ElevenPaths no Brasil: de olho na cibersegurança

Wayra Brasil
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5 min readMay 27, 2019

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O lugar e momento certos para apostar em inteligência artificial no setor

O Brasil é um país único para a cibersegurança. Com um ecossistema intenso e dinâmico em ataques e defesas, temos muitas oportunidades para inovar nesse setor — em especial quando o assunto é automação. Essa é a avaliação de Alexandre Gaspar, Global Head de Segurança B2B da ElevenPaths — uma iniciativa da Telefônica, que une o conhecimento de cibersegurança de seus especialistas ao redor do mundo e que chegou esse ano ao Brasil.

A chegada da ElevenPaths promete impactos tanto por aqui quanto para o mundo, uma vez que o país é vanguardista no assunto cibersegurança. “Somos enormes, temos uma língua diferente de nossos vizinhos e uma cultura muito única”, comenta Gaspar.

Como as principais oportunidades estão em automação, a ElevenPaths aposta especialmente em três especialidades: foco na gestão da segurança dos dados e infraestruturas; inteligência artificial aplicada à defesa e remediação de vulnerabilidades; e automatização na correção de problemas de segurança. Conversamos com Gaspar para entender mais do ecossistema brasileiro, as oportunidades disponíveis e a dinâmica do setor.

A cibersegurança em um contexto de transformação digital

Não existe tecnologia ou negócio digital que escape de qualquer discussão sobre cibersegurança. Além de estarmos em um país importante para o setor, estamos em tempos propícios ao mercado. Com a transformação digital, hoje há muito mais processos e dados críticos das companhias na nuvem, em SaaS e terceirizados. E, com isso, há muito mais pontos que podem se tornar vulneráveis — o que pode ser chamado de “superfície de ataque”.

O executivo faz um paralelo entre as informações digitalizadas e a necessidade de segurança: “A empresa tornou-se uma pequena cidade onde todo dia entram e saem várias pessoas que talvez você nem conheça — podem ser clientes, provedores de serviço ou mesmo ‘criminosos’ — e, com isso, é preciso garantir a segurança deste espaço”.

É claro que segurança significa investimentos e nem todo negócio é capaz de ter os níveis mais sofisticados de defesa. Por isso, o que Gaspar propõe é uma constante gestão de riscos. “É preciso calcular quanto você suportaria perder em um caso de vazamentos e o quanto consegue investir para evitá-las. Apenas conhecendo o que se pode assumir como perda é que se sabe o quanto é necessário investir, e se a empresa possui essa capacidade financeira”, comenta.

Quanto mais avançado e digitalizado o mercado, mais os investimentos em segurança tendem a ser vitais. “No, sua empresa também”. Em vários momento que você tem um problema de segurança em um processo, ele para de funcionar e, consequentemente, em alguns casos, isso pode significar a falência do negócio. Para conseguir equilibrar a balança da gestão de riscos e investimentos em cibersegurança é que as inovações se tornam urgentes.

Por que a inteligência artificial é o futuro da cibersegurança

“Com uma quantidade de dados gigantesca para gerenciar e proteger, já não é mais possível fazer isso de forma manual”, aponta Gaspar. Por isso, um dos aspectos que ele defende é o uso de inteligência artificial e big data para cibersegurança.

Assim, sairão na frente as inovações que ajudarem a administrar grandes bases de informações e protegê-las rapidamente. No gerenciamento dos dados é preciso pegar as informações espalhadas no ambiente e gerenciá-las em um único ponto. Na sequência, é preciso aplicar inteligência artificial nessa base para poder identificar padrões de ataques e, assim, preveni-los. Por fim, uma vez identificadas as falhas, vem a correção. Uma forma de fazer isso com mais velocidade e eficiência é com automações.

“A automação em recolher informações, explorar de forma ordenada e proteger os dados aplicando inteligência sobre tudo isso para resolver problemas são campos enormes e poucos explorados da cibersegurança”, defende Gaspar.

Um mar de oportunidades

O Brasil é um país propício para avançar no setor — apesar de haver poucas startups atuando em cibersegurança, as poucas que têm são muito “disputadas à tapa”, segundo Gaspar.

A ElevenPaths já atuava no Brasil, embora não oficialmente. O que muda agora é a possibilidade de conectar o país à rede global de conhecimento. E, segundo o executivo, há muito a se aprender conosco.

Enquanto na Europa e em vários outros países os ataques são globalizados, no Brasil aproximadamente 70% dos atentados são gerados por brasileiros, de acordo com o especialista. Os ataques e defesas desenvolvidos aqui têm dinâmica própria — e, portanto, os avanços no setor do país podem ser úteis para o resto mundo.

Em uma alusão a outro lugar que tem um dos ecossistemas mais vivos em ataque e defesa cibernéticos, Gaspar chama o Brasil de “Rússia da América Latina”. Assim como eles, somos pioneiros em cibersegurança — o que faz com que o Brasil seja uma espécie de laboratório para o resto do mundo. “Muito do que está começando a acontecer na Europa já acontecia há dez anos aqui”, conta.

O Brasil é pioneiro no internet banking e celeiro de grandes fintechs, mas a rápida digitalização financeira criou oportunidades únicas para cibercriminosos. À medida que serviços na nuvem e integrados em rede crescem, proteger processos financeiros se torna ainda mais crítico.

De acordo com Gaspar, o Brasil também é rico em formação de especialistas por fatores culturais colaboram: “O brasileiro tem o espírito de conhecer e aprender rapidamente para resolver problemas. E essa vocação é a essência da segurança digital”. Além disso, ele defende que temos boas universidades e cursos de formação.

No entanto, como o setor de segurança cresce rapidamente, os profissionais nessa área são muito bem pagos. Isso, unido a uma cultura avessa ao risco em boa parte da população, faz com que muitos especialistas prefiram trabalhar para corporações do que empreender. É por isso que, na avaliação de Gaspar, há poucas startups brasileiras em cibersegurança.

Há espaço de sobra no Brasil para negócios no setor, mas momento pede muitas inovações na área e, para quem quiser se jogar, o recomendado é criar soluções para gerenciar grandes bases de dados, automatizar inteligência artificial em sistemas de defesa e correção de problemas.

As empresas que atuarem em tais campos podem procurar nós, da WayraBrasil, que, junto com a ElevenPaths, iremos avaliar como podemos unir forças. Além dos investimentos da Wayra, as empresas nesses campos poderão contar com a rede global de conhecimento da ElevenPaths e até mesmo chegar a ter oportunidade de desenvolver soluções para clientes da Telefônica ao redor do mundo, ou para a própria multinacional.

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