Aumenta procura de brasileiros por acordos para quitar ou parcelar dívidas por meio de plataformas digitais

Wayra Brasil
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4 min readNov 24, 2020

Por mais contra intuitivo que possa parecer, o contexto econômico da pandemia trouxe oportunidades para quem busca organizar as finanças e reduzir suas dívidas, especialmente por meio de serviços digitais. Isso porque os credores também se encontram em uma situação econômica de muita pressão e falta de previsibilidade, o que os leva a abrir novas oportunidades de negociação de dívidas ativas. Afinal, é preferível receber parte da dívida agora a nunca vir a recebê-la ou precisar acionar a justiça para executar penhoras.

“Quitar dívidas em momentos de crise é uma boa medida, porque o credor também está com dificuldade de receber, já que os níveis de inadimplência tendem a subir nesses períodos”, contextualiza Ricardo Balistiero, economista e professor do Instituto Mauá de Tecnologia. As medidas de apoio financeiro emergencial oferecidas nos últimos meses, como o Saque Emergencial do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o Auxílio Emergencial, também se apresentaram como potenciais alavancas da resolução de pendências financeiras. Segundo uma pesquisa do Serasa, 52% dos brasileiros que pretendiam acessar o Saque Emergencial do FGTS disseram usariam o montante para o pagamento de dívidas.

Por concentrarem negociações de diferentes credores em um só lugar, as plataformas digitais de acordos se tornaram uma opção interessante para quem busca saldar suas dívidas conferir quais credores oferecem os maiores descontos para a quitações à vista ou as melhores condições de pagamentos parcelados. Existe inclusive um latente interesse dos brasileiros nas ofertas de facilidades financeiras vindas desse tipo de plataforma digital. Dados da Cinnecta, especialista no uso de dados para análises de comportamentos, mostram que a procura de serviços financeiros digitais cresceu 146% entre as classes média e baixa entre os meses de fevereiro em junho de 2020, com destaque para o aumento das buscas vindas da região nordeste (+27%), especialmente no estado do Ceará (+36%).

Acordos em alta

Apesar do Brasil ter registrado em agosto o maior índice de famílias endividadas do ano, segundo o CNC, a visão dos especialistas é que esse índice é reflexo direto da ampliação de crédito ao consumidor por conta da crise da COVID-19, o que não impede que esse continue sendo um momento oportuno para quitar ou iniciar o parcelamento de dívidas, aproveitando a disposição dos credores para o fechamento de acordos mais favoráveis a quem ainda arrasta algum débito. “Pelo lado do credor, é preferível receber uma parte da dívida a não recebê-la como um todo. Do lado do devedor, existem condições de se livrar da dívida ou de negociar um bom desconto, o que pode dar mais tranquilidade no futuro próximo”, reforça Balistiero.

Com toda a insegurança trazida pela pandemia, faz sentido quitar dívidas como uma forma de reduzir as preocupações. Um estudo do CNDL/SPC Brasil apontou que 8 em cada 10 inadimplentes sofrem algum impacto emocional por conta das suas dívidas, com a ansiedade sendo o sentimento negativo mais mencionado. Além de encontrar um pouco mais de tranquilidade em meio aos solavancos econômicos da atualidade, especialistas apontam que iniciar o pagamento de uma dívida, mesmo que em parcelas, abre a possibilidade de crédito novamente, o que pode ser importante diante de um futuro econômico pouco previsível. “Assim que inicia o pagamento de uma dívida, o devedor passa a ser considerado adimplente, permitindo novo acesso a crédito”, explica Felipe Chiconato, consultor financeiro do SEBRAE.

Focada em auxiliar na recuperação de crédito, a fintech QueroQuitar sentiu esse reflexo nos seus números durante o primeiro semestre de 2020, quando a startup viu a sua base aumentar mais de 430%. “Percebemos um crescimento exponencial desde o início da pandemia, e chegamos a 52 milhões de CPFs cadastrados em busca de opções de negociações”, explica Marc Lahoud, CEO da QueroQuitar, que é parte do portfólio da Wayra.

Representando cerca de 20 bancos, varejistas e grupos de telecomunicações, a QueroQuitar consegue oferecer condições diferenciadas para quem quer quitar suas dívidas, que são apresentadas de modo claro e transparente para quem se cadastra na plataforma. “Cada usuário pode verificar a dívida atual e encontrar uma opção de negociação que caiba no seu orçamento”, detalha Lahoud.

Essa facilidade é um dos fatores que levou a plataforma a triplicar o volume de acordos fechados. “Boa parte das pessoas começaram a optar por pagar logo suas dívidas, o que refletiu de forma positiva no nosso crescimento”, contextualiza o empreendedor, contente com os números e com a possibilidade de ajudar tantas pessoas a recuperarem seu crédito.

Seja usando o FGTS, o Auxílio Emergencial ou uma reserva de emergência pessoal, quitar ou iniciar o acerto de pendências financeiras pode ser uma interessante medida para tomar em meio ao caos da pandemia, e as plataformas digitais se posicionam como um primeiro passo rumo à adimplência.

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