interpreta a condutividade medida da terra. Nossa teoria é que se ligássemos dois pedaços de cabo de cobre nos jumpers, o efeito seria o mesmo. E ciência é isso, propor teorias e validá-las 🤓.

Tentamos inicialmente com dois cabos de cobre mais longos, para que eles percorressem todo o interior do vaso do bambu e assim monitorassem uma área maior da terra para dar uma medição mais precisa. Essa teoria caiu por terra em alguns testes que fizemos, pois os valores não batiam com o que havíamos previamente medido. Concluímos que isso poderia ser em decorrência da estrutura planejada para o higrômetro original, parametrizados com hastes de cerca de 10 centímetros. Logo, cortamos os cabos de cobre em um tamanho semelhante ao anterior e tivemos o resultado esperado. Sucesso! 🖖🏻

Esse higrômetro tem um pino para leitura analógica e um para digital. O pino digital tem seu 0 ou 1 configurado por um potenciômetro, uma regulagem física que permite configurarmos o que é seco e o que não é, na própria placa do sensor. Decidimos por usar a porta analógica para leitura. E começaram os testes práticos com terra e água.

A porta analógica de um sensor, qualquer sensor analógico utilizado com Arduino, mede unidades entre 0 (zero) e 1024. No nosso caso, 1024 é seco (sem contato com a terra) e zero é molhado (mergulhado em um copo d’água). Começamos os testes colocando o sensor na terra seca, e tivemos a medição de 950–1000 unidades. Ao colocar água no local do sensor, percebemos que terra úmida como queríamos tinha marcação abaixo de 800 unidades. Ótimo, encontramos 800 como nosso ponto de atenção, se o sensor lesse mais de 800, o bambu estaria precisando de água.

Gatilho identificado, vamos para a montagem

Com o gatilho identificado e sensor de umidade de solo funcionando, precisávamos de uma maneira de reproduzir algum som, indicando que o bambu precisava de água. Compramos um módulo MP3 que aceita um cartão micro-SD e é também é compatível com a tensão de operação do Arduino. Este módulo tem saída para speakers, portanto compramos também caixas de som USB (a mais barata que conseguimos) para rodar a MP3 que estaria gravada no cartão micro-SD assim que a umidade passasse de 800.

Módulo MP3 utilizado

Seguindo este artigo, conseguimos fazer o módulo MP3 conversar com as caixas de som, rodando a música que escolhemos a dedo para o caso de o bambu precisar de água:

Chegou então a hora de colocar tudo no vaso no qual está plantado nosso bambu da cultura. Montamos o módulo MP3 em uma mini-protoboard de 170 pontos, que colamos no vaso do bambu com a própria fita dupla-face que existe atrás dela. Colamos o Arduino Uno no vaso logo abaixo dela com uma fita dupla face mais resistente, que diz a lenda conseguir colar um Gol 1000 na parede 😆, e colamos as caixinhas de som uma de cada lado do vaso do bambu. Puro estilo maker.

Como as caixinhas funcionam a 5V (USB), poderíamos utilizar até um powerbank para deixar tudo funcionando de forma autônoma, porém teríamos uma preocupação a mais: o powerbank deveria ser verificado de tempos em tempos e recarregado conforme a necessidade. Decidimos por ligar o bambu na tomada, usando um conversor mais ou menos como esses de carregador de celular, onde conectamos o cabo USB no carregador e plugamos o carregador na tomada. Precisávamos de 2 entradas USB para alimentar uma corrente de 5V cada (Arduino e caixas de som), e assim o fizemos.

O resultado

Montagem e instalação do nosso smart bambu da cultura😃
Nosso bambu da cultura em ação

Hoje nosso bambu da cultura vive feliz logo abaixo da bancada onde tomamos café todo dia. O código fonte (em constante manutenção) que utilizamos para compilar o firmware que subimos para o Arduino está no GitHub da Way2.

Na Way2 a cultura é levada muito a sério. Seja a cultura de code review, do bolo de sexta de manhã ou do happy hour no fim de tarde da sexta-feira. Ou mesmo a cultura da curiosidade, de entender como um monte de componentes eletrônicos se comunicam para formar uma solução como a do bambu. E de quebra, fomentamos a cultura da união, pois nenhum de nós tinha o pleno conhecimento de como colocar a solução em prática, mas estávamos lá, cada um de uma área diferente da empresa, que normalmente não teria contato, trabalhando e aprendendo juntos focando em um mesmo objetivo. 👊

Cultura é algo que se vive no dia a dia, e estamos trabalhando duro para fortalecer a nossa a cada momento na Way2 ❤️

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