Living on the edge: por que está na hora de falarmos de edge computing

Wayra Brasil
Wayra Brasil
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4 min readMay 27, 2019

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Pode-se pensar que a era da computação em nuvem está ainda no começo, mas as gigantes da tecnologia já estão se preparando para sua próxima evolução. Trata-se da edge computing (ou computação de borda, em tradução livre).

O que impulsiona o interesse de empresas de tecnologia pela edge computing é a prometida Internet das Coisas (IoT) e os impactos de um número exponencialmente crescente de dispositivos conectados.

Em tempos nos quais todo e qualquer aparelho eletrônico estará conectado à internet, carros inteligentes terão que tomar decisões rápidas e as pessoas gerarão um número muito maior de dados, velocidade e segurança se tornarão ainda mais importantes. E, possivelmente, a ideia de um servidor público, distante dos dispositivos eletrônicos, trabalhando para diferentes empresas, não será suficiente para dar conta do recado. É aí que entra a edge computing.

Em termos gerais, edge computing pode ser definida como uma malha de micro data centers que armazenam e processam dados localmente antes de enviá-los a um computador centralizado e distante. O nome faz sentido: a tecnologia fica na borda do dispositivo que está gerando os dados.

Pense no exemplo de um carro autônomo. Se o processamento de dados acontecer próximo ao próprio motor, a latência será menor com o encurtamento das distâncias. Os dados não precisarão ser transmitidos para um datacenter em outro continente para serem decodificados e transformados em ação.

Com menos “viagens” dos dados, há mais possibilidades de as informações ficarem seguras, sua privacidade se tornar garantida, desocupar redes e também a latência das respostas.

Assim, a edge computing deverá movimentar US$ 6,8 bilhões em 2022, de acordo com a CB Insights. O passo da nuvem para a edge computing é uma evolução natural de ciclos de tecnologia. Começa centralizado para se descentralizar, tal como aconteceu com a própria internet e os computadores.

Mas, para entender um pouco melhor tal potencial, é necessário contextualizar a edge computing.

Edge computing e Internet das Coisas

A ascensão e a necessidade da edge computing estão diretamente relacionados à Internet das Coisas. Liberar banda, otimizar processamento e lidar com altos volumes de dados têm relação direta com a era dos dispositivos todos conectados.

Há diversas vantagens com a edge computing no segmento:

Processamento mais rápido: Se os dados são processados geograficamente mais perto de onde eles são gerados, o tempo de resposta é menor. A diferença em frações de segundos pode não parecer relevante, mas em um mundo com carros autônomos, dispositivos tendo que responder a centenas de interações humanas e até mesmo games mais complexos, o cenário muda bastante.

Custos menores: Sem precisar ocupar grandes espaços de armazenamento em empresas terceirizadas, empresários reduzem seus custos de administração dos dados — pagando apenas pelo essencial a ser armazenado.

Menos tráfego em rede: As redes para trafegar tantos dados gerados poderão ser desocupadas se a maioria das ações for resolvida sem necessidade de comunicação constante com a nuvem.

Mais eficiência: Com menos latência, a tecnologia pode fazer mais operações e avançar de forma mais eficiente.

Mais segurança: Por mais que se tome medidas preventivas, a nuvem ainda é frágil. Quando um serviço cai, todos seus clientes também caem. Com a descentralização da edge computing, quando algo cai o problema é individual.

Os serviços podem funcionar offline: Isso é especialmente útil em lugares mais remotos, onde a cobertura de internet não é a ideal. Se o seu carro inteligente ficar desconectado, ele ainda consegue tomar respostas básicas suficientes para garantir o funcionamento.

Mais privacidade: Com os dados sendo tratados localmente, as gigantes da tecnologia passam a centralizar menos informações e, consequentemente, têm menos poder sobre os dados alheios.

Edge computing e as gigantes de tecnologia

A Amazon, que foi vanguardista na nuvem, também tem sido na edge computing. Em 2017, lançou o AWS Greengrass, sua primeira iniciativa para “atuar localmente nos dados gerados, enquanto usa a nuvem para gerenciamento, análises e armazenamento duradouro”.

A Microsoft, que pretende investir US$ 5 bilhões em Internet das Coisas nos próximos quatro anos, também tem apostas na edge computing. Hoje, ela já tem a Azure IoT Edge Solution, que “estende as análises da nuvem para dispositivos de borda” e pode ser usada offline. Ela diz que está olhando especialmente para inteligência artificial.

O Google já anunciou dois produtos neste mercado: o chip Edge TPU e o pacote de software Cloud IoT Edge. O Google diz que o último “estende os poderosos poderes de processamento de dados do Google Cloud, além do machine learning, para dispositivos de borda, como braços robóticos, turbinas eólicas e plataformas de petróleo para que elas possam agir nos dados de seus sensores em tempo real e prever mudanças localmente”.

Por fim, a Telefônica anunciou no MWC (Mobile World Conference) o protótipo de uma rede de acesso aberto (Open Access) convergente (fixo, móvel e computação de borda), o que facilita a incorporação de novos provedores de tecnologia de rede e a prestação de novos serviços. Como exemplos de casos de uso estão a capacidade de programar e gerenciar a conectividade de acordo com as necessidades de cada usuário, ou o potencial de armazenamento na borda, que permite fazer upload de documentos dez vezes mais rápido do que na nuvem atualmente. Há também recursos que a tecnologia oferece ao carro conectado 5G e às soluções do setor, como a que combina edge computing e o 5G e permite transmissões de TV remotamente sem ter que mover uma unidade móvel para um evento.

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