O 5G é uma realidade. O que fazer?

Wayra Brasil
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5 min readAug 26, 2019

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Todo mundo está falando em 5G. Mas o quanto se sabe sobre a tecnologia, até onde pode chegar e como ela vai revolucionar nossas vidas? A nova geração de internet móvel já é uma realidade em vários locais e, em breve, será no mundo todo. E isso foi mostrado no relatório da Ericsson, que prevê que 2019 chegará ao fim com 10 milhões de assinaturas 5G — pouco, perto do 1,9 bilhão esperado em 2024.

Como toda evolução de internet, o 5G traz muito mais velocidade (são esperadas conexões de 1 Gbps, cem vezes a mais do que o 4G ) e menor latência (chegando a apenas 1ms). E isso pode ter impactos enormes na conectividade do mundo inteiro, principalmente quando pensamos em Internet das Coisas e a quantidade de dados que precisarão ser trocados entre bilhões de objetos conectados.

Com isso, podemos esperar melhorias não só para os consumidores, mas para toda a sociedade, uma vez que as evoluções de conectividade impactam todo o futuro da tecnologia. Com o 5G, a Internet das Coisas poderá avançar de forma muito mais intensa e veloz, as cidades inteligentes serão uma realidade popular e o consumo de mídia em todos os ambientes ganhará novas escalas. “Quando você tem a possibilidade de conectar mais coisas e pessoas, o volume de novas possibilidades se multiplica exponencialmente, incluindo em inteligência artificial e internet das coisas”, explica Átila Branco, diretor de redes da Vivo.

No Brasil, as mudanças estão em pauta e, embora a rede ainda não tenha chegado por aqui, ela está muito próxima. Como a frequência ocupada pelos sinais de internet é concessão pública, é necessário esperar o governo leiloar as faixas e estabelecer as regras do jogo. “Estamos de olho nos leilões que acontecerão em 2020”, conta Georgia Sbrana, vice-presidente de marketing, comunicações e relações institucionais da Ericsson no Brasil.

Para a executiva, o principal debate no momento está em torno de como será feito o leilão. “Pode ser por arrecadação ou pelo compromisso com resultados — que é mais interessante, já que os investimentos retornam diretamente para a sociedade. A conectividade já é vista como um item de infraestrutura básica”, comenta.

Com o 5G prestes a estrear no país e mexer intensamente com os mercados, vale observar quais são as principais oportunidades vislumbradas com a tecnologia.

Como o 5G vai revolucionar a Internet das Coisas

Mais velocidade, mais cobertura, menor latência e formas inteligentes de conexão serão essenciais para que cidades e casas inteligentes, Internet das Coisas e tantas outras novidades prometidas pela indústria aconteçam. Carros autônomos, por exemplo, só são viáveis em um mundo no qual a conexão é constante e veloz o suficiente para responder rapidamente a todas as situações que acontecem nas ruas.

São tantas as possibilidades, que a Ericsson prevê quatro segmentos principais evoluindo com a chegada do 5G: banda larga aprimorada (enhanced mobile broadband), o acesso fixa móvel (Fixed wireless Access); a Internet das Coisas massiva e Internet das Coisas crítica.

A Internet das Coisas massiva conecta objetos de baixa complexidade, pouco custo e longa vida de bateria, como sensores inteligentes e dispositivos para logística nos campos.

A de banda larga aprimorada conecta objetos que demandam maior quantidade de dados e alta velocidade — são os dispositivos inteligentes usados pelos usuários comuns, como smartphones, wearables e óculos de realidade virtual e aumentada.

Já nos dispositivos de Internet das Coisas de uso crítico, estão os que precisam de latência ultra-baixa e alta disponibilidade. São os que não podem falhar em momento algum, como carros autônomos e sensores de tráfego no trânsito.

Por fim, os de automação industrial precisam ser muito bem ajustados para as demandas específicas de cada indústria e serem posicionados nos locais mais diversos possíveis atendendo a diferentes e complexas necessidades.

Oferecer conexão móvel a todos esses tipos de redes e com bilhões de diferentes objetos conectados será exponencialmente mais complexo. Por isso, a inteligência artificial é crucial na priorização da disponibilidade de redes, como explica Sbrana.

Imagine um estádio de futebol, com pessoas tirando fotos, subindo vídeos etc. Próximo a esse estádio, acontece um acidente de trânsito. A ambulância terá que ter prioridade na rede para transmitir as informações do paciente ao hospital com a menor latência possível. “A inteligência artificial irá priorizar, em tempo real, o fatiamento de rede assegura que todos sejam atendidos de acordo com sua prioridade, em tempo real.”, explica a executiva.

“Quando você tem uma rede capaz de atender tanto ao usuário convencional quanto a necessidades industriais com qualidade, você permite que os dispositivos interajam entre si. Aí há novas oportunidades de conectividade, automatizações e suas aplicações em machine learning e inteligência artificial, entre outras. Não precisa de futurologia para saber que as possibilidades serão inúmeras”, resume Branco.

Como o 5G também impactará o consumo dos usuários comuns

Como explica Sbrana, há dois tipos de uso que serão possíveis e ampliados com o 5G para os usuários:

  1. Banda larga móvel aprimorada: com mais velocidade e menor latência, os usuários consumirão muito mais internet em dispositivos móveis — seja com streaming, jogos ou experiências imersivas em realidade aumentada e virtual. Uma pesquisa da Ericsson ConsumerLab diz que um em cada cinco usuários do 5G chegará a consumir 200 GB de internet móvel por mês até 2025 — dez vezes mais do que hoje. E 20% dos usuários de smartphone já estão dispostos a pagar até 20% a mais pela nova internet.
  2. Acesso fixo móvel: como o 5G será rápido, ele poderá ser mais usado em residências e locais fixos onde a fibra óptica não chega ou não faz sentido. A expectativa da Ericsson é que, nos próximos cinco anos, o 5G chegue à metade do mundo. Até lá, 34% de todo o tráfego mobile será 5G.

“Há zilhões de aplicações à vista. Do mesmo jeito que o 4G impulsionou a criação e o uso de diversos aplicativos nos Estados Unidos e China, o 5G permitirá um consumo muito maior de mídia — principalmente as imersivas — no mundo todo”, resume.

Ainda estamos apenas no começo, mas é necessário aos empreendedores se prepararem para esse cenário. “É preciso considerar que várias barreiras de conectividade cairão e entender como funciona essa nova conexão, como ela se torna acessível e quais novas possibilidades estarão ao nosso alcance. Se um empreendedor trabalha com determinadas limitações de conexão hoje, ele pode se preparar para um futuro sem elas. Muitos projetos poderão sair da gaveta”, avisa Branco.

Preparado para esse futuro?

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