Porque as AgTechs podem revolucionar nosso futuro

Wayra Brasil
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5 min readSep 17, 2018

A agricultura representa quase 10% do PIB global, movimentando US$ 7,8 trilhões por ano e empregando aproximadamente 40% da população. É o que indica o fundo AgFunder, um dos vários interessados em investir nas chamadas AgTechs, empresas desenvolvem soluções tecnológicas para o setor.

Photo by Jake Gard on Unsplash

O setor que alimenta o mundo todo tem uma série de grandes desafios pela frente: o crescimento populacional, que deve chegar a 9 bilhões de seres humanos em 2050; as mudanças climáticas e o aquecimento global; desperdício de alimentos (estima-se que 1/3 de toda comida produzida seja desperdiçada); demandas sanitárias; recursos naturais cada vez mais escassos; entre outros.

É nesse cenário que as AgTechs surgem para resolver os mais diversos problemas, com diferentes soluções. Podem ser empresas de biotecnologia atuando na genética e microbiomas; no gerenciamento de fazendas e utilizando Internet das Coisas (IoT); na mecanização do campo; no setor de bioenergia e biomateriais; propondo novas formas de cultivo, como as fazendas verticais; atuando no setor logístico; em marketplaces; na produção de novos alimentos, como as tentativas de carne sintética feita em impressoras 3D; atuando diretamente em restaurantes e mercados; ou oferecendo ingredientes para melhorar a alimentação no dia a dia. Como se vê, as oportunidades são diversas e a necessidade existe.

A junção entre alimentos e tecnologia ganhou especial notoriedade em 2017, com a Amazon comprando a rede de supermercados Whole Foods por US$ 13,7 bilhões e empresas como a Miss Fresh, que se propõe a entregar produtos direto do campo, levantando US$ 500 milhões.

Investimento que só cresce

Segundo a AgFunder, em 2017 foram investidos US$ 10,1 bilhões em AgTechs. O valor representa crescimento de 29% em relação ao ano anterior. Ao todo, foram 994 negociações e 1.487 investidores.

As áreas que mais chamaram atenção foram, disparadas, as de supermercado e marketplaces de restaurantes, com startups que se propõem a vender produtos orgânicos, direto do campo para o consumidor. Veja no gráfico abaixo como se dividiram os investimentos no ano anterior:

O desafio da alimentação nas AgTechs

Artigo no TechCrunch mostra como a tecnologia tem não só a oportunidade, mas a necessidade de trazer mais inovações para o campo.

Em diferentes países, a escassez de recursos e dificuldades em lidar com obstáculos naturais como pragas que se tornam mais resistentes a herbicidas, estão tornando a produção agropecuária mais cara. Sem inovação, há o risco de os valores continuarem a subir até se tornarem insustentáveis. Para isso, surgem startups que conseguem automatizar trabalhos de lavoura, coletam dados para gerenciar melhor as plantações ou ainda reduzem o impacto de agrotóxicos.

Empresas, como a Blue River, oferecem soluções. A startup utiliza inteligência artificial para identificar cada planta individualmente e sugerir a aplicação de agrotóxicos apenas onde é estritamente necessário, reduzindo assim a resistência das pestes.

Outro desafio das AgTechs é a redução da previsibilidade. Com as mudanças climáticas, é cada vez mais difícil para um fazendeiro se preparar para adversidades climáticas com certeza. Empresas que conseguirem utilizar machine learning para recuperar previsibilidade ou ajudarem a tomar medidas contra a perca de alimentos mesmo em situações drásticas, terão um grande mercado pela frente.

Com isso, empresas que fazem a gestão mais inteligente da fazenda são mais valorizadas. É o caso da brasileira BovControl, uma das investidas pela Wayra Brasil, que utiliza Internet das Coisas (IoT) para acompanhar rebanhos. A empresa foi eleita como uma das mais inovadoras do mundo pela revista FastCompany.

Por fim, um outro desafio que as AgTechs enfrentam hoje: mudanças nas demandas. Enquanto o alimento se torna mais escasso, as pessoas procuram por mais alimentos orgânicos ou cultivados com consciência ambiental. O crescimento da procura por alimentos orgânicos subiu 11,3% em 2014, por exemplo.

Nesse sentido, empresas precisam encontrar formas sustentáveis de plantar mais, entregar mais porém sem comprometer os alimentos com opções de larga escala, como pesticidas. É aqui que entram as fazendas verticais ou ainda startups como a Impossible Foods, que tenta criar, a partir de vegetais, um alimento com sabor e consistência igual ao da carne.

O Brasil olha para as AgTechs

Crescendo até 13% em um ano, a agropecuária é uma das atividades que carrega a recuperação do PIB do Brasil. Conhecido como grande exportador agropecuário, é natural que o Brasil tenha bastante espaço para as AgTechs.

Além da já citada BovControl, o país conta com outras startups promissoras na área, como Aegro (software de gestão agrícola), Agrosmart (monitoramento de lavoura), Agronow (previsões no campo), entre outras. Universidades como a Esalq, da Usp, promovem encontros de agtechs e ainda coordenam a AgTech Garage, que tenta organizar o ecossistema brasileiro.

A AgTech Garage, inclusive, promoveu um censo sobre as agtechs brasileiras. É uma pesquisa com 75 startups, que indica, por exemplo, que 21% dos fundadores decidiram criar a empresa na universidade. A pesquisa indica ainda que a maioria destas empresas são de São Paulo:

Ela indica ainda que, no Brasil, os principais desafios das agtechs são conseguir capital inicial (66%), conquistar os primeiros clientes (49%) e, consequentemente, não conseguir se dedicar ao negócio em tempo integral (48%).

A Wayra também olha para as AgTechs

E se investimento é uma dor de muitas AgTechs brasileiras, a Vivo, Raízen e Ericsson, por meio da Wayra e do Pulse e em parceria com a EsalqTec, estão ajudando a mudar o cenário. Através da chamada aberta para startups participarem do Agro IoT Lab 2018 — programa de desenvolvimento de aplicações para o campo com foco em Internet das Coisas (IoT).

O processo é voltado às startups que tenham interesse em desenvolver e acelerar projetos para o agronegócio, com foco em soluções e produtos tecnológicos como IoT, energia, hardware, Inteligência Artificial, Machine Learning, SaaS, Big Data, Cloud Computing, E2E (end to end), entre outros. As inscrições devem ser feitas no site www.pulsehub.com.br, até o dia 14 de outubro.

Com isso, a Wayra reforça seu posicionamento no fomento à inovação no mercado, levando Internet das Coisas (IoT) às áreas rurais e ajudando na inovação do campo através de serviços com aplicação de novas tecnologias de Big Data.

Se você empreende nessa área ou conhece uma empresa que o faça, saiba mais sobre a chamada e inscreva-se no site www.pulsehub.com.br, até o dia 14 de outubro de 2018.

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