Apostando em contêineres e Kubernetes

Wayra Brasil
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5 min readJun 28, 2018

a Getup Cloud promete transformar a infraestrutura tecnológica em algo invisível

Photo by Ilze Lucero on Unsplash

Tal como no mundo da logística, a tecnologia se beneficia, cada vez mais, de contêineres. E, embora os contêineres do mundo físico e do virtual sejam bem diferentes, ambos têm uma lógica semelhante, permitindo padronizar, agilizar e baratear processos.

Mas, afinal, o que são contêineres no ambiente tecnológico e o que eles prometem melhorar? Segundo a Amazon, “contêineres são um método de virtualização de sistema operacional que permite executar uma aplicação e suas dependências em processos com recursos isolados”.

“Os contêineres permitem empacotar facilmente o código, as configurações e as dependências de uma aplicação em elementos fundamentais que oferecem consistência ambiental, eficiência operacional, produtividade de desenvolvedores e controle de versões. Os contêineres podem ajudar a garantir rapidez, confiabilidade e consistência de implantação, independentemente do ambiente de implantação. Além disso, os contêineres oferecem controle mais granular dos recursos, aumentando a eficiência da infraestrutura”, explica a Amazon.

Continuou complicado entender? Então, vamos ajudar…

No Brasil, uma empresa levando os contêineres adiante é a Getup Cloud, uma das startups investidas da Wayra Brasil e pioneira em se especializar na tecnologia. Diogo Goebel, cofundador e CEO da startup, explica mais sobre os contêineres.

Ele compara com os contêineres do mundo físico. Imagine quais eram as dificuldades de transportar produtos diversos, como alimentos, veículos ou máquinas se fossem colocados avulsos em um navio ou caminhão. Os contêineres solucionaram o problema ao permitir agrupar itens em massa em um mesmo ambiente, padronizado e pronto para ser transportado. Tanto faz se um contêiner tem batatas, carros ou motores dentro de si: o transporte será sempre o mesmo, com padrões que funcionam em qualquer lugar do mundo.

No mundo da tecnologia, funciona da mesma forma. Uma empresa chamada Docker criou um conjunto de APIs (Application Programming Interface — Interface de Programação de Aplicativos, em português) e regras que permitem especialistas empacotarem tudo o que uma aplicação precisa para funcionar dentro de um ambiente virtual, conhecido como contêiner.

“Tudo o que precisa para rodar determinada aplicação funciona dentro desse pacote padronizado. Não preciso mais perguntar para um desenvolvedor tudo o que eu preciso ter instalado no meu servidor para rodar determinada aplicação. O contêiner garante que ela vai funcionar no meu servidor do mesmo jeito que rodou no dele. E isso permite portabilidade. O processo de preparar um servidor ficou bem mais simples e trouxe eficiência operacional para os times de TI’, sintetiza Goebel.

O próximo passo dos contêineres: Kubernetes

Um conjunto de máquinas por meio do qual os contêineres são gerenciados se chama cluster. E gerenciar um cluster é extremamente complexo. “Começamos a ter questões de orquestrações de contêineres. Como é que gerenciamos centenas, milhares de contêineres rodando diferentes aplicações? Como fazer a rede de comunicação entre eles? É nesse contexto que nasce o Kubernetes”, conta Goebel.

Kubernetes é um sistema de orquestração de contêineres. Serve para gerenciar diversos contêineres, decidir em quais máquinas os contêineres vão rodar, cuidar deles quando houver picos de acesso etc. “É uma revolução na forma de consumir e gerenciar infraestrutura e aplicações”, garante Goebel.

O sistema foi desenvolvido por engenheiros do Google. Como eles trabalhavam há mais de dez anos com tal tecnologia, usaram todo seu aprendizado em relação ao sistema para criar um sistema interno de gerenciamento da tecnologia.

