Mais liderança feminina pode aumentar inovação

Wayra Brasil
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4 min readNov 19, 2019

Empreendedorismo feminino não é apenas uma questão de equilíbrio de gêneros, mas de maior desenvolvimento econômico e inovação, e, ao fazer uma retrospectiva da última década, é interessante reparar que uma tendência em especial se tornou mesmo realidade: a maior presença das mulheres no mercado global. Quem já apostava em uma economia mais feminina era a norte-americana Intuit, que em 2010 previa para o final da década um aumento da presença delas nas lideranças em negócios, governos e na educação.

E, se depender das análises da consultoria Accenture, essa mudança será benéfica para todos. Segundo o estudo Getting to Equal 2019, quanto mais diversa e empoderadora é uma cultura, maior é a chance de que ela impulsione uma mentalidade inovadora. Mais do que apenas potencializar uma forma de pensar mais disruptiva e criativa, essa inovação baseada em diversidade também pode influenciar o desenvolvimento econômico global: cálculos da Accenture estimam que seria possível aumentar em até US$ 8 trilhões o PIB mundial na próxima década se pudermos aumentar em 10 pontos percentuais a mentalidade inovadora global.

De acordo com dados do Sebrae, são mais de 24 milhões de brasileiras à frente de um empreendimento. No mundo todo, 20% das startups da Wayra contam com gestoras sêniores, sendo que grande parte dessas profissionais (70%) atuam em cargos executivos, como fundadoras ou CEOs das companhias. A Wayra acredita que é preciso cada vez mais escalar a presença feminina nos negócios, e por isso incentiva startups comandadas por mulheres, além de apoiar iniciativas e eventos com foco em diversidade. Afinal, quanto mais diversos forem os quadros das companhias, maior é a chance das iniciativas prosperarem.

Empreendedoras como Melissa Gava e Camilla Lopes, fundadoras da startup Mediação Online (MOL), empresa investida pelo hub de inovação aberta da Wayra, fazem parte desse ecossistema. Formadas em direito, a dupla se especializou em oferecer a oportunidade de resolver conflitos de jurídicos de pessoas físicas e jurídicas em tempo recorde, por meio de uma plataforma online. “Passamos os últimos anos consolidando nosso produto com grandes companhias, e agora estamos nos organizando para implementar novas tecnologias e escalar as operações”, diz Gava sobre os planos para os próximos meses.

Inspiração para as próximas gerações

Juliana Assunção, fundadora e diretora de marketing (CMO) da startup RankMyApp, startup do portfólio de investidas da Wayra.

As celebrações do espírito empreendedor feminino também são importantes para oferecer novos modelos de sucesso para quem ainda está começando. Juliana Assunção, fundadora da RankMyApp, uma das startups investidas pela Wayra Brasil, lembra que muitas vezes as meninas têm grandes ambições e ideias, mas acabam desmotivadas por não conseguirem se imaginar ou se enxergar em posições de prestígio. “É muito comum que as garotas não enxerguem o quão incríveis elas são, e por isso acabam não se arriscando para vagas de trabalho ou oportunidades mais desafiadoras se não tiverem 100% das competências listadas”, analisa Assunção. Se pudesse dar um conselho para uma versão mais nova de si mesma, a hoje diretora de marketing que faz parte do hub da Wayra apostaria em palavras de incentivo e motivação. “Diria que ela pode fazer o que quiser, e ser o que desejar, inclusive se tornar fundadora de uma incrível startup. O segredo é não duvidar de si mesma”, aconselha.

Outra empreendedora da rede da Wayra que apostou na autossuperação foi a co-fundadora da Getup Cloud, Andrea Thompsen. Formada em direito e especialista em leis contratuais e trabalhistas, ela foi responsável por estabelecer toda a rotina financeira, legal e administrativa da startup, que é pioneira na adoção da tecnologia de Kubernetes no Brasil, que facilita o trabalho de infraestrutura escalável das empresas. “A coragem de me envolver em um projeto tão inovador me fez descobrir um novo interesse pelas questões de gerenciamento de negócios, como liderança efetiva, clima e cultura organizacional”, conta Thompsen, que está em vias de finalizar um MBA em gestão estratégica.

Ainda estamos distantes de um equilíbrio real, especialmente porque uma mudança desse calibre exige não apenas a força de vontade das mulheres e do mercado, mas toda uma modificação social e cultural que incentive e propicie meios para que mais empreendedoras e gestoras possam desenvolver suas carreiras. Algumas iniciativas como a #Scaleupwomen, da Wayra, e incentivadores como a Rede Mulher Empreendedora contribuem para o empoderamento de lideranças femininas e no fortalecimento econômico das mulheres como uma grande alavanca para a mudança social.

Se tudo der certo, a ONU Mulheres estima que serão necessários mais 50 anos para que se possa falar em equiparação de oportunidades entre os gêneros — mas todo passo por uma maior presença feminina no mercado empreendedor já nos coloca rumo a um futuro mais próspero e inovador.

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