ESG cresce em importância no mundo todo, o que abre oportunidades de negócios e novas demandas para as startups

Wayra Brasil
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4 min readAug 5, 2021

Além de novas chances de parcerias com grandes corporações que buscam agilidade para atingir metas de ESG, startups também devem se preocupar com todos os seus stakeholders

A responsabilidade social e ambiental das empresas não é um tema novo, porém o assunto tem recebido cada vez mais importância. Além da crescente demanda dos consumidores, que estão se importando mais com a sustentabilidade dos produtos e serviços que consomem, estão também surgindo novas pressões por negócios mais éticos, provenientes de influenciadores do mercado, como investidores e entidades reguladoras.

Enquanto o tema evolui por aqui, na Europa o assunto está tão avançado que novas proposta de relatórios não financeiros estão sendo criadas de forma a tornar assuntos ambientais, sociais e de governança (conhecidos pela sigla ESG, de Environment, Social and Governance) quase tão relevantes quanto questões financeiras, o que levará as corporações a tomarem atitudes mais responsáveis.

Assim, estar atento aos impactos sociais dos negócios já ultrapassa as preocupações das equipes de RH ou marketing, transformando-se em uma meta importante para os negócios. Afinal, será a partir de um bom cuidado com os assuntos de ESG que as corporações conseguirão manter um bom relacionamento com entidades reguladoras, investidores, público alvo e outros stakeholders.

É por isso que junto com o ESG, surgem também discussões sobre o capitalismo de stakeholder, visão que defende que as empresas busquem a criação de valor no longo prazo, considerando demandas e necessidades de todas as partes envolvidas no negócio — o que inclui fornecedores, colaboradores, consumidores, investidores e a sociedade em geral.

No capitalismo de stakeholder, o propósito das companhias é principalmente criar valor no longo prazo e não apenas maximizar lucros às custas de impactos negativos para outras partes interessadas. Klaus Schwab, fundador e presidente do Fórum Econômico Mundial, é um dos defensores desse modelo, que acredita que atender os interesses de todas as partes interessadas (os stakeholders) e não só os acionistas (os shareholders) é essencial para o sucesso e a saúde dos negócios no longo prazo, além de ser uma decisão de negócios mais ética e sensível.

“Depois do choque inicial da Covid-19, foi possível vislumbrar o que é possível acontecer quando os stakeholders agem para o bem comum, pensando no bem estar de todos, ao invés de focar apenas em alguns poucos”, defendeu Schwab recentemente na revista Time.

E os dados mostram que não se limitar a apenas gerar lucro pode… gerar mais lucro. Um estudo da consultoria McKinsey, que analisou empresas de médio e grande porte nos EUA entre 2001 e 2015, revelou que aquelas que trabalhavam com uma visão de longo prazo — algo essencial para o capitalismo de stakeholder — superaram as outras em termos de ganhos, receita e investimento. A mesma McKinsey também descobriu que empresas com fortes normas ambientais, sociais e de governança (ESG) registraram melhor desempenho e maior classificação de crédito, além de uma melhor performance em momentos de crise.

Tanto é que o assunto de ESG está hoje na ponta da língua dos executivos: segundo uma pesquisa da Stilingue junto com o Pacto Global, iniciativa da ONU que visa encorajar as empresas a adotarem políticas de responsabilidade social corporativa e sustentabilidade, o termo “ESG” só foi considerado novidade para 11% dos CEOs entrevistados em 2020.

A expectativa é que também surjam novas oportunidades de parcerias entre as corporações e negócios de impacto abrangentes também à startups.Isso porque não se espera que as empresas façam mudanças drásticas nas suas operações, mas que passem a ter uma perspectiva de longo prazo sobre a missão da organização, e uma das formas de conseguir fazer isso é colaborando com empreendedores que tenham viés de impacto socioambiental, como costuma acontecer nas edtechs, healthtechs,fintechs e diversas outras verticais.

Da mesma forma, as startups e negócios de impacto também deverão refletir sobre os cuidados que devem tomar para atender os seus stakeholders e se conectar com as metas globais de ESG, de forma a estarem conectadas com as preocupações dos diretores e executivos das corporações com as quais poderão vir a fazer negócios.

Essa mudança de paradigma na forma de fazer negócios, no final das contas, não altera as dinâmicas básicas de administração das companhias e das startups, mas traz uma nova camada de atenção sobre a missão que vai guiar os modelos de negócios e planejamentos de longo prazo das iniciativas que quiserem fazer sucesso daqui por diante.

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