Em 2014, resolveram expandir o sistema que criaram e tornaram público e aberto. Nascia o Kubernetes. O código foi entregue à Cloud Native Computing Foundation (CNFC), uma fundação open source abaixo da Linux Foundation.

Em quatro anos, formou-se uma forte e intensa comunidade em torno do Kubernetes e empresas como Microsoft, IBM, Oracle, e Red Hat passaram não só a usar a tecnologia, mas melhorá-la. Hoje são mais de 1.400 contribuidores, segundo Goebel.

Trazendo o Kubernetes ao Brasil

Embora Kubernetes seja uma tecnologia com potencial revolucionário, é ainda um tanto complexa e exige muito treinamento e capacitação para as empresas que desejam trabalhar com a novidade.

E é nesse contexto que entra a Getup Cloud. A startup nasceu no mesmo ano em que o Kubernetes se tornou público. E, principalmente, com a mesma missão: transformar o gerenciamento de infraestruturas em algo mais simples.

No começo, sem conhecer o Kubernetes, Goebel e seu sócio, Mateus Caruccio, já procuravam oferecer esse tipo de solução ainda que não houvesse uma tecnologia pronta.

“A Getup Cloud nasceu apenas com o desejo de resolver. Não havia tecnologia para o que a gente queria. Então criávamos uma série de automações com base na nossa experiência. Usávamos as ferramentas da época para automatizar, por exemplo, a criação de um servidor na nuvem. Atendíamos muitas agências, mas cada caso era um caso, tudo era meio tailor made”, conta.

Foi em 2015, quando tiveram acesso ao Kubernetes, que se tornaram pioneiros em adotar a tecnologia no Brasil e conseguiram prestar serviços que facilitavam o trabalho de infraestrutura com escala.

Para isso, construíram uma plataforma própria em cima da tecnologia. “Kubernetes é uma tecnologia que roda logo acima da infraestrutura, mas não tem uma série de elementos que uma plataforma precisa, como gestão de usuários, isolamento entre diferentes projetos e aplicações, questões de cotas limite desses usuários etc”, explica. Goebel cita como exemplo a aplicação que fizeram para que empresas saibam quanto cada área está gastando de capacidade computacional.

Apesar das potencialidades, há ainda alguns entraves para a adoção do Kubernetes no Brasil. A primeira delas é o fato de ser uma tecnologia nova e complexa. “Há um entrave de capital intelectual, de como provisionar, configurar, colocar no modelo de governança do dia a dia. É um produto gigantesco”, diz. Mas é justamente esse o tipo de bloqueio que a Getup Cloud se compromete a resolver.

Outro bloqueio, mas que já está caindo, são as aplicações com legados. Muitas tecnologias antigas ainda não poderiam ser colocadas em contêineres. Mas ao passo que Kubernetes avança, abraça essas tecnologias e resolve o problema.

Por fim, há o desafio de novas tecnologias demorarem para serem adotadas no Brasil. É necessário dedicar funcionários, estudar a tecnologia e adotar empresas como a Getup Cloud para acelerar a adoção de Kubernetes.

Mas é justamente por esses bloqueios que a Getup Cloud vê um mercado promissor. A empresa, além de ser pioneira na tecnologia, ainda nada praticamente sozinha nesse oceano no Brasil, segundo Goebel. E, com isso, consegue ser uma das principais alternativas para quem quer acelerar a adoção de Kubernetes.

O maior concorrente, segundo Goebel, são os times internos das empresas. Embora a companhia, ao escolher esse modelo, ganhe mais autonomia, ela gasta mais tempo e recursos até treinar a equipe. “Por isso, a pergunta que sempre propomos é: ‘você quer gerenciar ou consumir Kubernetes? Há uma diferença bem grande em ambos. E as companhias precisam entender qual é seu core business”, diz. “As empresas têm que focar na agilidade e no produto. Porque o que define quem ganha não é a infraestrutura, mas os produtos que você desenvolve com ela”, defende.

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